Mais um drama de índios contra administradores da Funai. Desta vez é em Bauru. Em 2004 esse mesmo grupo de índios, que não representa maioria, nem número substantivo dos índios jurisdicionados por Bauru, que compreende índios Guarani da capital e do interior de São Paulo e dos litorais do Rio de Janeiro e São Paulo, e índios Kaingang e Terena do interior de São Paulo, não parou enquanto o administrador Amauri Veras desistisse de permanecer no cargo. Seu substituto luta para ficar, tem feito um trabalho razoável, dentro do que é possível, mas é contestado dia e noite.
Provavelmente desistirá, ou o presidente da Funai o substituirá por um dos índios que protestam. Pode dar certo, como pode não dar certo. Mas o desgaste para os índios de Bauru chegará.
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Índios buscam apoio político para troca de comando da Funai
Davi Venturino
Avaí - Caciques das aldeias da região de Avaí enviaram ontem à presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, um manifesto assinado pelas lideranças indígenas solicitando o afastamento do administrador do órgão em Bauru, Newton Machado Bueno. Eles alegam descontentamento com a sua atuação frente à regional da Funai em Bauru e pedem participação no processo de escolha de um novo nome para o cargo.
O abaixo-assinado conta com o apoio de várias lideranças indígenas de aldeias do Estado de São Paulo e também do Rio de Janeiro. No final do ano passado, os indígenas já haviam registrado o descontentamento com a atuação do administrador em um documento enviado à presidência da Funai, em Brasília informando "a falta de interesse por parte do administrador regional de Bauru, que não foi indicado, nem mesmo aprovado, pelas comunidades da Base de Bauru".
"Durante o encontro regional na cidade de São Vicente, disseram que eles iriam fazer a reunião com as lideranças para escolher quem iria assumir a administração, mas não fizeram nada disso. Colocaram o Newton e ele permaneceu até hoje", diz o cacique Anildo Awá Rokajú, da aldeia Tereguá.
Indígenas da região, entre eles Rokajú, o vereador Paulino Terena, o cacique Antônio Lulu, da aldeia Kopenoti, e o assessor indígena Benedito Maria, da aldeia Ekeruá, alegam que desde o ano 2005, quando Amauri Vieira foi exonerado do cargo de administrador regional da Funai em Bauru, as lideranças e comunidades indígenas vêm travando uma "luta" com a regional do órgão em Bauru para conseguir ser ouvidos e ter participação no processo de escolha do administrador.
Procurado pela reportagem do JC, o administrador da Funai, Newton Machado Bueno, rebate as críticas e diz que sua indicação ao cargo foi aprovada pelos líderes indígenas durante o Encontro Regional de Lideranças Indígenas, realizado há cerca de dois anos, no município de São Vicente, em São Paulo. De acordo com Bueno, a Funai tem feito o que pode com os recursos destinados ao órgão.
"Temos um programa que estamos lutando na Funai, e eles têm conhecimento disso, que é para recuperação ambiental. Conseguimos também um trator semi-novo para a aldeia Tereguá para eles produzirem. Nós fornecemos todo ano sementes e óleo diesel para a comunidade (índigena). Os recursos que nós recebemos são insuficientes, mas nós damos. Arrumamos também um caminhão para escoar a safra da aldeia para o Ceasa", diz Bueno, admitindo que a estrutura da Funai está muito aquém das necessidades dos índios.
O administrador concorda que os indígenas reivindiquem o cargo, mas acha injustas as críticas quanto à sua administração. "Isso já aconteceu com outros administradores anteriores e não está sendo diferente comigo, porque o que eles querem é o poder. Eles querem assumir a administração. Eu até acho que é um direito deles reivindicar isso, porém que seja feito de forma clara e transparente e não acusando a gente de não fazer nada", conclui.
Segundo o cacique Rokajú, caso o pedido de afastamento do atual administrador da Funai não seja atendido, os indígenas farão um protesto em frente à sede da regional do órgão em Bauru. "Se o presidente não acatar a nossa reivindicação, vamos usar a prática antiga. Vamos pintar a cara e vamos fazer protesto na Funai. Nós não queremos fazer isso, por isso estamos indo por um caminho democrático", ameaça Rokajú.
O cacique lembra que os índios já possuem um nome para ser indicado ao cargo. "Nós queremos a saída dele e em seguida entramos com o nome do nosso candidato indígena. Estamos procurando parceiros e políticos. Estamos fazendo tudo sem atrapalhar o andamento da Funai. Nós queremos um administrador que venha deixar a população contente", finaliza o cacique, sem revelar o nome do possível indicado.
quinta-feira, 24 de maio de 2007
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