segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Morte de Zé de Santana continua a repercutir

A matéria abaixo, do JC Online, atualiza a questão da morte de Zé de Santana, o Véio, do povo Xukuru, de Pernambuco.

Mostra inclusive a preocupação com a repercussão negativa. As hipóteses estão lançadas sobre quem matou Zé de Santana.

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Índio Xucuru é sepultado em Pesqueira. PF abre inquérito para investigar morte

Do JC OnLine

Será enterrado na manhã desta segunda-feira (13) no Cemitério de Pesqueira, no Agreste, o índio da etnia Xucuru José Lindomar Santana da Silva, 37 anos, assassinado na madrugada desse domingo (12) com tiros de espingarda calibre 12 na zona rural do município. O corpo está sendo velado na residência da vítima, na Praça da Estação. A Polícia Federal (PF), que investiga o homicídio, instaurou inquérito sobre a morte de José Lindomar e terá 30 dias para concluir a investigação.

Segundo a polícia, o índio estava de moto e voltava para casa com o irmão mais novo de uma festa na aldeia Couro Dantas quando sofreu uma emboscada na PE-219. José Orlando Gomes de Santana foi atingido com um tiro no ombro, mas conseguiu fugir e foi socorrido ao hospital Dr. Lídio Paraíba, no município, onde recebeu atendimento médico e está fora de perigo. José Lindomar, conhecido com Véio, era filho de Francisco de Assis de Santana, o Chico Quelé, assassinado no ano de 2001.

De acordo com a administradora da Funai no Recife, Estela Parnes, o crime pode ter sido motivado por disputa pela liderança da tribo. "Essa disputa vem ocorrendo desde 2003. Cerca de 156 famílias, entre elas a de José Lindomar, foram expulsas da aldeia e estão vivendo no centro de Pesqueira", explica. Estela foi ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, acompanhar a liberação do corpo da vítima e auxiliar a interlocução da PF com os índios.

A PF também está trabalhando com a hipótese de disputa pelo poder, mas não descarta outras versões. "Como eles teoricamente estavam numa festa pode ter havido algum desentendimento no local. Todas as possibilidades serão investigadas", ressalta o escrivão da PF Edson Matias. O policial federal revela que os depoimentos começaram a ser colhidos no local, mas alguns foram contraditórios e terão que ser refeitos. "O depoimento do próprio José Orlando foi muito confuso. Ele não sabia precisar quantas pessoas estavam no momento do crime". Os donos da festa, segundo Matias, também não confirmaram a presença dos irmãos no evento, mas disseram que ficaram sabendo do homicídio por volta das 3h30. "Cerca de 200 pessoas estavam nessa festa de aniversário, que começou às 22h e só terminou às 5h, onde foi cobrado ingresso, teve banda e bebida alcóolica. Fato que posteriormente também será investigado". De acordo com a legislação brasileira não é permitida a venda e consumo de bebida alcóolica dentro de reserva indígena.

Segundo Edson Matias, o clima na tribo até o momento é tranqüilo. Apesar disso, três agentes ficarão na cidade nos próximos dias para acompanhar o movimento nas aldeias. O motivo para tanta precaução não é à toa. O município de Pesqueira tem histórico em conflitos e crimes envolvendo índios da tribo xucuru. Outros casos de assassinatos de lideranças - como José Everaldo Bispo (1992), Geraldo Rolim (1995), Chicão Xukuru (1998), Chico Quelé (2001) e Josenilson e José Ademilson, mortos durante atentado ao cacique Xukuru (2002) - foram contabilizados e muitos ainda não foram solucionados.

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