Esse tipo de reação ainda não tinha visto.
Fazendeiros e políticos da cidade de Juína, onde a Funai tem um núcleo de apoio que assiste a diversos povos indígenas, inclusive Enawene-nawe, Cintas-Largas, Riktabsa, se juntaram para expulsar membros da Ong Greenpeace e da OPAN que lá estavam com a intenção de ir até os Enawene-nawe fazer uma matéria a favor da demarcação da região do rio Preto.
Quando estive entre os Enawene-nawe, em sua aldeia num afluente do rio Juruena, prometi a eles de criar um GT para estudar a possibilidade de demarcar as margens do rio Preto, que alegam ser um dos seus principais produtores de peixe. Não foi possível na ocasião, mas criei o posto indígena que tanto queriam e nomeei um engenheiro agrônomo que fala a sua língua como chefe do posto.
Agora a Funai criou um GT para estudar a possibilidade de demarcar a área que envolve o rio Preto, onde os fazendeiros se instalaram logo após a demarcação anterior. Aumentará em mais de 300.000 hectares a terra indígena já demarcada e homologada que tem mais de 650.000 hectares. Na ocasião da demarcação a OPAN, que foi a responsável pela identificação, não incluiu essa área. Eis porque vai dar problemas.
Os Enawene-nawe são um povo Aruak, cuja língua é aparentada com a dos Pareci, que foram contatados pelo padre Vicente Cañas, um missionário jesuíta morto na região na década de 1980. Além da roça, de onde retiram aipim para fazer caxiri, vivem quase exclusivamente do peixe, que utilizam de vários modos, especialmente moqueado em grande quantidade. Daí a importância que dão a rios piscosos, como o rio Preto.
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Ongs e imprensa vivem cerceamento
RODRIGO VARGAS
Da Reportagem
Representantes das ongs Greenpeace e Operação Amazônia Nativa (OPAN) levaram ontem ao Ministério Público Federal os registros fotográficos e um vídeo dos momentos de tensão vividos há três dias por representantes das duas entidades em Juína (540 quilômetros de Cuiabá).
Acompanhadas por jornalistas de uma publicação francesa, as equipes estavam na cidade para documentar o avanço do desmatamento e da degradação ambiental sobre áreas protegidas e também sobre aquelas reivindicadas pelos índios Enawene-Nawe.
Na segunda-feira, quando se preparavam para seguir em direção à área da etnia, foram surpreendidos no próprio hotel em que se hospedavam por um enfurecido grupo - formado majoritariamente por fazendeiros e políticos da região.
Impedidos de deixar a cidade, os ambientalistas e jornalistas foram levados à sede da Câmara Municipal, onde foi improvisada uma sessão especial com o propósito de esclarecer as intenções da reportagem.
O prefeito de Juína, Hilton Campos (PR), afirmou que não iria permitir a ida do grupo para a região Rio Preto, palco do litígio entre índios e fazendeiros. Recentemente, a fiscalização do Ibama identificou uma série de crimes ambientais na mesma área.
“É inaceitável que fazendeiros, com o apoio de autoridades locais, cerceiem a liberdade que todo cidadão tem de ir e vir e revoguem a Lei de Imprensa”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, em nota publicada no site da ong.
Em nota, a Associação dos Proprietários Rurais do Rio Preto (APRUR) alegou ter se sentido “ameaçada” com a presença de integrantes da Opan na equipe. Segundo os fazendeiros, a reportagem poderia ser feita em qualquer outra região. “Menos a do Rio Preto, pois a OPAN é parte de Litígio Judicial na Região e poderia agir com parcialidade”. As entidades e os jornalistas franceses acabaram expulsos da cidade.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
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