Notícia científica muito preocupante.
Pesquisadores da UNIFESP, a antiga Escola Paulista de Medicina, que vem trabalhando na saúde dos povos indígenas do alto Xingu desde 1965, e porisso tem um conhecimento profundo e ao longo de 40 anos das condições físicas daqueles povos indígenas, publicou um artigo demonstrando o alto nível de obesidade dos alto-xinguanos.
As razões dessa mudança estão explicadas no artigo abaixo, bem como suas graves consequências à saúde.
Essa pesquisa me parece ser apenas uma mostra do que está acontecendo com diversos povos indígenas do Brasil.
É preciso ficarmos atentos, alertarmos à Funasa (que continua a ser a responsável pela saúde dos povos indígenas), e buscarmos soluções de médio prazo para que a dieta desses povos indígenas volte a ser compatível com seu nível de trabalho e uso de energia.
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Estudo da Unifesp com 201 indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso, mostra que 52% apresentam sobrepeso, sendo 15% obesos.
Por Thiago Romero
Agência FAPESP – Um trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que descreveu o perfil metabólico e antropométrico de índios residentes no Alto Xingu, no Mato Grosso, indica alta prevalência de indivíduos com excesso de peso e pressão alta.
O estudo, publicado na edição de agosto da revista Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou 201 indígenas de ambos os sexos, maiores de 20 anos, que foram submetidos a exames físicos e de laboratório, coordenados pelo professor Roberto Baruzzi, do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp.
Os indígenas estudados são os que falam a língua Aruák, representados pelos povos Mehináku, Waurá e Yawalapití, cuja população é de 800 indivíduos. Dos cem índios adultos do sexo masculino, 51,8% apresentaram sobrepeso, 15% obesidade e 37,7% níveis de pressão elevados. Entre as mulheres, 52,1% tinham obesidade abdominal.
Comparado aos valores obtidos em pesquisas anteriores, a conclusão é que as condições de saúde desses índios pioraram e eles estão cada vez mais vulneráveis a doenças crônicas não-transmissíveis.
“A convite do indigenista Orlando Villas Boas, desde 1965 equipes da nossa universidade vão periodicamente ao Parque Indígena do Xingu coletar dados sobre as condições de saúde de seus habitantes. Por meio de fichas médicas, acompanhamos a evolução clínica e o padrão demográfico dos índios”, disse Baruzzi, que integra o grupo de pesquisas do Projeto Xingu da Unifesp, à Agência FAPESP.
Segundo ele, no início do trabalho foram registrados muitos casos de morte por malária na região, doença infecciosa que já está controlada. “Em compensação, hoje apareceram as chamadas doenças do mundo ocidental, como a obesidade, o diabetes e outros problemas relacionados ao excesso de peso”, explica.
Uma das justificativas é que a alimentação das tribos está passando por mudanças: peixe, mandioca, milho, cana, mel e frutas ainda fazem parte das refeições. Mas outros ingredientes têm sido adicionados, como o sal comum – e não mais o vegetal, como era comum –, açúcar e óleo de cozinha.
Isso faz com que a dieta dos índios seja mais rica em carboidratos e gorduras e, associadas a outras alterações no estilo de vida, diz Baruzzi, essas mudanças alimentares têm como conseqüência o maior risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares.
“Há uma mudança cultural. Antigamente os índios andavam a pé ou remavam o dia inteiro para atravessar grandes rios em busca de alimentos. Hoje, os caminhões, tratores e barcos a motor modificaram esses hábitos, reduzindo a freqüência de atividades físicas e aumentando as taxas de sedentarismo nessa população”, conta.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
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