terça-feira, 18 de setembro de 2007

Município paraense quer desfazer terras indígenas

As manobras e gincanas contras os povos indígenas crescem por todos os lados. Essa notícia vinda do jornal O Liberal, do Pará, relata que um município quer desfazer uma demarcação de terras indígenas feita em 1945! Sabem por que? Porque o município, que foi criado em 1991, precisa de terras para se desenvolver!

Aí é demais! Até onde vai o anti-indigenismo no Brasil?

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Prefeitura quer anular reserva tembé

Área seria entrave a desenvolvimento econômico de Nova Esperança do Piriá

ALINE BRELAZ

O Liberal, da Redação

A luta do povo Tembé no Pará pela desocupação das terras de sua reserva, localizada na região do alto Rio Guamá, fronteira com o Maranhão, ainda está muito longe do fim. Além de posseiros, madeireiros, assentamentos de colonos do Incra e inúmeros grileiros que ocuparam grande parte da reserva, os índios ainda enfrentam a ação judicial movida pela prefeitura de Nova Esperança do Piriá, requerendo a anulação do decreto que criou a área. A ação, que tramita na subseção da Justiça em Castanhal, foi ajuizada em 2004 com a intenção de resgatar 96 mil hectares da reserva dos Tembés, que engloba cerca de 75% do território do município.

A alegação da gestão municipal é de que Nova Esperança do Piriá não tem como se desenvolver economicamente com a reserva, já que é proibido produzir nas terras dos índigenas. A ação está em fase final e a sentença deverá ser proferida ainda este ano.

Na semana passada, lideranças tembés estiveram na capital, em reunião com representantes da Funai, Incra e Ministério Público Federal. Eles também participaram de audiência pública na Assembléia Legislativa com deputados estaduais. Na pauta, as antigas reivindicações: desocupação de sua reserva e a busca por serviços essenciais para o seu povo.

O atual prefeito de Nova Esperança do Piriá, Francisco Souza, explicou na audiência com os deputados que a ação foi movida pela gestão anterior a sua, mas ele é favorável que parte das terras indígenas sejam destinadas à produção do município. Ele comunga com a idéia de que os índios impedem o desenvolvimento e que é necessário usar a área para exploração econômica das espécies da reserva.

A reserva Tembé é rica em várias espécies vegetais, como madeiras de lei cobiçadas por madeireiros, mas o povo indígena e os colonos dos assentamentos montados ao redor e dentro da área sobrevivem em situação de extrema pobreza, onde os serviços de educação, saúde e transporte público, entre outros, são quase inexistentes. Nos últimos três anos, a Polícia Federal já fez várias apreensões de plantio de maconha na área, mais um problema para os índios.

TRÁGICO

O procurador-chefe em exercício da Procuradoria da União no Pará, Dênis Pereira, explica que Advocacia Geral da União refuta os dados da prefeitura de Nova Esperança do Piriá sobre o tamanho da área do município ocupada pela reserva Tembé. Segundo o procurador, a prefeitura não apresentou nenhum estudo antropológico para comprovar esses dados. Seria necessário, explica Dênis Pereira, resgatar a literatura sobre o povo indígena nesta região, sobre todos os aspectos. "Nossa expectativa é que esse processo não tenha sucesso. A prefeitura não apresentou perícia das terras e o processo em breve deverá ser sentenciado. É muito pouco provável que a sentença seja favorável ao município, porque a repercussão seria trágica", define o procurador. Para ele, uma decisão contra os índios iria desencadear uma invasão desenfreada da reserva, que já sofre com a ocupação ilegal.

Mas essa não é uma ação exclusiva contra as terras dos tembés. Outras ações assemelhadas têm sido ajuizadas em outros municípios do Pará, segundo aponta o procurador da União. Dênis Pereira ressalta que a postura da Justiça Federal tem sido de negar esses pedidos, inclusive, indeferindo pedidos de indenizações de ocupantes de reservas indígenas, que são retirados da área.

O procurador explica que o processo contra os Tembés se encontra em fase de alegações finais e que a AGU já apresentou sua argumentação contrária, assim como o parecer do Ministério Público sobre o processo é pelo indeferimento. Falta a Procuradoria da Funai apresentar as argumentações, assim como a prefeitura de Nova Esperança do Piriá.

O mapa da reserva

A terrra dos Tembés foi criada em 1945. Possui 279 mil hectares, localizada no nordeste Paraense, entre os municípios de Viseu, Nova Esperança do Piriá, Cachoeira do Piriá e do município maranhense de Imperatriz.

A área é banhada pelo Rio Piriá e detém espécies vegetais cobiçadas internacionalmente. Na reserva vivem cerca de 2 mil indígenas da etnia Tembé.

A ação ordinária de anulação de terras indígenas Nº 11/06 foi movida pela prefeitura de Nova Esperança do Piriá em 2004. Mas a assessoria jurídica do município extraviou os autos do processo.

Em 2006, os autos foram restaurados sob o Nº 39.04.003310-7. O município de Nova Esperança do Piriá foi criado em 1991 pela Lei 5.707, desmembrado de Viseu. Nova Esperança faz limite com os municípios de Viseu, Cachoeira do Piriá, Paragominas e Santa Luzia do Pará.

Possui cerca de 30 mil habitantes e sua economia é baseada na pecuarária, agricultura e na atividade madeireira.

Um comentário:

TECNICOS(AS) EM ENFERMAGEM BRIGA disse...

O município foi criado para se desenvolver que na época os separatistas argumentavam, que tinham condições para ser município apenas se separando de Viseu. Agora não se desenvolvem por causa dos indígenas. Se as terras indígenas forem entregues para esses assassinos da natureza, depois de explorada a terra, qual será a outra argumentação? ora! sabe-se que para desenvolver uma região é preciso gestão cientifica. Atributo que falta Para esses gestores despreparados. Se fossem realmente preparados trabalhariam para desenvolver inclusive os povos Teneteharas investindo em ciencia, tecnologia e turismo nas aldeias com os povos indigenas. O que tem que fazer para desenvolver o município é tirar esses governos municipais assainos da etnia e da natureza. abram o olho! sociedade.
Mais ainda! as terras indigenas estão legalizadas desde 1945. o municipio foi criado em 1991. é direito por usucapião dos indigenas. Se o municipio não tem condições de se desenvolver com os povos indigenas então volte à Viseu e se preparem, estudem para depois assumir a direção de um municipio. sem preparo não é possivel governar nem a propria casa.

 
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