quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Advogada paraense ataca Funai e os índios

Não dá para aceitar esse tipo de argumento. É preciso que a Funai se manifeste urgentemente e nos mais veementes termos contra esse tipo de argumentação.

Sinto que o antiindigenismo brasileiro está ressurgindo. É como se fosse uma reação a um certo radicalismo que insufla os ânimos. E, esquisitamente, vem da parte de advogados e políticos. No Mato Grosso do Sul há vários deles escrevendo artigos condenando a Funai quando, no fundo, pretendem condenar os índios.

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Zoológico humano

Sylvia Romano - editornet@liberal.com.br

Há muito tempo, venho pensando o porquê de no Brasil os índios serem mantidos à margem da civilização, condenados a viver na ignorância, sem acesso a qualquer modernidade e a noções mínimas de comportamentos ditos sociais. Essa, hoje, pequena parcela da população de legítimos brasileiros está condenada a viver para sempre como animais.
Repete-se no nosso País a mesma postura escravagista implantada na Austrália pelos colonizadores ingleses, que viam nos aborígenes uma sub-raça que deveria ser mantida segregada, jogada à própria sorte para que se extinguisse naturalmente, o mais rapidamente possível em prol dos interesses e da hegemonia de uma superioridade branca.

Infelizmente aqui em nossa terra, este mesmo descalabro vem ocorrendo há muito tempo, graças a interesses de um órgão do governo - a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) -, que pelo visto, segundo uma grande matéria publicada por uma das mais importantes revistas do mercado editorial, está mesmo é preocupado em conservar o seu quadro de funcionários, provavelmente com altos salários, e que tem grande interesse em manter a "bugrada" na santa ignorância e na exploração. Obviamente sabe-se que alguns não são tão coitados assim, pois já houve casos até de cacique com avião próprio, motocicleta e outras amenidades tecnológicas; porém a maior parte dos nossos índios passa fome, morre cedo, sacrifica crianças com deficiências e acabam com a nossa fauna por não ter o que comer. Isso sem falar na exploração das florestas por madeireiros clandestinos e no garimpo em terras indígenas totalmente sem controle.

Hoje nos Estados Unidos, como exemplo de uma política indigenista correta e sem protecionismo estatal, o índio americano mantém suas tradições em festivais folclóricos e museus. Foram, em sua grande maioria, absorvidos pela sociedade, mantendo um padrão de vida equiparável à classe média norte-americana com acesso a todas as modernidades que o mundo contemporâneo oferece.

O processo de aculturação é longo e a integração dessa população não se faz de uma hora para outra. No meu entender, muitos anos se passarão para que essa parcela de brasileiros venha a se integrar à sociedade, mesmo com a implantação de um planejamento e uma política de integração séria visando torná-la produtiva e principalmente respeitada em seus direitos e deveres como qualquer cidadão.

Enquanto o governo não deixar de lado sua postura protecionista e segregativa para resgatar os índios da ignorância e do atraso cultural a que foram submetidos desde a descoberta do Brasil e integrá-los à sociedade, eles continuarão morrendo, seja em suas tribos ou tentando fugir de uma realidade que já não tem razão de ser e que, quando conseguem sobreviver, acabam caindo na marginalidade por falta de condições de sobrevivência no mundo moderno. É preciso mudar essa mentalidade pois, pelo que eu saiba, o nosso Pais é um dos poucos que ainda insiste em manter grandes áreas de seu território como um grande zoológico humano.

Sylvia Romano é advogada trabalhista e colaboradora.

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