A Funasa convocou um seminário sobre saúde mental indígena na semana passada. Hoje, a Agênci Brasil publica uma entrevista com uma antropóloga que estudou o suicídio dos índios Tikuna, no alto Solimões, e, parece, dos índios Guarani, do Mato Grosso do Sul.
Sua conclusão é bastante antropológica. Respeitem as culturas indígenas. Pelo menos ela sai da outra explicação básica que era a falta de terras. Assim, humaniza os índios, embora não apresente soluções visíveis.
Porém, convenhamos, não há problema mais difícil para a antropologia do que o suicídio indígena. Assim, vamos torcer para que mais antropólogos e psicólogos e indígenas participem do esforço em descobrir soluções para esse problema tão intenso e trágico.
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Para antropóloga, suicídio indígena só pode ser combatido com respeito às culturas locais
Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
O Poder Público precisa adotar políticas de saúde indígena mais adequadas às culturas diferenciadas de cada comunidade para combater o suicídio entre os índios. A avaliação é da antropóloga Regina Erthal, consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), durante a 1ª Conferência Internacional de Saúde Mental e Indígena, que vai até quinta-feira (25) em Brasília.
“O suicídio entre os índios deve ser visto de maneira mais cuidadosa. Hoje temos equipes da Funasa com grande rotatividade de pessoal e sem formação necessária para enfrentar a complexidade do problema”, avaliou Erthal. Durante o seminário, ela apresentou um levantamento sobre o suicídio nas aldeias do Alto Rio Solimões, no Amazonas, que comprovou que o problema atinge principalmente os jovens.
Segundo a antropóloga, 103 índios da comunidade Tikuna, no Alto Rio Solimões, suicidaram-se entre 2000 e 2005. Desse total, 54 (mais de 50%) tinham entre 15 e 19 anos. Na região, próxima à fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, vivem cerca de 28 mil índios em 143 aldeias espalhadas por 214 mil quilômetros quadrados. As principais terras indígenas foram demarcadas a partir de 1993.
De acordo com Erthal, os suicídios na região devem-se a conflitos familiares e às diferenças políticas na comunidade. Fatores econômicos e a escassez de recursos naturais também contribuem para intensificar problema. “O quadro é agravado ainda pela depredação da floresta e pelas disputas de terras”, disse Erthal. Para ela, a fiscalização mais rigorosa contra a exploração ilegal de madeira e de minérios também representa um meio de reduzir os índices.
O coordenador do programa de saúde mental da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Carlos Coloma, admitiu que a burocracia governamental dificulta algumas ações necessárias. Ele, no entanto, garantiu haver disposição para enfrentar a questão. “Estamos agindo para identificar as causas e adotar soluções amplas, pois é preciso evitar o risco do problema do suicídio se tornar incontrolável em outras etnias”, afirmou Coloma.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
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