quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Greenpeace denuncia INCRA

Está repercutindo no Brasil e no exterior uma crítica muito forte feita pela Ong Greenpeace sobre assentamentos rurais criados na Amazônia, precisamente na região de Santarém, que, ao invés de proporcionar o estabelecimento de lavradores sem terra, incentiva a presença de madeireiros que compram as terras ou o direito de explorar a madeira nelas contida, porque os lavradores não conseguem se auto-sustentar, mesmo com a ajuda de financiamento do INCRA.

Esta é uma realidade que pode ser encontrada em diversas partes da Amazônia. Sinto tristeza em ver que precisa uma Ong estrangeira para que a desgraça venha a lume.

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Assentamentos na Amazônia beneficiam madeireiras

Uma investigação da organização ambientalista Greenpeace indica que o governo brasileiro estaria distribuindo terras da floresta amazônica para assentados em reforma agrária que depois vendem direitos de exploração da área para grandes madeireiras, segundo afirma reportagem publicada nesta terça-feira (21), pelo diário britânico The Independent.

"Em 2006, o Incra criou 97 "assentamentos de desenvolvimento sustentável (PDS) em Santarém, no oeste do Estado do Pará, em áreas florestais de grande valor para madeireiras", diz a reportagem. "Esses assentamentos cobrem 2,2 milhões de hectares e foram designados para 33.700 famílias."

Um funcionário do Incra citado pelo jornal diz que todos esses assentamentos foram criados nos últimos três meses do ano passado. "Era o final do primeiro mandato do presidente Lula, então ele tinha que cumprir com suas metas. São os políticos que se beneficiam do sistema dos PDS", disse o funcionário ao jornal.

"Além dos políticos, o esquema beneficia os assentados, que recebem terras e vendem seus direitos de exploração da madeira para grandes madeireiras; as empresas, que têm acesso a madeiras valiosas; e o Incra, que está perto de atingir as metas do governo'', afirma o Independent.

"Apenas na semana passada o governo se vangloriou de uma queda nos níveis de desmatamento pelo terceiro ano consecutivo; ele agora está abrindo as comportas para um aumento no desmatamento e seu efeito dominó sobre as mudanças climáticas globais", diz a reportagem.

O jornal observa que o Brasil é o 4º maior emissor mundial de gases do efeito estufa e comenta que "uma grande proporção das emissões vem do desmatamento da Amazônia" e que "15% de todo o desmatamento é causado pela criação de assentamentos".

Segundo o jornal, o esquema PDS se tornou "erroneamente" sinônimo de boa prática ambiental por conta do apoio da freira americana Dorothy Stang, assassinada em 2005 por conta de sua defesa de dois dos assentamentos da região. (Estadão Online)

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