segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Kinikinao querem terra para si

O estado de Mato Grosso do Sul tem demonstrado um interesse curioso pelos povos indígenas. É o estado de onde saem mais notícias, tanto por causa dos problemas existentes (muitos resultado da desproporção entre o pequeno tamanho das terras indígenas e, ao contrário, o grande número de indígenas), quanto pelo interesse dos seus jornalistas por assuntos variados.

Acho que alguma coisa está acontecendo no coração dos matogrossenses do sul.

A matéria abaixo fala de um drama existencial dos índios Kinikinao, que são um povo de fala Aruak, que se mesclou com os Terena há quase cem anos, mas que preservou uma certa autonomia cultural devido ao fato de a maioria deles ter passado a viver entre os Kadiwéu, que é um povo totalmente diferente. Há anos algumas família vêm tentando obter uma terra para si, com muitas dificuldades e incompreensões. Vai ser difícil sua luta.

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Sem terra, índios Kinikinau lutam contra extinção em MS
Graciliano Rocha, de Bonito

Os índios Kinikinau sonham em voltar a ter um território próprio para preservar seus costumes ancestrais. São hoje 500 Kinikinau espalhados pelo Mato Grosso do Sul e eles são um dos poucos povos indígenas a não dispor de uma reserva própria.

"Hoje o nosso povo está solto, a gente mora de favor nas reservas dos outros", reclama Ambrósio Góis, 53 anos. A terra, diz ele, é o que vai definir a diferença entre a preservação da cultura da etnia ou a extinção dos costumes que são transmitidos geração a geração.

O principal elemento cultural define a identidade desses índios é o idioma Kinikinau. Nele, o termo Wakashu tem grande importância política. Significa "Lagoa da Capivara", nome da terra de onde foram expulsos em 1932, no governo de Getúlio Vargas. A Wakashu é uma área de 10 mil hectares fincada na divisa dos municípios sul-mato-grossenses de Miranda e Aquidauana, no sul do Pantanal. A terra vem sendo reivindicada desde o final dos anos 90, mas ainda não há uma posição conclusiva do governo federal se a reserva Kinikinau será criada.

"Na terra dos outros não há liberdade, não dá para preservar a cultura porque tem mistura", diz Góis, que é morador da aldeia São João, em Porto Murtinho, cuja maioria da população pertence a outra etnia, os kadiweus.

A cerâmica é uma das tradições que os Kinikinau mantêm vivas pelas mão de gente como Agda Roberto, 53 anos, e Zeferina Moreira, 65. Chamada Moté Ypoti, a cerâmica difere da convencional em muitos pontos. Ao invés do forno, o barro é queimado com lenha para se transformar em utensílios rústicos como tigelas, vasos e pequenas esculturas. O processo de queima com lenha dá às peças uma tonalidade mais clara e não uniforme às peças, que recebem o acabamento de corantes feitos à base de sementes de plantas do cerrado.

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