quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Países ricos querem reconhecer sua culpa sobre as mudanças climáticas

Matéria veiculada pelo Estadao Online relata alguns aspectos do primeiro dia da sessão especial da ONU sobre os problemas climáticos. Diz que os países ricos reconhecem que eles têm mais responsabilidade do que os pobres.

Não me comove essa constatação. Já em 1991 escrevi um livro sobre o meio ambiente na Holanda, junto com três pesquisadores do Terceiro Mundo, o qual denominamos "Como a riqueza degrada o meio ambiente. Uma visão do Sul". Nesse livro demonstramos que é a riqueza que degrada o meio ambiente, não a pobreza. Isto porque era moda na época culpar os países pobres pela devastação das florestas e cerrados.

Essa ambiguidade por parte dos países ricos, dizer que são culpados, mas cobrar dos países pobres, tal como estão começando a fazê-lo no caso do cerrado, vai continuar pelos próximos anos. É preciso que o Brasil elabora um discurso correto e firme sobre o assunto. Se não, vão surgir críticas mais fortes do que necessárias, e a divisão do país entre devastadores e conservacionais vai ficar cada vez mais evidente, sem corresponder à realidade.

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Países ricos são maior alvo de reunião climática da ONU

A primeira sessão especial da ONU - Organização das Nações Unidas sobre a mudança climática, na terça-feira (31), se voltou para a necessidade de os países ricos, tradicionais poluidores, arcarem com um ônus maior na redução das emissões de gases do efeito estufa.

O economista britânico Nicholas Stern disse que os países pobres e em desenvolvimento também precisam participar de um "acordo global" contra o aquecimento.

Segundo ele, que é autor de um importante relatório do ano passado sobre os efeitos econômicos da mudança climática, o mundo como um todo deveria ter como meta reduzir em 50 por cento até 2050 as emissões de poluentes como o dióxido de carbono de carros e usinas termoelétricas.

"Por razões da responsabilidade passada e melhor acesso aos recursos, os países ricos precisam assumir objetivos muito maiores que esses 50 por cento. Devem estar olhando para reduções de cerca de 75 por cento", disse ele.

Essa responsabilidade pode se estender ao financiamento de cortes nas emissões em outros países, segundo Stern, ex-chefe do serviço econômico do governo britânico e agora ligado à London School of Economics.

Falando antes na ONU, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, adotou discurso semelhante.

"Sabemos que os ganhos da prosperidade global foram desproporcionalmente desfrutados pelas pessoas nos países industrializados, e que as consequências da mudança climática serão sentidas desproporcionalmente pelos mais pobres, que são os menos responsáveis por isso -- fazendo da mudança climática uma questão tanto de justiça quanto de desenvolvimento econômico."

Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente da Índia, disse que "a liderança global é ótima em retórica, mas péssima em ação real quando se trata de cumprir o prometido a respeito da mudança climática".

Os EUA, um dos maiores poluidores mundiais, não se manifestaram na sessão de terça-feira. O país rejeita repetidamente quaisquer metas obrigatórias para a redução dos gases do efeito estufa, alegando que isso afetaria sua economia. Washington defende limites voluntários às emissões.

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