Manaus está sentindo o drama de uma doação de bebê e a retomada do bebê pela mãe doadora. Sendo que ela é indígena e aí a confusão chama a atenção.
Uma série de equívocos e mal entendidos. Mas, ao final, a matéria parece esclarecer tudo.
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Doação de bebê indígena gera polêmica e é desfeita
Jorge Eduardo Dantas
Da equipe de A CRITICA
A doação, a princípio, de uma criança indígena de apenas quatro dias de vida para uma família "branca" virou motivo de polêmica, ontem, entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a Fundação Nacional do índio (Funai) e a comunidade indígena Sateré-Maué instalada na entrada do Conjunto Hiléia, na Zona Centro-Oeste. Por cerca de quatro horas o bebê ficou "desaparecido", reaparecendo, no final da tarde, na Funai.
Enganada
Os líderes da comunidade afirmam que a mãe da criança, uma Sateré de 35 anos, identificada apenas como Danila Menezes, foi enganada e forçada a dar seu bebê para uma família desconhecida. Eles alegam que
Danila não falaria corretamente o português e não teria como se defender durante o momento em que o filho foi tirado dela.
A Funai e a Funasa refutaram esta hipótese, dizendo que Danila teria manifestado a vontade de doar o recém-nascido, ainda quando estava grávida. O problema é que ela teria se arrependido quando ficou sem filho, talvez por ver o que tinha feito.
De acordo com o responsável pela comunidade Sateré-Maué, o cacique Luiz Sateré, 49, Danila reside na Casa de Saúde do índio (Casai) há pouco mais de cinco anos. Ela acompanha um de seus filhos, que possui problemas de saúde e realiza tratamento naquele local.
Danila teria dado à luz uma menina na sexta-feira, no interior da Casai - que está situada no quilômetro 26 da AM-010 (Manaus-Itacoatiara). No entanto, ela teria sido deslocada para a aldeia Sateré após o parto, para ficar com parentes.
Funai acompanhou o caso
O administrador regional da Funai, Edgar Rodrigues, afirmou que a criança foi levada ontem à tarde ao encontro da mãe, na Casai. Segundo ele, o que ocorreu foi que Danila se arrependeu de ter doado a filha - que foi parar nos braços de um casal de dentistas indicado por ela mesma - e exigiu a criança de volta.
"Desde que soube da gravidez, ela quis doar a criança. Nós acompanhamos todo o processo e tomamos as medidas legais para que o procedimento fosse realizado", explicou. Edgar contou que, assim como foi respeitado o direito da mãe de querer doar a menina, também foi respeitado seu direito de tê-la de volta. Ele contou também que Danila não tem dificuldade alguma de se comunicar em português e que ela, espontaneamente, procurou a Funai buscando a intermediação do órgão na doação da criança.
"Danila tem sete filhos e cinco deles foram doados. Este seria o primeiro em que o processo foi todo acompanhado", lamentou.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
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