Matéria do Diário de Cuiabá dá uma entrevista do jovem líder Pareci, Genilson Kozonae, filho do grande líder Daniel Cabixi, que vem reclamar dos rumores sobre uma legislação sobre mineração em terras indígenas e assuntos correlatos que estariam para ser enviados ao Congresso Nacional. Está particularmente ansioso sobre o novo Congresso Nacional e rumores de propostas de estagnação em relação a demarcação de terras indígenas.
Tem razão Genilson em ficar preocupado. Como jovem líder ele deve chamar seu irmão, que é administrador do Núcleo de Tangará da Serra, e demais lideranças de Mato Grosso e de todo o Brasil para, unidos, discutir todas essas questões e tomar pé do que estiver acontecendo.
Talvez o simples esclarecimento por parte da direção da Funai seja suficiente. Talvez não.
Neste caso, será preciso que uma nova Conferência dos Povos Indígenas seja convocada para dar continuidade ao que discutiram na Primeira Conferência do ano passado. E para que todos as lideranças indígenas, não só as que se associam em Ongs, possam se inteirar de tudo que está passando e tomar decisões claras a respeito.
É preciso que os administradores indígenas liderem um movimento de conscientização dos novos problemas indígenas por parte de todos os índios do Brasil
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Paresi protesta contra postura parlamentar
RODRIGO VARGAS
Da Reportagem
Uma liderança da etnia paresi esteve ontem em Cuiabá para protestar contra as correntes políticas que pretendem abrir a exploração madeireira e de minérios nas áreas indígenas já protegidas e impedir a demarcação de novas áreas. Segundo ele, a iniciativa ameaça a vida e a cultura dos povos.
"Não podemos aceitar que toda essa discussão seja feita sem que tenhamos a chance de participar ou dizer não", apontou Genilson Kezonae, coordenador de saúde da Associação Halitinã, que representa parte da etnia em terras localizadas em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, na região oeste.
De acordo com a liderança, pronunciamentos recentes de parlamentares federais e estaduais apontam para uma estratégia coordenada de enfraquecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai) e das entidades que representam os povos indígenas com o único objetivo de usurpar os recursos naturais contidos em suas áreas.
"Vemos, com preocupação, que o novo Congresso Nacional é ainda mais avesso aos povos indígenas que o anterior. Há mais deputados da bancada ruralista e madeireira, e menos parlamentares defendendo as comunidades tradicionais. Já estamos sentindo os efeitos disso", relata.
Kenozae disse falar não apenas em nome de sua etnia. Segundo ele, a visita a Cuiabá foi precedida de contatos telefônicos com lideranças Xavante e Caiapó. "Estamos todos em alerta. A questão da mineração, por exemplo, está prestes a ser autorizada. E ainda não sabemos do que se trata".
Ele se refere ao acórdão 560/2007, do Tribunal de Contas da União (TCU) que, entre outras exigências, concedeu prazo de 60 dias para que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) regulamentasse a exploração garimpeira em áreas indígenas.
"Não sabemos como se dará este processo, mas sabemos que não fomos convidados a participar. Da mesma forma está sendo feito o debate sobre a demarcação de nossas terras: os políticos criticam, mas não nos escutam", reclama.
Sobre recentes manifestações de deputados estaduais contra novas demarcações - sob o argumento de que haveria "muita terra para pouco índio", a liderança diz que o argumento reflete apenas falta de conhecimento de causa.
"Muitos não entendem, ou não querem entender, que as concepções de terra para brancos e índios são distintas. Não vemos a terra apenas como um meio de ganhar dinheiro. Para nós, ela representa a vida".
sábado, 19 de maio de 2007
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