A matéria abaixo deixa qualquer um acabrunhado e sem forças para reagir. A situação de violência interna entre os índios Guarani chegou a limites intoleráveis. E isto porque o governo federal criou uma comissão interministerial com poderes de estar acima da Funai e que está investindo um bom dinheiro nessa comissão.
Faltam amor e caridade para se assistir aos Guarani. As Ongs que trabalham com eles os insuflam a um espírito de revolta e isto termina sendo internalizado. A Funai está inerte, inclusive porque diminuiram-lhe as prerrogativas de ação. A extinção da Administração de Amambai foi um péssimo sinal de uma tentativa de reestruturação feita por amadores na gestão pública e no conhecimento indigenista dos Guarani.
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Correio do Estado, Mato Grosso do Sul
Por mais convincentes e realistas que sejam os números, eles nunca conseguem traduzir uma realidade de forma tão real quanto as histórias humanas. Mesmo assim, os números são necessários. Pois bem. Entre janeiro e agosto deste ano a Funai registrou 27 mortes por agressão entre indígenas do Estado, o que supera, em muito, os registros de anos anteriores. Só na reserva de Dourados foram dez casos, o que a coloca entre os locais mais violentos do País.
Segundo pesquisa do Ipea, a cidade mais violenta do Brasil é Serra, no Espírito Santo, com 97,6 homicídios por 100 mil habitantes ao ano.
Nas reservas de Dourados este índice já está superado e ainda faltam três meses para acabar o ano, pois uma simples conta mostra que já houve o equivalente a 100 homicídios por 100 mil habitantes. No Rio de Janeiro, cidade famosa por conta da ação do narcotráfico, este percentual está em 47,6. E, se fossem computados os assassinatos entre todos os indígenas, o índice também fica entre os 127 municípios mais perigosos do Brasil, com mais de 50 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Ou seja, a probabilidade de alguém ser assassinado na reserva de Dourados, onde vivem em torno de dez mil guaranis, é maior que em qualquer canto do Brasil. A média nacional é de 27 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes.
Por mais assustadores que sejam estes dados, a história de Everton Garcete, publicada ontem em reportagem do Correio do Estado, é que consegue traduzir de fato como é a vida nas reservas Bororo e Jaguapiru, assim como nas outras do sul do Estado. Aos 19 anos, ele é pai de três filhos e agora também responsável pelos cuidados de quatro irmãos pequenos, pois sua mãe morreu depois de ter uma mão decepada e um olho praticamente arrancado a golpes de facão. O ataque aconteceu em agosto deste ano e a mulher morreu no mês seguinte. O próprio Everton só não foi morto também porque conseguiu fugir de um dos supostos assassinos da mãe, um garoto de 13 anos. Everton está desempregado e seu pai está entre a vida e a morte por conta da bebedeira. Não bastasse isto tudo, as ameaças de morte não acabaram.
Numa situação dessas, existe alguma perspectiva de futuro para Everton, as sete crianças e os filhos que ele ainda terá? Se depender dos atuais governantes, nem precisa responder. Pois, enquanto a violência está restrita aos limites das reservas, o restante da sociedade dorme tranquila e acompanha o discurso e a prática adotados pelo governador no começo do ano: índio é problema da Funai e da Funasa. Por coincidência ou não, é justamente a partir daí que explodiram os índices de violência, pois a falta de estrutura dos órgãos federais para cuidar dos grupos indígenas é crônica.
E, também neste período, o Governo estadual está fazendo caixa com o dinheiro que passou a cobrar de toda a população para, supostamente, combater a pobreza de todos os cidadãos sul-mato-grossenses.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
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