A passagem de um governo a outro, mesmo que ambos sejam do mesmo partido e com a mesma orientação política, sempre ocasiona expectativas de mudanças. Isto certamente está se dando na questão indígena brasileira, especialmente quanto à direção e a orientação política da Funai, mas também em relação a outros órgãos e instituições que tratam de algum modo do assunto indígena.
Muito das expectativas de mudanças não tem qualquer caráter ideológico, ao contrário, se deve a interesses pessoais, de manutenção de cargos ou, ao revés, de obtenção de cargos. Os que lá estão aboletados não querem sair porque suas vidas dependem das vantagens financeiras que os cargos propiciam.
Entretanto, na questão indígena brasileira pode-se constatar que, para além dos interesses pessoais, está em curso uma grande batalha de posicionamentos ideológicos, de visões de mundo sobre os povos indígenas no Brasil e suas condições de vida e continuidade histórico-cultural.
São três as principais visões ideológicas que norteiam a questão indígena brasileira, que criam modos de pensar e agir sobre os povos indígenas, do ponto de vista daquelas pessoas e agentes que não são indígenas.
A primeira grande visão é o que chamamos de indigenismo rondoniano. Ela advém da implantação da primeira política indígena de caráter republicano por parte do Estado brasileiro. Essa política foi pensada e estabelecida pelo Marechal Cândido Rondon e diversos de seus discípulos e auxiliares, a partir da inspiração do programa positivista brasileiro. Em outra parte desse Blog há um artigo sobre o que é o indigenismo rondoniano em toda sua complexidade e histórico. Ele contém as seguintes proposições, algumas das quais já se tornaram básicas e inerentes ao próprio Estado brasileiro:
a. Os índios são os habitantes originários do Brasil, com culturas próprias, e por isso merecem um tratamento diferenciado por parte do Estado republicano. Isto deve estar inscrito na Constituição Federal do país e como lei específica.
b. O Estado brasileiro deve ter um órgão de proteção e assistência aos povos indígenas que se responsabiliza pela relação de intermediação entre eles e o resto da Nação.
c. Cabe ao Estado defender e proteger os povos indígenas da sanha reconhecidamente expansionista e deletéria da sociedade brasileira.
d. Isto significa proteger os territórios indígenas, através da sua demarcação, mantendo sua incolumidade e o usufruto exclusivo de suas riquezas naturais; e assistir as populações indígenas para que elas se fortaleçam e criem, no correr do tempo, mecanismos de auto-proteção e auto-sustentação para enfrentar, por conta própria, as dificuldades inerentes ao processo expansionista brasileiro que os atingem.
e. O propósito final da política indigenista oficial é integrar os povos indígenas à Nação brasileira, sem que eles percam sua identidade e características culturais.
A segunda visão ideológica do indigenismo brasileiro é a que podemos chamar de indigenismo cristão, o qual, mais tarde, pela influência da moderna evangelização cristã, adquire o adjetivo derivado do Conselho Indigenista Missionário, o CIMI, daí, cimista. Ela advém originalmente da Igreja Católica e de seu papel na formação do Brasil. Os índios são aqui considerados seres incompletos, por não professarem a religião cristão, na vertente católica, mas poderão vir a ser completos se forem cristianizados. Com tal visão, a Igreja Católica, através das ordens religiosas, especialmente a jesuítica, fez um esforço imenso de catequização ao longo de 400 e tantos anos visando reparar essa mal-considerada incompletude. Tendo conseguido êxito de conversão e desestruturação religiosa com diversos povos indígenas, o indigenismo cristão contribuiu decisivamente para não tanto a integração desses povos à nação, mas sua desintegração cultural e consequente assimilação como contingentes populacionais mestiçados com populações brancas e negras. Aqueles povos que, mesmo doutrinados no catolicismo popular, conseguiram sobreviver e manter uma coesão interna, lutam para redefinir sua condição religiosa, buscando sacralizar rituais tradicionais e ritos assimilados de outros povos.
Modernamente, o indigenismo cristão-cimista ganhou uma forte coloração política advinda da Teologia da Libertação. Por essa teologia, pela aplicação dessa visão cristã do mundo, os índios são equiparados aos oprimidos da Terra, cuja salvação depende não só de Deus, como também da consciência política de sua situação de oprimido. O indigenismo cristão-cimista pretende postergar as atividades doutrinárias para um período em que os povos indígenas tenham uma situação política equilibrada. Isto significa, em termos das condições propostas pelo indigenismo rondoniano, ter suas terras demarcadas, uma boa situação de saúde e outras condições de estabilidade cultural e política. O papel do missionário do CIMI, portanto, é de despertar os índios para as condições de sua opressão, e movê-los à luta para que eles obtenham as condições sociais requeridas. Entretanto, nesse ínterim, por ser movido pela pressão da Igreja Católica tradicional, e pela competição religiosa com as igrejas evangélicas, os missionários cimistas não podem deixar de procurar incutir preceitos e ensinamentos cristãos aos índios, mesmo aqueles de recém-contato, como os Guajá e os Mynky, pois que, na visão da Teologia da Libertação, o sentimento cristão constitui também condição para sua libertação da opressão política e da inferioridade religiosa. Daí porque o indigenismo cristão-cimista se imbui de uma visão messiânica do mundo e tenta incutir essa visão naqueles povos indígenas com os quais seus missionários obtiveram um relacionamento mais presente e mais duradouro. O caso mais evidente dessa visão messiânica se projeto sobre os povos Guarani, especialmente do Mato Grosso do Sul, interpretados como os mais oprimidos e como aqueles que têm uma relação religiosa, semi-cristã, que favoreceria uma futura doutrinação (em lembrança aos tempos dos jesuítas).
Na relação com o Estado brasileiro, o indigenismo cristão-cimista segue uma velha orientação da Igreja Católica e afirma uma oposição arraigada e agressiva aos seus preceitos, à sua modernidade, à sua laicidade, à sua indefectível inserção no mundo contemporâneo, especialmente no mundo globalizado. Daí sua visão de que os povos indígenas só teriam futuro se voltassem às condições históricas pré-modernas, ou ao menos a um posicionamento de rejeição às condições atuais do desenvolvimento econômico-cultural do Brasil. Com isso, os povos indígenas ficam numa situação de indecisão: se devem lutar por sua inserção no mundo moderno, mantendo suas condições político-culturais, como propõe o indigenismo rondoniano, ou se voltam a uma situação pregressa, de cunho religioso, difícil de ser realizada, mas fundamental para o indigenismo cristão-cimista. O propósito básico do indigenismo cristão-cimista é tornar os índios cristãos, mantendo suas culturas, uma ululante contradição em termos.
A terceira visão sobre a questão indígena é aquela que já chamamos em outras ocasiões de indigenismo neoliberal, própria das ONGs e de grupos sociais que revolvem duplamente em torno do Estado e dos movimentos ambientalistas estrangeiros. A palavra neoliberal parece ofensiva aos praticantes desse indigenismo, visto que muitos deles pertencem a partidos que professam uma visão estatizante da economia ou socialista do mundo moderno. Entretanto, a palavra neoliberal os qualifica adequadamente ao levarmos em conta dois aspectos inerentes a esse termo:
1. O indigenismo neoliberal professa claramente uma atitude anti-estatal. Isto é, a visão neoliberal considera que o Estado (vide Funai) tem sido deletério para os povos indígenas historicamente, porém não a sociedade civil (sic), e que é incapaz de exercer plenamente o indigenismo rondoniano, o qual é por isso mesmo considerado ultrapassado. Em consequência, o indigenismo neoliberal se arvora um lugar de destaque no indigenismo, não como complemento ao Estado, mas como ator e agente indutor de visões e ideologias modernas. Entre essas visões, estão: (a) o discurso de que os povos indígenas não devem se integrar à Nação brasileira; (b) a mediação administrativa e financeira nas negociações internacionais das terras indígenas visando obter recursos via compensação de carbono; (c) e que a aplicação de política sobre os grupos indígenas chamados isolados deve partir da iniciativa de ONGs em acordo com a Funai e com recursos de órgãos internacionais, tais como o mal visto USAID;
2. A visão neoliberal implica, portanto, uma visão comercial dos povos indígenas, a partir dos quais as ONGs sobrevivem como empresas camufladas e podem obter recursos de fontes diversas, desde organizações cristãs da Europa até empresas doadoras, países com políticas internacionais ou ambientalistas, e até o próprio governo americano, via USAID e ONGs americanas.
O indigenismo neoliberal tem sobrevivido e crescido nos últimos anos graças à condição de ter um pé dentro do governo e outro pé no movimento ambientalista internacional. Com um pé obtem recursos, com o outro condições e legitimidade da comunidade ambientalista e até antropológica para realizar o que pretende. O objetivo principal do indigenismo neoliberal é ... difícil de dizer. Segundo o discurso atual é "inserir" o índio nas políticas públicas.
------------------------
Diante dessas três visões onde poderá situar-se o governo Dilma? Eis o seu dilema. Entretanto, mirando nos resultados dos dois mandatos do presidente Lula, talvez o novo governo possa fazer uma opção mais qualificada, diante dos novos desafios que terá pela frente. Eis esses resultados resumidos da seguinte forma:
No primeiro mandato do governo Lula, o indigenismo rondoniano prevaleceu, com realizações na área de demarcação de terras indígenas (67 homologações), na ampliação da participação indígena na administração da Funai, e na realização da maior Conferência Indígena já feita no Brasil. Entretanto, a direção da Funai teve seu maior desafio nas críticas e na movimentação contrária ao indigenismo rondoniano por parte das visões e instituições cimistas e neoliberais.
O segundo mandato do presidente Lula foi dominado por uma estranha mescla de indigenismo cimista e neoliberal, com membros dessas instituições lutando para obter melhores posições e concessões do Estado. Apesar do apoio explícito do presidente Lula, prevaleceu uma política de ambiguidade das visões cimista e neoliberal, cujos resultados foram quase todos negativos: a expressiva diminuição da homologação de terras indígenas (apenas 16 em 4 anos, a menor desde a ditadura militar), a alienação da presença de lideranças indígenas tradicionais, ou de raiz, nas políticas indígenas, a displicência na obrigação de fazer consultas informativas e livres com os povos indígenas em razão de projetos econômicos que os impactassem, e uma inacreditável desestruturação da Funai através do Decreto 7506/09. Por tratar o órgão e a questão indígena com leviandade histórica, outro resultado negativo foi a disposição do STF de produzir a mais negativa decisão sobre demarcação de terras indígenas desde o ministério Cordeiro de Faria, e ter levantado a mais forte e disseminada oposição a novas demarcações por parte dos fazendeiros do país. O resultado final é uma anomia completa na política indigenista atual, com insatisfações pululando por todos rincões onde há povos indígenas.
Enfim, como já dizia Machado de Assis, ao vencedor, as batatas!
Entretanto, a história continua e os índios estão vivos!
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
29 comentários:
Agradeço muitíssimo esse seu post. Ajudou-me a entender e, sobretudo, entender o que eu mesmo penso sobre esse assunto no qual não sou especialista mas considerando minha cultura e formação intelectual, alimentava minhas desconfianças... Entre o positivismo,o cristianismo e o neo-liberalismo, ainda prefiro o positivismo mesmo não sendo positivista. Valeu!
Marcos Dantas, prof. ECO/UFRJ
Marcos, obrigado por suas observações. Também não sou positivista, mas acho que a contribuição de Rondon foi grande por causa das ideias originais do positivismo sobre os índios. Entre elas, a de que os índios constituem nações autônomas. abraço, Mércio
Democracia na construção de propostas para o indigenismo do século XXI
Interessante seria a proposta de diálogo principalmente entre os servidores e atual gestão da Funai. Debates mesmo, sendo possível até esclarecer os motivos de descontentamento da grande maioria.
Infelizmente ocorre que, na prática, a atual gestão impõe monólogos e ainda tem a pachorra de chamar de reuniões, debates, etc, onde só é possível falar aquilo que a presidência quer ouvir, ou seja, nada de crítica, sob pena de perseguição mesmo (exemplos não faltam, inclusive o motivo de ser anônimo aqui). Na capacitação (acolhimento, “encantamento”, seja lá o nome daqueles encontros unilaterais), os servidores eram obrigados a ouvir e, caso manifestação, teriam que expor o nome completo, número de matrícula, etc. Uma verdadeira “Lei da Mordaça” e num governo que esperávamos ser democrático !!!!
Estamos numa situação na Funai que não se discute indigenismo, o que se ouve nos corredores é : quem perdeu o DAS, quem vai ganhar, etc....Nesse aspecto, eu sugiro que tirem todos os DAS dos servidores do quadro e realmente conheçam quem é quem !!!
A gestão Meira (que provavelmente ficará nos próximos 4 anos) deveria entender porque as pessoas se manifestam aqui nesse blog.
É justamente porque a Fundação não permite ouvir críticas construtivas e pune, persegue os servidores que querem espaço para trabalhar mesmo.
Vamos institucionalizar as discussões e grandes transformações (de fato) ocorrerão. Parar com as subserviências através dos DAS (essa moeda de troca é o veneno da gestão pública) e criar mecanismos que possam gratificar aqueles engajados na missão institucional.
Atenciosamente,
Anônimo (que um dia espera se identificar sem passar pelo que passa hoje na Funai).
De observador desde fora do Brasil: Perfeita sua analise! Os problemas etnicas no Brasil sao oportunidades para os adversarios da "independencia" (economica e geopolitica e cultural) do Brasil. Os adversarios de fora, se aproveitam do tema "indigena" - no Brasil e America Latina com o fim de desestabilicar a unidade nacional e paralisar os projeitos de infraestructura nacional com o fim de inibir a independencia ECONOMICA e financeira. jan z. volens
Anônimo do dia 06 às 20:39:
vc tem razao. ter que escrever aqui como anônimos é um sintoma de que alguma coisa nao vai bem ali em termos de comunicação. isto tem que ser transformado e rápido. No mais só tenho a comemorar! Amanhã vai ser outro dia!E falou tá falado nao tem discussao. E eu canto! Supimpa! O Márcio irá continuar.......isto é para se comemorar! Viva Marcio Meira e a reestruturação FORTE da FUNAI.
Uma boa análise, com um certo tom de derrotado. Infelizmente estamos distantes de reflexões menos 'engajadas'. Por sinal, a reflexão sobre o indigenismo anda quieta... Uma mau sinal...
Professor
Muto bom esse comparativo e real, são duas coisas que eu nao entendi: ""Principal Objetivo do indigenismo neoliberal é ... difícil de dizer. Segundo o discurso atual é "inserir" o índio nas políticas públicas..."" isso é só discurso, noeliberal é o afastamento do Estado de algumas atividades que podem ser assumidas por terceiros e, entre elas não esta a demarcação de Terras Indigenas, NUNCA NESSE BRASIL UMA ONG DEMARCOU TERRA INDIGENA, os estudos são feitos pela FUNAI.
Mas eu fico triste com tantos apelos das tres linhas se degladeandos, indios morrem bebados e falam que é por falta de terra.. Olha, conheço muitas regiões no Brasil e falta de terra nao é condição pra se ter violencias em aldeias e consumo de alcool e outros tipos de drogas. Éssa questão foi solicitada em 2007, uma Coordenação Expecifica para se tratar do Assunto e, foi pedido nao uma coordenação na FUNAI politica, de articulaçaom foi solicitada uma Coordenação para se tratar de ações nas aldeias que enfrentase o alcool e outras drogas mas, nao foi criada na reestruturação. Problema de saude publica? Uai, e porque então nao ha atuação de ninguem nessa área e, tem uma FUNASA e daqui uns dias a SECRETARIA, vamos esperar os indios continuarem a se matar e matar?
cade o CIMI, ISA, COIAB, CTI, (ONGs são para atarem onde o ESTADO não atende e, o consumo de bebida alccolica nao é problema de saude publica, violencia nas aldeas nao é problema de saude publica mesmo sendo uma das consequencuias do consumo de bebidas alcoolicas e outras drogas. Agora a doença causada pela ingestão prolongada, rotineira, frequente, de alcool e outras drogas é problema de saude publica: Alcoolismo - conumo de alcool; dependencia de outras drogas (adictos)é problema de Saude Publica.
Então, ha um outro seguimento do indigenimo, aquele que queria (para desenvolver ferramentas tem de ir para as aldeias e, a atual extrutura da FUNAI nao permite, o indio tem de ir à FUNAI e nao a FUNAI ir ao INDIO - NAO É EM TODAS AS PARTES DO BRASIL QUE ISSO ACONTECE) desenvolver ferramentas á comundade para o enfrentamento de seus problemas - o indigenismo social -, enquanto outros se degladeiam
o que importa é que continuaremos no poder e poderemos efetuar mudanças.
O indigenismo no Brasil padece por dois motivos: um é o ÉTNCO e o outro é o ÉTICO.
O CIMI que mobiliza os índios para cobrarem inserção social ao Governo, não os acolhe diretamente no seu quadro remunerado, demonstrando nítida e insolúvel prática de diferenciação e hierarquia.
Todas as vezes que o Governo redimensiona e/ou redireciona o órgão indigenista oficial, os indigenistas são discriminados e perseguidos pelos novos colegas, que passam a justificar suas ineficácias, apontando os erros dos antecessores.
Foi assim na transição do SPI para a FUNAI, na transição para as Superintendências e agora mais uma vez nesta reestruturação.
E o Mércio, de que lado está?
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/01/343784.shtml
A construção destes modelos típicos ideais está muito frágil. Sabe-se que tipos ideais nao existem na realidade, mas estes estão estratosféricos. Talvez seja por falta de convivência com os reais atores envolvidos na questão. Nesta configuração weberiana talvez fosse necessário algo dos ensinamentos durkheimianos. (EHEHEHEHHEHE sucesso para a reestruturação que tem colocado - pediria maior radicalidade- os "pouco ortodoxos" em seus lugares!)
Realmente, Mércio Gomes pode não ter contribuído, mas não destruiu a instituição como o atual Presidente Marcio e sua equipe de nepotistas (Chefe de Gabinete, CGRL, DPT e DPDS), continua mamando nas tetas da FUNAI com toda a imponecia de competencia. Conforme os comentarios levianos do anonimo do dia 7 de janeiro de 2011 as 01:04, comemore bastante mas sua batata esta sendo assada e um dia sua hora chegara.
Quem rir por ultimo rir melhor.
Leitores,
De acordo com as apresentações sobre a reestruturação o que se fala é em aproximar os índios da FUNAI, porém a realidade é totalmente equivocada. Antes a FUNAI tentava manter o máximo os índios nas aldeia, evitando expo-los as mudanças radicais em seus costumes e culta, a idéia é e sempre foi o da preservação, fazendo a inclusão paulatinamente. Essa reestruturação, aliás não e nunca fui contra a ela, a FUNAI precisava mesmo, mais esta apresentada fica longe da necessária e muito aquém da realidade dos municípios onde se tem etnias indígenas. Ao invés de aproximar, deixou os índios distanciado em demasia da FUNAI. O certo seria a FUNAI chegar aos índios e não o contrário. E que aconteceu com o Decreto foi várias distorções efetuadas por pessoas que não conhece a realidade nas regiões. O que serve pra uma não necessariamente é boa pra outra. É só olhar o Mapa do Brasil ver as Unidades da FUNAI antes e verificar o depois. Poderia ter sido criados outros postos. As Administrações que não houvesse sentido poderia dividi-las em Postos. Sei que tem regiões que existia 3 regionais. E assim atenderia em melhores condições e com qualidade os índios nossa clientela. O benefício aos índios como um todo deveria ser primordial, o que não ocorreu. Alguns foram beneficiados em detrimentos de outros. Vale salientar que ainda tem CTL´s subordinada a 2 COORDENAÇÕES REGIONAIS. E é isso que afirmam ser excelente. Muitas das distorções foram apresentadas e enviadas sugestões, porém foram totalmente ignoradas pelos idealizadores. Nos encontros nas Administrações extintas os servidores fizeram questionamentos e foram ouvidos com desdém e sobre ameaças veladas quando se anotava nome, matrícula etc. Se fosse apenas um registro de ata tudo bem, o nome e lotação já bastariam, não? Quantos servidores foram impedidos de entrar na FUNAI sede por se empenhar em mostrar onde estava o erro. Nós estávamos sempre errados e eles sempre o certo. Se a FUNAI encontra-se em coma, não foi por falta de sugestões e apresentações das inviabilidades oferecidas por servidores e pelos próprios índios. Dizer que houve diálogo com índios, pode até ser, com meia dúzia que sempre viajam e os índios que nunca saíram de suas terras e nem por isso não são lideranças e que nunca foram consultadas? Se o Decreto foi tão bom, porque fazê-los às escondidas? E porque a publicação foi exatamente no fim ano, na calada da noite, pegando á todos de surpresa? Será que os movimentos dos índios em Brasília não foram suficientes para demonstrar a insatisfação de muitos guerreiros? Algo se mostra errado. Então não são apenas funcionários insatisfeitos que está insatisfeito. Fica difícil se mostrar algo de bom quando lemos um comentário tal qual o anônimo postou no dia 7 de janeiro de 2011 09:04 “o que importa é que continuaremos no poder e poderemos efetuar mudanças.” Não demonstra consideração pelo bem estar dos índios e sim com o poder. Isso é pequeno e mesquinho demais para ser levado com algo responsável e equipe saudável ou ética. Dá pra confiar em algo dessa natureza? Boa noite.
Vim aqui por uma tuitada do Marcos Dantas e que ótima descoberta! Também defendo essa visão rondonista-positivista. Mas não sei o que sou, ao contrário da maioria. Um engraçado teste que fiz me classificou de "esquerdopata libertina". Fui comunista por 15 anos, voto no PT desde 89, sou ateia roxa. Quero ver os indígenas na nação brasileira, com terras demarcadas culturas respeitadas, vidas independentes, autossuficientes, com saúde, educação e autonomia! Se isso é positivismo, ótimo! Se é marxismo, perfeito! O que me interessa é que os indígenas sejam cidadãos. Voltarei sempre.
Oi Mércio,
Meu querido, tendo saudades da sua gestão, houve gastos, porém grandes resultados. Trabalhávamos bastante e com prazer. Ninguém viajar apenas pra fazer presença ou número. Houve demarcações e muitas. Se fizermos um balanço da sua gestão e o saldo positivo, ninguém abriria a boca pra dizer asneira. Tenho grande carinho e respeito pelo homem e como gestor que foi Mércio Gomes na FUNAI. Você fazia, porém sempre ouvia mais do que falava e sempre fazia as intervenções na hora certa. Um grande Administrador ouve e não impõe. Liderança é algo natural e você o tinha. Sua matéria era tudo o que precisámos para melhorar o conhecimento de alguns, foi bastante claro. Muitos leigos agora têm condições de fazer comparativos e análise, sem medo de errar. Deixando claro que, nunca tive DAS em nenhuma das gestões, nem por isso, deixei de trabalhar ou batalhar em prol dos índios, ao contrário, tenho orgulho do pouco plantado e dos grandes resultados, acima de tudo tenho orgulho do reconhecimento dos índios, afinal ele sempre foi e será nosso maior foco de todas as prioridades. Não tenho medo de dizer que trabalhei com muitos gestores e nunca faltei com o respeito para com nenhum deles, porém não podem impedir de demonstrar meu respeito e carinho por quem quer que seja e você, o tenho como amigo. Beijão e Parabéns
wal
Mari, prazer em conhecê-la, que bom que você seguiu o tweet do Marcos Dantas e leu essa postagem e gostou. Fico feliz. Wal, agradeço suas palavras generosas e sua dedicação permanente à causa indígena. Mércio
Mércio querido,
Excelente artigo, de fato são essas três visões que realmente permeiam e hoje se confrontam no atual cenário indigenista brasileiro. O indigenismo classificado como neoliberal ( ISA,CTI, COIAB,Greenpeace, WWF, TNC, CI dentre outras) é o que de fato prevalece e zomba do indigenismo rondoniano que sempre trabalhou com verdadeiro espírito republicano para que os índios de forma HARMONIOSA fossem integrados a comunhão nacional.
O espírito republicano do apostolado positivista, chegou a propor na primeira Constituição republicana brasileira (1891) que os Povos Indígenas estivessem organizados empiricamente em uma confederação com territórios previamente demarcados e soberanias sobre os mesmos.
Como a proposta não encontrou eco , o SPI surge em 1910, imprimindo novas relações com os Povos Indígenas, tendo como vetor propulsor um Marechal Humanista chamado Cândido Rondo, ato contínuo, segue o trabalhoso lindo e portentoso do ínclito Marechal em favor das Nações Indígenas brasileiras.
Ao meu humilde olhar, percebo escancaradamente uma única realidade, tanto o indigenismo neoliberal como católico-cimista tem por objetivo e meta fazer com que os Povos Indígenas sejam cada vez mais indolentes, anestesiados de sua própria realidade, desprovidos até mesmo de pensar, pois cabe o pensar a eles (neoliberal e católico-cimista), o que é bom para eles, deve ser bom para os índios. Resumindo, eles estão acima do bem e do mal.
O mais interessante, é notar que o atual quadro revelam coisas curiosas, por exemplo, as visões indigenistas que conflitam com a visão rondoniana, estão hoje incorporadas e efetivamente instaladas nas funções e prerrogativas do órgão indigenista oficial, são responsáveis diretamente pela execução da política indigenista brasileira, ad argumentandum tantum, a situação fica mais curiosa e cômica, quando eles ao construírem suas análises de conjuntura por fora, cinicamente escondem sua condição de governo e quando a estratégia dá errada eles colocam a culpa no governo, ou seja, colocam a culpa neles mesmos.
O indigenismo neoliberal e o católico-cimista segue a risca mais ou menos o que Antônio Gramsci afirmou na era da Revolução Cultural, o pensador italiano --- preso no regime fascista --- inconformado com os horrores e o genocídio do regime comunista na União Soviética e em outros lugares, deu ao mesmo uma versão mais refinada, mais branda, mas não menos perversa e ferina.
Encerro esse rápido pensamento com a frase do humanista Marechal Cândido Rondon:
“Nas leis da Sociologia, fundada por Augusto Comte, e por que a missão dos intelectuais é, sobretudo, o preparo das massas humanas :desfavorecidas, para que se elevem, para que se possam incorporar à Sociedade.”
Tem um anônimo que defende a gestão Marcio Meira com tanto vigorque Se não for ele mesmo, deve ser um puxa-saco remunerado.
Desculpe-me a responsável pela postagem anterior, mas não vejo “glória” nenhuma em ter votado no PT desde 1989 ou ter ajudado na fundação do partido como o meu caso. Ao contrário, hoje tenho vergonha de ter participado de um partido que é aliado do que existe de pior na política brasileira. De um partido que deixou os ideais e transformou-se numa máquina de disputa por cargo, por dinheiro, por qualquer coisa exceto aquilo pelo qual foi uma de nossas bandeiras: igualdade social. Antes de ocupar o poder tínhamos os movimentos sociais que estão corrompidos pelo que? Cargos, funções e dinheiro. Ainda não existe uma “esquerda da (suposta) esquerda”. O atual PT e indigenismo rondoniano são como água e óleo !!!!
Hoje é impossível ser petista (mensaleiro, aliado dos podres) e indigenista rondoniano !!
A propósito, para que os indígenas sejam cidadãos não pode existir imposição, não se outorga direitos, tampouco se determina como deve ser o seu modo de vida no que se refere à representatividade ou obrigações pseudo-constitucionais.
Questão de Ordem,
Quem tem razão nesta batalha, será o velho indigenismo que para muitos não fez nada na FUNAI ou pelos seus servidores ou o novo indigenismo a partir do Decreto 7506/09, que dizem ter feito muito pela FUNAI e pelos seus servidores.
Eu sei que no novo indigenimos muitos estão mamando nas tetas da FUNAI e pouco trabalho apresentado. Dizer que fez pelos servidores com abertura do concurso e conquistas salarial, e pura brincadeira, pois isto já estava para assentir.
O velho indigenismo pelos menos fez muito barulho para conquistas na FUNAI, entenda que conquistas na FUNAI são também conquistas para índios e servidores.
No velho indigenismo não havia perseguição tanto pessoal como política.
No novo indigenismo existe perseguição pessoal e política, principalmente a cardo de uns DAS que se diz o todo Poderoso, só por que tem um relacionamento amoroso na CASA. Ou melhor, uma Madrinha, caso não tivesse, nem para varrer a rua no Para serve.
Não estou para ofender e nem defender, mas que os índios se calaram isto é uma verdade. Faz tempo que não vejo índios defendendo sua identidade na FUNAI.
Portaria FUNAI Nº 5, de 07/01/2011 - Nomeia o servidor FRANCISCO SIMÕES PAES, para exercer o cargo em comissão de Coordenador Regional, código DAS 101.3, da Coordenação Regional do Sul da Bahia-BA. (p. 28)
Muito bom, agora teremos uma pessoa séria no Sul da Bahia. Os Tupinambá só vão ganhar com isso.
Coincidência ou não esse tal de Francisco Simões era (ou ainda é) do Instituto Iepé (ONG que recebe generosos repasses financeiros), foi contratado no processo simplificado da Funai (nível superior); participou da organização das “oficinas de reestruturação” e passou no concurso para nível médio região do Amapá e para superior para o Sul da Bahia.
O cara é muito gênio ou tem muita sorte !!!! Dizem que ajudou muito na comissão para a contratação da empresa que fez o concurso e elaboração das provas.
De qualquer forma uma pessoa tão próxima do “reizinho” deve muito mais que lealdade aos seus padrinhos !!!!!
se tem provas e coragem faz denuncia por escrito, não fique falando bobagem com insinuações caluniosas.
Quem postou o comentario dizendo que o Romulo noa é um cara serio, nao o conhece..
Como que um cara, tecnico agricola, com mais de 30 anos prestados a nação brasileira nao é um cara serio??? se nao fosse serio, nao deveria estar no serviço publico e, conheço muito bem o trajeto por onde ele passou.. podem crer que, um marco de concreto foi colocado...
agora um assumir e outro puxar o saco sem ver serviço feito.. complicado.. contar com o ovo sem ter a galinha..
mas as lideranças sao substituidas, são sim, senao nao haveria mudanças... mas presamos o trabalho de cada um, e, que o coordenador regioanl dara sequencia ao que estava sendo feito, dará, mas lá estará a mao do romulo, ninguem tira a sua marca.
Tudo a seu tempo. Claro que estamos juntando provas e, mais cedo ou mais tarde, esse grupo pagará por essas maracutaias (diretas e indiretas) com dinheiro público.
Agora, se identificar para que a equipe Meira persiga como tem feito durante os últimos anos?
Fique calmo, meu amigo, sua hora vai chegar.
Caro Mércio,
Depois de décadas de desestrutura, agora os excessos de uma pretensa "superestruturação"...veja o editorial de 2011 da página eletrônica do AMAZOÉ,mídia cultural da indigenista Rosa Cartagenes, em defesa das famílias dos indigenistas, que vivem um momento de "caça as bruxas" por conta dos legalismos burocráticos: http://www.amazoe.org.br/noticiasgerais1.html
voces não tem prova nenhuma, é tudo conversa fiada.
Puxa, Mercio, faltava um artigo como este. Como a gente diz aqui no Nordeste " botou pra arrombar".
Caro mércio gosto muito de ler seu blog e acho queé o unico espaço que temos para colocar nossas ideias, apresentar denuncias tudo em prol da preservação dos indios asuacultura e desenvolvimento.
neste momento vi o que estápassando os indios no brasil mas aqui no ocantins acoisa é pior a Ilha do Bananal - O está aberta a toda a depredação caçapesca, queimadas e muitasoutras coisas pela funai retirada a fiscalização da ilhao quefoi uma vitoria conquista a mais de 20 anos adesocupação damesma. hoje abertaao retorno do gada e meis de 200 retireiros que caçam, pescam e fazem outras coisas, os indios javaés vem se prostituindo, consumindo grande quantidade de bebida alcoolica e até droga e ninguem faz nada a saidados chefe deposto das areas foi um caos e ascoordenações tecnicas se existem não tem funcionariospois tem um ano que não aparece ninguem nas comunidades indigenas Javaé.
Os xerentes estão passando fome pois a funai não teve acompetencia de dar continuidade aos projetos executados atravésconvenio IVESCO usina lajeado ´e uma vergonha.
Espero que alguem se senbilize e faça denuncias sobre a questão da ilha do ananal pois é a maior ilha fluvial do mundo e ali vivem os indios Karajá, Javaé e Ava Canpeiro a merce de tudo que não presta.
Assina
Eliman Chaves Estudante da cidade de formoso do Araguaia - to
meu email é elioman.chaves@gmail.com - para qualquer maiores informações.
Postar um comentário