sexta-feira, 25 de maio de 2007

Índios do Oiapoque inauguram Museu

Notícia do Amapá, na verdade, do norte do Amapá, no Oiapoque, fala da inauguração de um Museu do Índio nesta cidade de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. É resultado da iniciativa dos índios, que tiveram o apoio imediato do então governador Capibaribe, do Amapá

Quando presidente da Funai, visitei o Oiapoque, estive na sede da Funai reunido com representantes de todas as etnias locais, vi esse Museu em fase de acabamento e senti o quanto os índios da região contavam com ele para representar suas culturas e dar-lhes força diante das pressões que sofrem naquela região.

Parabéns aos povos indígenas do Oiapoque!!!


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Povos indígenas do Oiapoque, no Amapá, inauguram museu e centro de documentação e pesquisa
[24/05/2007 17:15]

O Museu dos Povos Indígenas do Oiapoque – Kuahi: Arte, Ciência e Tecnologia reúne artefatos e conhecimentos dos índios do Oiapoque. A idéia é que sejam documentos e registro da memória e das atividades culturais contemporâneas destes povos para seu próprio uso, nas aldeias e junto à sociedade regional



A iniciativa foi das lideranças indígenas, em 1998. Na época, propuseram ao então governador João Alberto Capiberibe criar um museu que reunisse artefatos, saberes e conhecimentos, que além de divulgar sua cultura fosse ao mesmo tempo um centro de referência. No último 19 de abril, Dia do Índio, os Povos Indígenas do Oiapoque puderam, finalmente, ver seus objetivos realizados, ainda que nove anos depois e com problemas a serem sanados. O governador do Amapá, Waldez Góes prestigiou a inauguração e ouviu dos índios suas preocupações em relação ao novo espaço, que não tem ainda telefone nem acesso à internet.

O nome escolhido para a instituição, Kuahi, é o mesmo de um pequeno peixe em forma de losango, grafismo característico dos povos indígenas daquela região. O objetivo do Museu é preservar, fortalecer e renovar o patrimônio material e imaterial dos Galibi – Kali’na, Karipuna, Palikur e Galibi Marworno. Conta com duas salas de exposições, auditório, sala de pesquisa bibliografia e audiovisual, sala de atividades pedagógicas e loja de artigos indígenas. Os 19 funcionários do museu são índios e vão atuar na administração, monitoramento das visitas e serviços gerais.

O projeto foi realizado pelo governo do Amapá, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e contou com o apoio da Associação dos Povos IndÍgenas de Oiapoque (APIO), da Funai Regional de Oiapoque, da Associação Galibi-Marworno (AGM). Mobília, equipamentos e recursos para capacitação dos índios que trabalham no Museu foram possíveis graças ao convênio entre a Secult e o Ministério da Cultura (MinC).

Ao criar um museu próprio, a cultura material e imaterial dos índios da região – geralmente reunida em centros distantes como São Paulo e Rio de Janeiro - passa a ter maior proximidade com os protagonistas das culturas indígenas, assim como maior visibilidade junto à sociedade do entorno. A Secult é responsável por sua manutenção, mas o Kuahí é gerenciado pelos próprios índios.

A antropóloga Lux Vidal, do Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP e a museóloga e antropóloga Lucia H. van Velthem, do Museu Goeldi assessoraram os índios coordenando oficinas de capacitação. Estes, por sua vez, em comunicação telefônica, disseram que ficaram contentes e animados com a inauguração, apesar de preocupados com a continuidade das atividades. Uma outra preocupação advém do fato de que o Estatuto do Museu, elaborado em conjunto com os índios e aconselhado por diretores de museus conceituados não está sendo implementado pela Secult. Lux Vidal considera isso uma grave limitação para o seu funcionamento.

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