sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Missionário tradicional contra o CIMI

Eis, finalmente, uma notícia digna de nota saída diretamente do Senado Federal.

O senador Tião Viana, do Acre, repercute uma carta de um missionário tradicional do Acre que reclama com muita propriedade das questões indígenas daquele Estado. Alega que a situação está ficando muito pior devido à influência do CIMI, do movimento indígena e da indoutrinação da Funai.

É a visão conservadora contra a visão do movimento social. Muito do que diz o missionário tem sua razão de ser. Ele vê, como poucos, o problema da divisão de índios urbanos e índios que continuam a viver em suas terras. Só que sua lógica está confusa.

Por sua vez, nosso digno senador do Acre dá um tiro em seu próprio pé ao implicitamente condenar aquilo pelo qual ele tem lutado e que o apoia. Agora ele anda preocupado com o resultado do movimento indígena, sem dúvida da ideologia do PT. Tanto politização não traz resultados positivos.

Espero que o senador pensa mais sobre o assunto e abra uma discussão séria sobre tudo isso. Os índios de seu estado merecem.

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Senador denuncia pobreza, alcoolismo e perda da cultura entre índios

Agência Senado

BRASÍLIA - Os índios Kulina, que vivem perto do Rio Purus, no Acre, estão consumindo álcool demasiadamente, trocando seus pertences, animais e produtos pela bebida e criando problemas nas cidades de Manoel Urbano e Sena Madureira, naquela região. A informação foi dada, nesta sexta-feira, no Plenário, pelo senador Tião Viana (PT-AC), a partir de informações do padre Paolino Baldassari, que lhe enviou carta relatando esses fatos.

O padre informou ainda, segundo Tião Viana, que os índios Kaxinawá, que também vivem na região, embora pareçam mais organizados, gastam dinheiro com luxos, como vestidos, luz e televisão, enquanto suas crianças passam fome. Esses índios foram incentivados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) a aumentar suas famílias, segundo o padre. Por esse motivo, a maioria dos homens tem entre três a cinco mulheres, e, com essas, vários filhos.

Em trecho da carta lida por Tião Viana no Plenário, o padre disse:

- A mulher é uma sofredora, vira escrava, me disse uma Kaxinawá que vai casar com um branco porque tem só uma mulher. É um grave abuso.

O padre contou ainda que "agora os crentes entraram e querem apagar qualquer sinal de cultura", alegando que a cultura dos índios não salva a alma. Para Baldassari, conforme relatou o senador, a situação desses índios na região é "muito negativa".

Em outro trecho da carta, o padre observa que, em tempos passados, "tudo funcionava melhor", mas os cursos da Funai, da Uni-índio e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) retiraram as lideranças do convívio com as tribos. O religioso avalia que, ao levar os líderes indígenas para as cidades, seu povo ficava sem instruções nas tribos. Ao mesmo tempo, muitos desses líderes descobriram os prazeres e costumes da cultura urbana, e, com isso, começaram a se descaracterizar.

Para o senador, Baldassari expressa nessa e em outras cartas que lhe são enviadas o choque de culturas entre homens da cidade e das áreas isoladas, "o que mostra a complexidade que é viver na Amazônia".

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