sábado, 28 de julho de 2007

Índia Nambiquara demonstra amor à educação

Eis um exemplo de dedicação ao seu povo e ao pensamento de que a educação escolar do seu povo vai ajudar no seu caminho de continuidade étnica e de valorização cultural.

Também merece elogios o Projeto Hayô, da secretaria de educação do Mato Grosso. Aliás, a política educacional do Mato Grosso, em relação aos povos indígenas, é pioneira, e vem do período em que era governador o saudoso Dante de Oliveira.

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Professora índia de Sapezal percorre 600 km para estudar no Projeto Hayô

Leontina Nanbiquara, 27, casada, mãe de quatro filhos, moradora da Aldeia Jacú, localizada no município de Sapezal, a 480 km de Cuiabá, percorre cerca de 600 km para chegar ao pólo de Juina, onde freqüenta o Curso de Magistério Intercultural. O Curso é oferecido pelo Projeto Hayô - uma formação para índios promovida pelo governo de Mato Grosso, por meio da Seduc, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Conselho Estadual Indígena (CEI) e municípios participantes.

A superação de Leontina vai além da distância territorial, ela precisa administrar a vida familiar para conseguir estudar. Como a professora ainda amamenta a pequena filha Wendylene Nanbiquara, 2 anos, o jeito foi trazer o filho mais velho, Túlio Welling Nanbiquera,12 anos, para ajudar a cuidar da irmã durante o módulo que terminou nesta sexta, 28 de julho.

"Me casei aos 14 anos, meus pais não queriam que eu fosse para a cidade estudar, aprendi a ler sozinha, sempre me interessei pela língua e cultura materna, mas sei que para sobreviver hoje preciso também adquirir o conhecimento dos brancos".

Em casa, pela manhã, Leontina realiza os serviços domésticos. À tarde, leciona, de segunda à sexta-feira para crianças de 1ª e 2ª séries, numa sala multiseriada. "Estudar é necessário, dou aula e procuro aumentar os meus conhecimentos, quero adquirir mais prática para auxiliar as crianças da minha turma", relatou.

O Projeto Hayiô, respeitando as questões sócio-culturais, garante a permanência de crianças em fase de lactação junto das mães nos 30 dias de curso. Para tanto, assegura o direito à aluna de levar um acompanhante para cuidar do bebê durante a permanência dela em sala de aula.

"A mãe índia amamenta seus filhos por muito mais tempo que a não-índia. Em respeito a esse saudável costume indígena a Seduc garante a estadia para o ajudante da mãe, o que tem trazido satisfatórios entre as mães cursistas", comemorou Letícia Antonia de Queiroz, gerente de Educação Indígena da Seduc.

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