sexta-feira, 11 de maio de 2007

Câmara debaterá desvio de verbas da Funasa

Mais uma notícia sobre malversação de verbas da Funasa. Desta vez vem da Câmara Federal onde alguns deputados querem intervir no assunto.

Será que a Funasa vai continuar na mesma batida, ou vai melhorar?

Uma semana antes de sair da Funai fui conversar com o novo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que foi meu colega subsecretário no governo do Rio de Janeiro (1991-1995), e o alertei sobre os problemas da Funasa. Não especificamente sobre o seu quadro e seus administradores, mas sobre sua filosofia e visão de trabalho em relação aos povos indígenas.

Trabalhar com povos indígenas requer vocação individual e esprit de corps por parte de qualquer órgão, agência, ou Ong. Muitos funcionários da Funasa têm vocação, mas a Funasa, como órgão, nunca criou esse espírito.

Quem o tem é a Funai, pois qualquer pessoa que entre no seu quadro em pouco tempo já vivencia esse espírito.

Sugeri ao ministro Temporão que, junto com o ministro da Justiça, fossem ao presidente da República para promover uma aproximação muito forte, se não uma união formal, dos dois órgãos, sob a mesma batuta, para trabalhar a questão da saúde indígena. Fui mais adiante e disse que a Educação deveria estar no mesmo nível de relacionamento.

Espero que minhas ponderações não tenham caído em ouvidos moucos.

Eis a lamentável notícia, que, em sua manchete fala em denúncia contra a Funai, mas a matéria não trata nada disso. Mais um preconceito á toa contra a Funai:

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Comissão debaterá denúncias contra Funai e Funasa

Agência Câmara

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle realizará audiência pública para esclarecer denúncias de desvio de recursos destinados à saúde indígena no Maranhão e de mortes de crianças índias por desnutrição, no Mato Grosso do Sul. O debate foi solicitado pelo deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA) e aprovado ontem.

Sebastião Madeira cita duas reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo. A primeira, de 3 de março, divulgou relatório da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que apontou a desnutrição como causa das mortes de seis crianças indígenas guaranis e caiuás de até dois anos de idade, em Mato Grosso do Sul, em janeiro e fevereiro deste ano.

Segundo o texto do jornal, a desnutrição apareceu entre as causas das mortes de 14 crianças guaranis e caiuás de até quatro anos em todo o ano de 2006. No ano anterior, foram 27 casos.

Cooperativa de táxi
A segunda reportagem, publicada em 26 de março, revela que a coordenação regional da Funasa no Maranhão pagou R$ 4,5 milhões em 2006 à Coopersat, cooperativa de táxi de São Luís, para o transporte de índios que fazem tratamento médico fora das aldeias e das equipes multidisciplinares de saúde indígena.

Segundo a reportagem, o valor gasto com táxi no Maranhão em 2006 foi maior do que o orçamento total da Funasa em 12 estados, entre eles São Paulo (R$ 3,83 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 3,99 milhões) e Paraná (R$ 3,01 milhões). O orçamento de 2006 total da Funasa do Maranhão, onde vivem 28 mil índios, foi de R$ 11,68 milhões.

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