domingo, 15 de julho de 2007

Cientistas decidiram licença de hidrelétricas no rio Madeira.

Vale a pena saber que, ao decidir sobre a licença das hidrelétricas no rio Madeira, o presidente Lula convocou alguns importantes cientistas para definir os impactos que poderiam acontecer com a construção dessas hidrelétricas e como remediá-los.

Essa matéria, do jornal Estado de São Paulo, esclarece isso. Parabéns ao Presidente.

Hoje sairam diversas matérias fazendo um balanço dos prós e contras das hidrelétricas, e das dificuldades que poderão ainda existir. Mas acho que a parada está ganha para o presidente Lula e para os que acham que aproveitar o potencial hidrelétrico da Amazônia é imprescindível para o crescimento do Brasil.

É interessante notar que a reclamação da Bolívia está sendo interpretada como um meio desse país impor ao Brasil a idéia de que essas hidrelétricas são binacionais. Esperto, o Morales, mas nem tanto.

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Grupo de notáveis discutiu projeto

A pedido de Lula, ministra Dilma Rousseff convocou cientistas para debater viabilidade das usinas no Rio Madeira

Agnaldo Brito

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou um grupo de renomados cientistas brasileiros especializados em reservatórios, doenças tropicais e na região amazônica para demonstrar ao núcleo ambiental do governo que a concessão da licença prévia para as usinas de Jirau e Santo Antônio, no Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, era viável.

A reunião foi realizada no dia 25 de maio no Palácio do Planalto. Segundo uma fonte ouvida pelo Estado, o encontro foi fundamental para mostrar ao Ibama a sustentabilidade do projeto a partir de uma lista de exigências para a mudança do projeto original. A licença foi dada sob a imposição de 33 medidas para mitigar o impacto das obras.

Além do presidente e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (encarregada de organizar o encontro), participaram o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e técnicos do Ibama.

Entre os convocados pelo Planalto estavam o especialista em zootecnia Claudio Ângelo Agostinho; o técnico do Banco Mundial Sultam Alam; o membro do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Ronaldo Barthem; o especialista em reservatórios José Galizia Tundisi; e o médico especialista em doenças tropicais (como a malária) Luiz Hildebrando Pereira Silva. Todos defenderam o projeto e apontaram as mudanças necessárias para torná-lo sustentável.

'Senti que, a partir daquela reunião, a situação começou a mudar', disse um participante do encontro. A decisão de trazer cientistas conseguiu reaproximar as duas frentes do governo: uma que considera o projeto estratégico do ponto de vista energético e de desenvolvimento da região amazônica e outra preocupada com o impacto ambiental de uma área muito sensível como é essa região.

'O que ficou claro depois do encontro foi que era possível licenciar o projeto, com alterações, e criar um sistema de gestão ambiental na região. Ficou mais caro, mas era o único jeito', disse o participante. A previsão é que o custo imposto pelas alterações indicadas pelos especialistas - e admitida pelo Ibama ao conceder a licença - elevem o valor do empreendimento em pelo menos 10%, ou cerca de R$ 2,8 bilhões. 'É muito dinheiro, sem dúvida. Mas é um valor que deve se pagar ao longo do tempo.'

Entre as mudanças incorporadas estão a gestão dos peixes (principalmente com a construção de uma escada para permitir o deslocamento dos chamados grandes bagres), monitoramento da água e dos sedimentos que correm pelo Rio Madeira e o alargamento da faixa de preservação permanente ao longo do reservatório, que passou de 100 metros para 500 metros nas margens.

Os especialistas sustentaram que o reservatório da Hidrelétrica de Jirau não provocará danos ambientais à Bolívia. O grupo orientou Lula a negociar com os bolivianos um sistema de monitoramento permanente na região e o desenvolvimento de um projeto binacional. Há uma plano boliviano e brasileiro para a construção de uma hidrelétrica na fronteira, nos moldes de Itaipu.

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