quinta-feira, 14 de junho de 2007

Índios Korubo não querem fazer exame sorológico

Veja matéria do Estado online que fala da recusa dos índios do vale do Javari em dar sangue para exame sorológico.

É uma questão muito grave essa da saúde dos índios do vale do Javari. A Funasa diz que tenta de tudo e que a culpa é das organizações indígenas da região, especialmente a SIVAJI. Já estes culpam a Funasa por negligência e irresponsabilidade.

O Ministério Público já tentou intervir diversas vezes, sem conseguir nada. Inclusive numa ocasião em que a Coordenação de Índios Isolados havia levado um grande barco médico, com aparelhos de última geração, patrocinado pela Coca-Cola, para fazer uma avaliação da saúde dos índios de recém-contato. Foi interditado pelo Ministério Público local a pedido da Funasa, que alega, com toda razão, que a saúde indígena é da sua alçada exclusiva. Sim, mas por que não resolve de uma vez?

Só uma intervenção federal por parte do Ministério da Saúde, junto com a Funai e a Casa Civil é que darão um basta a essa calamidade.

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14 de junho de 2007 - 17:39
Índios não participam de exames para inquérito sorológico

Pesquisa, que começou em fevereiro, já investigou o estado de saúde de 2,7 mil indígenas e tem a meta, segundo a Funasa, de examinar mais de 3,5 mil índios
Liège Albuquerque

MANAUS - Pelo menos 800 índios da etnia marubo, na região do Vale do Javari, às margens do Rio Curuçá, no município de Atalaia do Norte , a 1.138 quilômetros de Manaus, se recusaram a participar de exames para um inquérito sorológico, segundo o coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Francisco Aires.

A pesquisa, que começou em fevereiro, já investigou o estado de saúde de 2,7 mil indígenas e tem a meta, segundo a Funasa, de examinar 3,5 mil índios, o equivalente à população indígena do Javari, formada pelas etnias kanamary, marubo, mayuruna, korubo, matis e kulina.

O resultado da pesquisa deve ser divulgado em agosto, mas uma prévia em fevereiro, mostrou que 283 dos indígenas investigados já tiveram hepatite A e que havia 44 contaminados com o tipo B da doença. O índice aceitável pela Organização Mundial de Saúde para a hepatite B é de até 2%.

De acordo com o coordenador da Funasa, os indígenas se negaram a fazer o exame alegando que querem ter acesso ao resultado dos textos. Para Aires, no entanto, essa informação não pode ser divulgada aos indígenas pelo receio que haja "segregação" dos índios doentes. Na região, as doenças que mais ocorrem são vários tipos de hepatite e malária.

Já de acordo com o líder indígena marubo da Coordenação Indígena do Vale do Javari (Civaja) Manoel Choimpa os indígenas não aceitam a vacinação ou o exame sorológico pelo algo número de mortalidade nas aldeias mesmo em indivíduos vacinados. "Há muitas dessas vacinas que precisam mais de uma dose, daí eles (os técnicos de saúde da Funasa) não voltam para essa dose de reforço. E a gente sabe que assim, sem o reforço, a doença vem ainda mais forte", contou.

A enfermeira do Centro Indigenista Missionário (Cimi), Raimunda Paixão Braga, que trabalha com as etnias marubo e kanamari há dez anos, confirma a versão de Choimpa. "Também acontece de estarem morrendo com câncer no fígado em conseqüência de hepatite medicamentosa, por causa das altas doses de quinino que tomam para combater a malária", destaca Raimunda.

Segundo a enfermeira, em uma visita há três meses a uma das aldeias marubo, três indígenas adultos estavam em estado terminal com sintomas de hepatite. "O que acontece é que esses indígenas aceitam sim a vacina, mas como não voltam para a primeira dose e não há nenhum acompanhamento do remédio que ganham para o combate à malária, eles ficam cada vez mais vulneráveis às doenças".

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