domingo, 21 de outubro de 2007

Exército se aproxima dos Ingarikó

Domingo, dia de refletir sobre o futuro dos índios.

Matéria do Estadão fala da presença do Exército numa remota região da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Parece que os índios Ingarikó, da aldeia Carambataí, no sopé do Monte Roraima, pediram ajuda do Exército para fazer uma pista de pouso para que eles pudessem se comunicar com o Brasil.

A matéria fala também do isolamento dos Ingarikó em relação aos brasileiros, não em relação aos venezuelanos e guianeses. Que falam bem essas línguas mas não português. Custo a crer!

Ademais, parece que o repórter se mostra satisfeito com o fato dos índios admirarem o Exércíto pela palavra sempre cumprida e não o CIR, o Conselho Indígena de Roraima, que tem muita influência da Igreja.

Vamos pensar sobre tudo isso e esperar que um dos indigenistas que conhecem a região nos brinde com sua visão da questão.



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FAB faz pista na Amazônia, perto de Venezuela e Guiana

Caramambataí é uma área estratégica, a 6 km do território venezuelano a outros 6,5 km da divisa guianense

Roberti Godoy - Estadão

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SÃO PAULO - O Comando da Aeronáutica precisou de dez meses para construir, e está operando de forma experimental desde agosto, a mais remota pista de operações da Amazônia - uma faixa de 700 metros de terra e pedra moída, rasgada em Caramambataí, um planalto a 1.200 metros de altitude no sopé do Monte Roraima, norte de Rondônia.
É a única presença do governo federal na delicada região da tríplice fronteira do Brasil com a Guiana e a Venezuela. “O pior cenário nessa situação de distanciamento é a vulnerabilidade a ações ilícitas”, afirma o brigadeiro José Eduardo Xavier, comandante do 7º Comando Aéreo Regional (Comar), referindo-se a contrabandistas e a traficantes.

Em agosto do ano passado, dois helicópteros militares da Venezuela invadiram o espaço aéreo brasileiro voando sobre a Amazônia, ao norte de Roraima. Um deles pousou na aldeia Xitei, do povo ianomâmi. Três tripulantes desembarcaram e fizeram perguntas ao chefe Ie’Kuana sobre o garimpo de ouro explorado pela comunidade, e não se intimidaram com a presença dos representantes da Diocese de Rondônia e do Ministério Público Federal de Boa Vista, que visitavam o povoado. Um relato chegou ao Comando Militar da Amazônia (CMA) em Manaus, e ao 7º Comar.

Caramambataí é uma área estratégica, a 6 quilômetros de distância do território venezuelano e, na direção oposta, a outros 6,5 quilômetros da divisa guianense. Uma paisagem surpreendente de savanas, vegetação baixa, poucas árvores e serras altas, tudo muito diferente do padrão encontrado ao redor, na densa floresta amazônica.

Há uma semana, a nova pista passou por um teste pesado: recebeu os vôos da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportaram líderes de cinco nações indígenas - ingaricó, tarepangue, macuxi, patamona e wakayo - para uma reunião na aldeia Manalai, em uma assembléia de 48 horas, com 1.500 participantes. Na pauta, programas de desenvolvimento e tratados de convivência pacífica entre os grupos.

DESAFIO

A obra de Caramambataí, iniciada em outubro de 2006, foi muito difícil. O 7º Serviço de Engenharia teve de transportar em partes um trator de esteiras D-4, de 10 toneladas, a bordo ou na ponta de um cabo externo de um helicóptero Black Hawk. Outro problema foi a compra dos materiais básicos. Por exemplo: um metro cúbico de brita, inexistente no local, não sai por menos de R$ 100, quando custa R$ 10 em São Paulo. Equipes de 20 a 30 homens da FAB permaneceram acampadas no local, às vezes por período contínuo de 30 dias. Foi preciso construir um galpão para abrigar a oficina e estabelecer acomodações para os técnicos.


“É a Amazônia, mas não há árvores, nem mesmo para pendurar uma rede”, destaca um dos oficiais engenheiros envolvidos no projeto e no trabalho de campo.

A partir de novembro, ao menos uma vez por mês haverá um vôo do Correio Aéreo Nacional (CAN) para entrega de medicamentos, suprimentos em geral e transporte de pessoal da área de saúde - médicos e dentistas principalmente. A pista continuará recebendo mais recursos de orientação ao vôo.

Ainda assim, o ponto não vai se transformar em uma base aérea. “Vejo no futuro essa instalação servindo de primeiro estágio para implantação de um Pelotão Especial de Fronteira (PEF) do Exército”, afirma Xavier. Os PEF, formados por cerca de 50 combatentes, são muito ágeis.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, sustenta a tese de que “a blindagem da Amazônia é prioritária e deve ser feita a curto prazo”.

SOCIAL

Em Caramambataí - que faz parte da Reserva Raposa Serra do Sol, com 1,7 milhão de hectares - havia um pequeno espaço desnivelado, usado em condição crítica para receber aeronaves pequenas. Em setembro de 2006, o Conselho dos Povos Indígenas Ingaricó pediu a criação de uma linha do Correio Aéreo Nacional para atender ao núcleo. “Um levantamento revelou que em situações de emergência era preciso caminhar até 5 dias para chegar a um ponto com alguma estrutura de atendimento, enquanto por via aérea o tempo não passa de uma hora”, diz Xavier.

A pesquisa revelou mais. Mostrou que grande parte da população falava além do idioma da etnia, também o inglês, da Guiana, e o espanhol, da Venezuela. Todavia, sem contato com brasileiros, poucos falam, e de forma precária, o português.

Na região, há sete aldeias de ingaricós, num total de 1.700 indígenas.

“O valor moral básico dessas pessoas é a palavra empenhada”, observa o brigadeiro Xavier. Por conta disso, as lideranças se distanciaram de entidades como o Conselho Indigenista de Rondônia (CIR), composto por nove organizações não-governamentais, e das principais organizações missionárias. Mas são admiradores da Força Aérea, pela promessa cumprida de modernizar Caramambataí.

As missões mensais, com aviões C-115 Búfalo serão integradas por equipes médicas formadas por clínicos, ginecologistas, pediatras, dermatologistas e ortopedistas.

Um comentário:

Emerson Rodrigues disse...

Bom creio que o Sr. Godoy padece carece de informações básicas geográficas e de uma dose de realidade sobre a Amazônia ( a matéria tendenciosa fala por si só). Aqui é Roraima não Rondônia como ele afirma sobre o CIR CONSELHO INDIGENA DE RORAIMA RORAIMA RORAIMA. A realidade dos povos da Amazônia distintas e diversificadas e as suas demandas políticas são negligenciadas em todas as esferas e instancias governamentais. Somente quem conhece a realidade dos Ingariko sabem que eles são triligues quadrilingues e falam muito bem o português Sr. Gogoy, o estado brasileiro como sempre os ignorou e os ignora, uma pista nas serras significa acessar o estado brasileiro com os seus serviços públicos. Claro que os militares têm muitos interesses na região e ganham mais com a pista pois é a pista mais setentrional do país e cogitam construir umas das 7 bases militares que estão programadas para Roraima. Dessa forma a pista serve para o povo Ingaricó mais é muito mais estratégica para os militares.

 
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