domingo, 13 de maio de 2007

Pigmeus se levantam

Eis uma notícia interessante. Os Pigmeus de diversos países da África Central se reúnem para discutir seus problemas. Quando estive na London School of Economics debatendo a questão indígena brasileira, em janeiro de 2006, um professor de antropologia que estuda os Pigmeus do Congo e estava ajudando essa causa, perguntou-me quais as condições para mudar a atitude de um país em relação a minorias étnicas. Disse-lhe que havia pelo menos duas, cada uma influenciando a outra. Uma que houvesse uma mudança na legislação para dar suporte para as mudanças reais. Outra que o nacionais desse país começassem a acreditar na importância dessas minorias. Sem um apoio real da população majoritária nada é possível, nenhuma legislação, nenhuma boa fé. Eis porque e como o Brasil estava fazendo a demarcação das terras indígenas e como os índios eram respeitados. Da Inglaterra eles vêem a diferença.

Eis a matéria repercutida pela BBC de Londres

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Reunião de pigmeus debate problemas de povos das florestas

John James
da República do Congo

O único caminho para o povoado que sediou o encontro é o rio
O primeiro Fórum Internacional para Povos Indígenas da região do Congo aconteceu em Impfondo, um povoado isolado do resto da República do Congo, na África, e reuniu representantes de diversos povos que vivem há séculos nas florestas da região – muitos deles mais conhecidos como pigmeus.
Em pauta, principalmente a discriminação que une pigmeus – apelido adotado por algumas das comunidades, mas tomado como ofensa por outras – e outros povos das florestas africanas.

Um representante indígena dos Camarões afirma que os povos da florestas da África Central são "o Terceiro Mundo do Terceiro Mundo", já que o estilo de vida nômade das tribos dificulta o acesso aos serviços de educação e de saúde.

Para muitos pigmeus, é difícil ter acesso a certidões de nascimento, escolas, eleições ou qualquer participação mais ativa na sociedade.

Para piorar a situação, muitos enfrentam dificuldades de se manter nas florestas tradicionais, sob pressão de madeireiros e agricultores.

Trabalho semi-escravo

Outra reclamação comum diz respeito às relações de trabalho semi-escravo em algumas fazendas, administradas por pessoas que consideram os indígenas "subhumanos".

Embora a conferência tenha acontecido em um povoado em uma clareira da densa floresta tropical congolesa, foi apresentado até um projeto de usar tecnologias de posicionamento por satélite para mapear e proteger as áreas sagradas e de caça dos povos indígenas.

O único caminho para o povoado de Impfondo é o rio Oubangui, um tributário do Rio Congo, pouco abaixo da Linha do Equador.

A eletricidade da cidade é produzida por um gerador que funciona intermitentemente, quando há óleo para abastecê-lo.

Entre os participantes do encontro, Ilundu Bulanbo Stephane, um pigmeu twa da região leste da República Democrática do Congo, chama atenção por vestir um elegante terno cinza e gravata listrada.

Ao ser fotografado, ele brinca, em francês impecável, "as pessoas não esperam ver pigmeus vestidos como ministros de Estado".

Embora admita que muitos povos indígenas ainda precisam se adaptar ao século 21, ele destaca que os pigmeus também têm muito a ensinar.

"Somos um povo pacífico, igualitário e que vive em paz com os outros. Esses são valores que pedimos que outros copiem."

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito obrigado por postar essa informação, foi-me muito útil embora não ter muita coisa.

 
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