terça-feira, 21 de agosto de 2007

Deputados visitam Terra Indígena Dourados

A comissão de deputados que está visitando a Terra Indígena Dourados teve uma primeira rodada de conversas com representantes dos índios Guarani Kaiowá e Ñandeva. Não se fala dos índios Terena que lá vivem e que usurpam quase todas as terras da área indígena. E os arrendamentos? Também não falarão sobre isso.

Os índios entendem que essas comissões servem tão somente para denunciar suas condições, poucos recursos trazem e nenhuma solução permanente.

Agora eles farão relatórios, apresentarão suas idéias ao governo, idéias estas baseadas nas visões das pessoas que os assessoraram, a maioria sem possibilidade de realização, e aí fica por isso mesmo.

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Deputados visitam indígenas, mas não apresentam soluções

Antonio Viegas, Dourados

Verificar para posteriormente analisar e procurar soluções, esta foi a proposta da comissão de parlamentares federais composta pelos deputados Luiz Couto (PT/PB), Talmir Rodrigues (PV/SP) e Geraldo Resende (PMDB/MS), durante visita às aldeias de Dourados ontem.

Acompanhados ainda dos deputados estaduais Pedro Kemp e Pedro Teruel, ambos do PT, a comissão esteve no Centro de Reabilitação Nutricional, o Centrinho, e visitou ainda algumas residências na Aldeia Bororo. No período da tarde os deputados participaram de uma audiência pública sobre a desnutrição.

O deputado Luiz Couto, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, disse que primeiro iria se inteirar de todos os problemas que atingem a comunidade indígena douradense, tanto que manteve contato com vários líderes e procurou anotar todos os questionamentos.

Sem terra

Mas, mesmo sem muito conhecimento da real situação, o deputado disse que o que poderia estar gerando a violência, os problemas de saúde, desnutrição e outros já amplamente abordados, poderia estar ligado ao fato de haver muito índio para pouca terra.

Num rápido contato com o cacique caiuá Getúlio Oliveira, a comissão foi questionada sobre a morosidade nos processos de demarcação de terras indígenas e o cacique aproveitou para cobrar ações concretas na questão da segurança. O cacique lembrou que já morreram somente neste ano, nove indígenas, vítimas de homicídio e igual número de suicídio.

Alimentação

Outra colocação foi sobre a alimentação que ultimamente virou tema de grande discussão entre os grupos familiares da reserva, em consequência de um atraso na entrega das cestas básicas, por conta da transferência de competência da Funasa para a Funai.

Luiz Couto esclareceu que já existem algumas propostas e projetos discutidos inclusive pela Funai e Funasa para serem colocados em prática. Ele lembrou a reestruturação da Funai que vai permitir uma série de mudanças e garantiu que todas as reivindicações serão encaminhadas aos organismos pertinentes.

O deputado ouviu também de autoridades municipais, como o prefeito Laerte Tetila, que fez uma explanação sobre as ações desenvolvidas pela prefeitura na aldeia. Representantes da Funasa e da Funai também foram questionados pela comissão.

Documento

Durante a audiência pública, lideranças indígenas entregaram um documento contendo as principais reivindicações da comunidade e exigiram providências sobre pena de surgirem novas manifestações, a exemplo das que ocorreram recentemente, na qual funcionários da Funai foram feitos reféns e o posto do órgão, na aldeia, fechado.
Eles ameaçaram até mesmo bloquear o trânsito na rodovia MS-156, que corta a reserva, caso não haja uma solução para os problemas apontados, em curto espaço de tempo.

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