sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Santa Rosa do Purus harmoniza índios e não índios

Comecemos o dia com uma matéria agradável, porque as demais que se seguem são chatas e aborrecedoras.

Um intelectual do Acre assina na Página 20 uma crônica de sua visita à cidadezinha de Santa Rosa do Purus onde índios e não índios convivem bem e em harmonia.

Vale a pena conferir. Valeria a pena ler mais sobre essa situação tão benfazeja.

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Kennedy Santos

PAGINA 20

Santa Rosa do Purus

Fiz a cobertura de um trabalho do Saúde Itinerante em Santa Rosa do Purus e fiquei impressionado com o que vi na cidade. Índios e brancos convivem em uma harmonia que poucas vezes pude perceber em outras cidades. Fiz essa crônica, que aliás, é a minha primeira.

Quando conheci Santa Rosa do Purus, ainda era uma pequena vila ligada ao município de Sena Madureira. Tinha sete casas e 12 famílias que viviam basicamente da caça e pesca, não havia hotel. Portanto, foi uma estadia rápida.

Para se chegar lá, era necessário percorrer até 12 horas em uma voadeira ou três dias de batelão (barco grande de madeira que transporta grande quantidade de gente ou mercadoria) pelo rio Purus. De avião pequeno, esse mesmo percurso era feito em mais de uma hora e meia.

A Vila era um lugar pouco conhecido dos acreanos, não havia investimento do poder público, energia elétrica, água encanada, farmácia telefone, escola. Havia apenas uma rua, que por não haver veículos, era usada como pista de pouso para pequenas aeronaves e ficava ao lado das casas.

Hoje, 15 anos depois, Santa Rosa do Purus é muito diferente.

O processo de transformação começou em 1992. Um decreto transformou a Vila Santa Rosa em município.

O que mudou? Na estrutura física da cidade muita coisa.

A Vila se transformou em cidade, cresceu. Chegaram os investimentos, escolas, prefeitura, câmara de vereadores, núcleo da universidade, quartel da polícia, luz elétrica, telefone e até a pista de pouso mudou para um lugar mais seguro.

O que não mudou? A gentileza e sensibilidade de seu povo. São guerreiros, de atitudes.

Olhando de cima vemos o grande rio Purus. Ele corta majestosamente o grande mar verde de floresta. É nesse instante que percebemos o diferencial desse lugar.

São mais de trinta aldeias e três etnias: Jaminawá, Kaxinawá e Kulina que têm uma convivência harmoniosa de encher os olhos, de dar inveja aos ditos “civilizados”.

Mais de 50% da população é de índios, na cidade eles estão por toda parte. Os que não são índios compartilham os espaços com a naturalidade que só o povo da Amazônia tem. Santa Rosa do Purus sempre foi e nunca vai deixar de ser uma grande aldeia.

Para mim, não existe outra palavra que defina o sentimento que essa cidade e seu povo têm pelo próximo: Respeito. É assim que índios e brancos convivem na cidade de mais difícil acesso do Acre, sem preconceito.

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