sexta-feira, 13 de julho de 2007

Rapazes Pataxó fazem graça no Panamericano

Os índios Pataxó, quando querem, sabem fazer muita graça. Essa matéria de O Globo mostra que alguns rapazes estão acampados perto do estádio do Maracanã exibindo jogos indígenas para se comparar com os jogos panamericanos e chamar atenção para si.

Até corrida de tora, que os Pataxó nunca fizeram, esses rapazes dizem que é tradição. Os cariocas adoram.

Alguns índios que moram no Rio de Janeiro querem tomar conta do velho prédio do ministério da Agricultura que se encontra abandonado, perto do Maracanã. Esse prédio já abrigou o Museu do Índio, quando foi fundado por Rondon e Darcy Ribeiro, em 1953. Só em 1980 é que o Museu do Índio foi levado para a Rua das Palmeiras, para um prédio que tinha sido sede do ISEB. Podia era ser trazido de volta para o prédio que hoje os índios querem para si.

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Do lado de fora, os jogos indígenas

Atletas de diversas tribos fazem competição paralela para divulgar a sua cultura

Corridas de tronco, lutas corporais, tiros com arco e flecha e destreza com a zarabatana. Tudo isso ocorrerá a partir de amanhã ao lado do Maracanã, junto à decoração dos Jogos. As competições indígenas remeterão a mascote Cauê a uma espécie de Kuarup (ritual indígena para homenagear os mortos) de cidade grande, no extinto Museu do Índio, fechado desde a década de 70. O objetivo dos cerca de 50 membros de várias tribos, incluindo pataxós e guaranis, que invadiram a área do antigo museu em outubro do ano passado, é aproveitar o Pan para chamar a atenção dos visitantes para as suas causas.

- A gente bem que queria participar da cerimônia de abertura, mas não fomos convidados. E nem temos dinheiro para pagar as entradas do Maracanã.

Mas vamos aproveitar o Pan para divulgar a luta do índio pela manutenção de sua cultura no Brasil - explica Arassari Pataxó, ou José Raimundo de Souza Sílva, seu nome na cultura dos brancos.

Ao contrário do Pan, onde estima-se que estejam sendo gastos R$ 3,5 bilhões, o orçamento da festa alternativa é curto. Afinal, quase todos os índios vivem da venda de artesanato pelas ruas do Rio. Mas assim como os Jogos, a festa indígena também tem convidados internacionais. No caso, uma banda indígena da tribo tchaka, do Peru.

A apresentação da cultura para os caras-pálidas incluirá uma espécie de festival gastronômico. Os índios pretendem vender carne de sol com aipim, milho e moqueca, entre outras iguarias.

A tabela de preços não foi divulgada, mas Arassari garante que serão populares.

Uma dos atletas mais conhecidos do grupo é Patiburi Pataxó, de 34 anos, especialista na corrida de troncos, que ajuda a desenvolver a musculatura.

Independentemente do Pan, os índios se esforçam para manter a tradição na cidade grande. O prédio do velho museu está em ruínas: nem escadas existem mais, mas o terreno abriga novas construções.

A promessa que afirmam ter recebido da União de recuperar o prédio para que o local volte a ser um centro cultural por enquanto permanece no papel.

Para comemorar o Dia do Índio, em 19 de abril passado, os índios construíram uma oca numa área livre do terreno. E todas as tardes, a partir das 15h, dançam o auê. Curiosamente, o mesmo ritual foi realizado em junho, em Santa Cruz de Cabrália (BA), por índios pataxós para homenagear a chegada da Tocha Pan-Americana ao Brasil.

3 comentários:

Adla Viana disse...

Apesar de não termos registros de corridas de tora, no sentido Timbira deste ritual, na Coroa vermelha/Jaqueira os rapazes que desejam casar têem que correr com uma tora do mesmo peso que a noiva, é uma prática "redescoberta" segundo eles. Bem, já o "Pau do Bastião" tradicional prática dos Pataxó de Cumuruxatiba, é um ritual onde por duas vezes os Pataxó carregam um tronco imenso nas costas, na tirada do pau´, que inícia à meia noite do dia 31 de janeiro e na recolocação do novo mastro. Note que o mastro velho fica na beira do rio Cumuruxatiba, secando e torna-se a fogueira nas festas juninas.

Adla Viana disse...

Puxada do Mastro de São Sebastião – Cumuruxatiba
Homenagem ao santo encenada no seu dia, 20 de janeiro no distrito de Cumuruxatiba. Conta com ampla participação dos Pataxó de Barra do Cai e Córrego Dourado, próximas ao distrito (MEJIA, MEJIA, 2002). Cabe notar que este tipo de encenação em homenagem a São Sebastião é comum entre os povos indígenas de todo o Sul e Extremo Sul baianos. Os Pataxó de Barra Velha/Porto Seguro e os Tupinambá de Olivença/Ilhéus têm suas “Puxadas de Mastro”. Antropólogos vêm vinculando esta manifestação à corrida de toras (OLIVEIRA, 2003), um importante elemento caracterizador da cultura dos povos indígenas pertencentes à família Macro-Gê.

Anônimo disse...

Gostei de ler os comentários do Projeto Tradições Étnicas entre os Pataxó. fica aqui a aceitação dessa colaboração e desse reparo muito interessante.
Abraços a todos do Projeto, Mércio

 
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