sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Santa Catarina rejeita índios Guarani

Vejam a que ponto chegou a situação de preconceito contra os índios em Santa Catarina.

A cidade de Gaspar tanto pressionou que a Funai desistiu de comprar uma gleba de terras para os índios Guarani que estão na beira da BR-101.

Os habitantes dizem que não é preconceito, mas que não querem índios por perto porque não sabem o que eles farão no futuro.

Se isto não é preconceito, não sei o que é.

Na verdade, Santa Catarina está em levante contra os índios desde que o Ministro da Justiça publicou, de uma só vez, quatro portarias de demarcação de terras indígenas no Oeste Catarinense. Aí até o PT local ficou contra. É muito amadorismo que tomou conta da questão indígena no Brasil. Acham que é só querer que a coisa sai. Aí os índios ficam prejudicados por muito mais tempo.

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Depois de a prefeitura declarar de utilidade pública área que abrigaria índios, Funai desiste de Gaspar

MAGALI MOSER

GASPAR O impasse entre a prefeitura e a FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (Funai) sobre o terreno de 104 hectares mais de um milhão de metros quadrados na localidade de Macucos terminou esta semana. A Funai desistiu de adquirir o local para a construção de uma reserva indígena.

No entanto, a polêmica com a decisão da prefeitura de declarar a área de utilidade pública um dia depois de a Funai notificar o poder público municipal para a compra do lote está longe de acabar.

Depois das manifestações contrárias por parte da população e da prefeitura, a Funai entrou duas vezes com pedido de liminar na tentativa de derrubar a determinação do poder público. Mas, a fundação desistiu do terreno após enfrentar as resistências.

A intenção da Funai era transformar o terreno em uma reserva para 10 famílias indígenas da tribo Guarani, que seriam deslocadas da reserva do Morro dos Cavalos, em Palhoça.

Temos uma grande dívida com esse povo, porque eles são os verdadeiros donos da terra por já estarem aqui quando os portugueses chegaram. Mas a sociedade muitas vezes quer que o diferente se molde ao convencional. Eles são seres humanos, a única coisa que têm de diferente é a cultura enfatiza o administrador regional da Funai, Glênio da Costa Alvarez Ferreira.

O procurador geral de Gaspar, Aurélio Marcos de Souza, cita o plano diretor do município, instituído em 2004 para defender a postura do poder público. Ele falou ontem à reportagem do Santa em nome do prefeito Adilson Schmitt.

Dizer que somos preconceituosos é mentira. Aquela é uma Área de Ocupação Controlada (AOC). Só achamos que o município não foi consultado e quando se faz um assentamento indígena é necessário promover audiências públicas defende.

Sem casa

Com a duplicação da BR 101, a Funai e o Departamento Nacional de Infra estrutura e Transportes (Dnit) assinaram um convênio para a compensação dos impactos ambientais gerados com a obra. O programa previa, entre outras medidas, a aquisição de quatro áreas que serviriam como reservas indígenas em Santa Catarina. Três dos terrenos já foram adquiridos (um em Canelinha e dois em Biguaçu)

O quarto terreno seria em Gaspar, mas depois das reações contrárias da comunidade e da prefeitura, a Funai desistiu do terreno e ainda não anunciou onde pretende adquirir a nova área

Vizinhos apoiam prefeitura

Os moradores próximos ao terreno registrado como Sítio Canto Feliz Ltda apoiam a decisão da prefeitura de Gaspar.

Não tenho nada contra os índios, mas eles que fiquem onde estão. O prefeito está certo. Lugar de índio é no meio do mato. Aqui é lugar de gente civilizada. Se forem para a cidade, deixarão de ser índios contesta o microempresário Pascásio Luis Schmitt, 53 anos.

Temos medo de perder nosso sossego. Eles são seres humanos como nós. Mas não sabemos como será o comportamento deles. Prefiro que fiquem onde estão dispara o aposentado Valmor Wilwert, 59.

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