sexta-feira, 11 de maio de 2007

Guarani de Amambai não estão nada felizes

A demoção da Administração Regional de Amambai, que cuida de mais de 30.000 índios, para um simples núcleo sem capacidade gestora de recursos, está trazendo muito insatisfação por parte dos índios Guarani que moram na região. Aí estão as principais reivindicações por terras no Mato Grosso do Sul e, se é política da nova administração da Funai trabalhar para atender a esses pedidos, o fim dessa administração é uma tática equivocada. Concentrar todos os trabalhos em Dourados é outro equívoco.

Veja essa ótima matéria, bastante explicativa, vinda de Mato Grosso do Sul

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Índios ameaçam protesto à mudança da Funai na região Sul

Marta Ferreira

Ademir Almeida / Diário MS

Situação de desnutrição entre índios de Dourados teve destaque nacional em 2005


Medida adotada nesta semana pela Funai (Fundação Nacional do Índio) está provocando a revolta de líderes indígenas da região de Amambai, no extremo-sul de Mato Grosso do Sul. Um grupo deles promete fechar rodovias da região nesta sexta-feira como forma de protesto à transferência para Dourados da Administração Regional da Funai do Cone-Sul do Estado, que funcionava há mais de 20 anos em Amambai, cidade de 32 mil habitantes.

A mudança, que na prática tira a autonomia da unidade da Funai em Amambai para tomar decisões, além de reduzir a estrutura, foi definida em duas portarias publicadas nesta quarta-feira no Diário Oficial da União. Uma eleva o Núcleo de Apoio da Funai em Dourados à condição de Administração Regional do Cone-Sul. A outra transforma a antiga Administração de Amambai em núcleo de apoio, subordinado a Dourados, a segunda maior cidade do Estado, com 190 mil habitantes.

Descontentes com a notícia, caciques da região devem se reunir nesta sexta-feira na aldeia Amambaí, que fica no município de mesmo nome, e uma das promessas é o bloqueio de rodovias que levam à cidade. Morador na aldeia, o guarani-caiuá Bráulio Chamorro confirmou a mobilização ao Campo Grande News . Segundo ele, a comunidade teme o abandono com a transferência da administração para Dourados.

Explicação - A Funai em Brasília informou, por meio da assessoria de imprensa, que a decisão de transferir a administração regional do Cone-Sul para o município de maior porte foi para melhorar o funcionamento do órgão na região.
A mudança coincide com a divulgação, pelo governo federal, de criação de ações interministeriais para combater os problemas de desnutrição entre os índios douradenses, cidade que concentra a maior aldeia do Estado, com mais de 9 mil habitantes. Em 2005, Dourados ficou conhecida no País todo por causa das mortes de crianças indígenas por desnutrição.

Nos bastidores, a informação que circula é que o rebaixamento da administração de Amambaí a núcleo foi em razão do não funcionamento a contento da unidade. Seria também uma forma de ampliar o controle da Funai, trazendo a administração para uma cidade maior e mais perto dos núcleos de poder.

A administração é responsável por cuidar de 22 áreas indígenas, com uma população estimada em 30 mil índios, das etnias guarani e caiuá. Entre os índios subordinados à administração de Amambai estão os que ocuparam a fazenda Madama, reivindicada como terra indígena, e que a Justiça mandou sair da área, de 2,2 mil hectares, em decisão proferida ontem.

A Funai tem ainda uma administração em Campo Grande, que cuida de uma população que também beira os 30 mil indígenas, das nações terena, kadiwéu, ofayé e guató. Essa unidade não teve mudanças.

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