sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Índios Makuxi invadem fazenda em Raposa Serra do Sol

A coisa começa a pegar fogo na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Finalmente um grupo grande de índios resolveu tomar a frente a questão da retirada de invasores rizicultores de suas terras.

Já não era para menos. Os arrozeiros são ousados, alegam direitos e reivindicam pagamento por seus investimentos, todos ilegais, e fazem finca-pé para ficarem acintosamente. Seu líder dá entrevistas de deboche. Já foi prefeito de Pacaraima e foi cassado pela Tribunal Eleitoral Regional. Mesmo assim, continua desafiando as autoridades.

A Funai não pode fazer mais do que tem feito. A Polícia Federal fica esperando as coisas acontecerem, ou estão planejando uma operação que pode demorar bastante, dependendo da conveniência política.

Assim, não resta nada mais senão os índios tomarem as coisas nas suas mãos. É assim que acontece em outras partes do Brasil. Resta a nós prestrar apoio e solidariedade a eles. Sua causa é legítima e valiosa.
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Índios ocupam fazenda no Surumu

Os indígenas estão ocupando a fazenda no Baixo Surumu desde sábado

NEURACI SOARES

Os ânimos voltaram a ficar acirrados na região da Raposa Serra do Sol, com a ocupação da fazenda União, por um grupo de cerca de 190 índios ligados ao CIR (Conselho Indígena de Roraima). O movimento teve início no último sábado, dia 28, e ontem os indígenas começaram a montar acampamento na sede da fazenda, afirmando que a ocupação é definitiva.

A fazenda, também chamada de Jurumum, está localizada a 130 quilômetros de Boa Vista, na região do Baixo Surumu, na Raposa Serra do Sol, e é de propriedade do pecuarista Raimundo de Jesus Cardoso Sobrinho, conhecido como Raimundo Curica.

Ele contou que os índios começaram a chegar de trator, kombi de transporte escolar, toyota, L-200 e uma caminhonete C-10. Os veículos, segundo Curica, estão circulando com as placas cobertas e chegando e saindo durante a noite.

Os índios se instalaram no quintal da casa do pecuarista, na RR-319, onde ele mantém um comércio. Eles estão alojados em barracos cobertos por lonas, em um acampamento com redes e fogo de lenha. Ontem, eles começaram a retirar palhas e construir malocas que servirão de apoio aos ocupantes.

Para Curica, a iniciativa dos índios indica que eles estão querendo derramamento de sangue. “Eles estão armados com espingardas, facas, terçados, arcos e flechas e não escondem que estão preparados para tudo. Nós não queremos briga, mas não sairemos daqui por nada”, afirmou o pecuarista.

Ele denunciou também que os índios estão sendo alimentados com merenda escolar que chega em uma kombi do transporte escolar. “Temos a informação de que vários professores indígenas estão aqui no acampamento e alguns veículos usados para transportar os índios são de propriedade do Governo do Estado, como os tratores e a kombi”, acrescentou.

O pecuarista contou que comprou a fazenda União em 1990, mas mora na região do Surumu desde 1952, quando nasceu na fazenda Mangueira. Ele afirmou que tem os comprovantes de compra e venda da terra e o título definitivo expedido pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), registrado inclusive no Cartório de Imóveis.

Ele disse que a Funai (Fundação Nacional do Índio) avaliou a fazenda União em R$ 27 mil, o que para ele, é uma agressão para quem investiu 42 anos de trabalho na área e adquiriu a propriedade por R$ 80 mil. Além da União, Curica é dono da fazenda Nova Esperança, comprada por R$ 180 mil e avaliada para indenização em apenas R$ 80 mil.

ITIKAWA – As duas fazendas vizinhas da área ocupada pelos índios são de propriedade do produtor de arroz Nelson Itikawa. Para sua esposa, Izabel Itikawa, a intenção dos índios é usar a fazenda União como base de apoio para outras invasões. “Uma de nossas fazendas, a Vizeu, fica muito próxima dessa área invadida e acreditamos que eles possam tentar ocupá-la nos próximos dias. Não iremos sair da área e lutaremos até o fim por nossas propriedades”, disse.

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