sábado, 27 de outubro de 2007

Davi Kopenawa fala para os gringos não comparem terras na Amazônia

Diversos jornais repercutiram uma matéria que vem de Londres sobre a passagem de David Kopenawa por terras européias. Parece que ele vem se saindo muito bem, fazendo denúncias de desleixo da Funasa, ameaças de madeireiros e mineradores e outras coisas mais.

O problema é que tudo indica que o Brasil é incapaz de qualquer coisa e que só a intervenção de europeus é que faz as coisas se moverem em nosso país.

Seja como for, nessa matéria o importante é que Kopenawa diz para os gringos não inventarem de comprar terras na Amazônia como se fosse para salvá-la. Kopenawa diz isso de boa fé e os gringos vão interpretar como quiserem.

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Amazônia à venda ameaça tribos

LONDRES. Compre 4 km² de floresta amazônica por R$ 200 e ajude a salvar o planeta. A campanha vem ganhando adesão de organizações que vendem a idéia como solução contra o aquecimento global. Cool Earth, World Land Trust e Amazon International Rainforest Reserve são ONGs à frente do projeto polêmico que levou a Londres o xamã Davi Kopenawa, líder da tribo ianomami, para protestar e pedir apoio ao primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.

- Vim de muito longe para mandar uma mensagem: estou lutando pelo direito do povo ianomami de defender a própria terra - disparou Kopenawa, numa coletiva de imprensa organizada pela ONG Survival International.

Kopenawa e a organização internacional lutam pela ratificação da convenção 169 da Organizaçao Internacional do Trabalho (OIT), que delega aos povos indígenas o direito à terra onde vivem. O Reino Unido não assinou o documento da ONU com o argumento de que não há povos indígenas em seu território. Mas o líder ianomami lembrou a Brown que projetos britânicos como os da Cool Earth afetam a vida de quem mora na floresta:

- Se vocês assinarem essa lei, essas organizações vão ter de segui-la - disse. - A floresta não pode ser comprada. É a nossa vida e sempre cuidamos dela.

A fórmula é simples: através de ONGs locais, geridas por brasileiros, mas em muitos casos de mesmo nome da matriz estrangeira, as gigantes internacionais apóiam projetos de reflorestamento e financiam a compra de terras com o compromisso de acompanhar o manejo da área. A campanha está nos jornais britânicos: "Compre. Sim, compre enquanto é possível fazer negócio", diz matéria do The Times.

Quatro km² de floresta amazônica pode custar de R$ 200 a R$ 280, dependendo da ONG que vende. A Cool Earth detém cerca de 128 km² no Brasil e no Equador, enquanto a World Land Trust já comprou 1,4 milhão de km² de habitats que, alega, estão ameaçados no Brasil, Paraguai, Argentina, Belize e Índia. Já a americana Amazon International Rainforest Reserve diz ter como objetivo "comprar e proteger 160 milhões de km² na floresta amazônica nos próximos 20 anos".

Segundo a Cool Earth, uma área estimada em 200 milhões de km² é desmatada anualmente, acelerando o aquecimento global. A ONG afirma que cada 4 km² preservados deixam de liberar 260 toneladas de gás carbônico, ou "a mesma quantidade produzida por 10 famílias britânicas durante um ano". A organização defende, ainda, que o desmatamento da floresta amazônica "libera mais gás carbônico do que os Estados Unidos inteiros".

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