Domingo, dia de lutar por Raposa Serra do Sol
Amigos, não podemos abrir mão da retirada dos arrozeiros de Raposa Serra do Sol.
Hoje sai grande matéria no jornal O Globo sobre os planos de governo de retirar os arrozeiros, a bazófia dos arrozeiros de que ficarão, e a ambiguidades de algumas lideranças.
Numa das matérias aparece um índio Baré (que nem da região é) apoiando os arrozeiros. Este é o típico exemplo do mameluco. Vai perseguir o povo indígena em prol dos brancos. Descaradamente.
Até o Nelson Jobim está trabalhando a favor. Demitiu um general do Ministério da Defesa que estava contra. Viva Jobim!
Leiam essa matéria, que foi dividida em três partes, e continuem firme em prol da desintrusão dos invasores dessa terra indígena.
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Raposa Serra do Sol em pé de guerra
Produtores de arroz resistem a operação para desocupar reserva, e índios dão ultimato ao governo
Rodrigo Taves Enviado especial RAPOSA SERRA DO SOL
A decisão do governo federal de protelar a operação policial de retirada de sete grandes produtores de arroz da área indígena de Raposa Serra do Sol, em Roraima, transformou a reserva num barril de pólvora prestes a explodir. Há uma semana, seis malocas foram incendiadas numa das 194 aldeias da reserva, e os índios, divididos em oito diferentes grupos, atribuíram o crime a arrozeiros interessados em aumentar a briga entre eles. Os índios também acusam os rizicultores de contratar seguranças armados para rodar de moto pelas comunidades, sempre à noite, disparando tiros para cima e fazendo arruaças.
Em junho, no mais grave conflito dos últimos meses, índios atiraram flechas contra motoqueiros a serviço do rizicultor Paulo César Quartiero, que se nega a sair da reserva, apesar de já ter sido indenizado pela Funai, e é acusado de provocar o terror na aldeia Surumu, próxima de uma de suas fazendas. Pouco antes, os motoqueiros tinham destruído um barracão que estava sendo construído pelos índios, num ato em que agrediram pessoas, furaram tambores de óleo diesel e misturaram o combustível à comida que estava sendo estocada pelos macuxis e wapichanas. Umas das flechas atingiu e feriu uma garota que estava na garupa da moto de um dos jagunços.
Fazendeiro diz que resistirá à força à operação de retirada A operação de retirada dos sete arrozeiros, os últimos a resistir à desocupação da terra indígena, estava prevista para no máximo este mês, mas foi mais uma vez adiada por causa das ameaças de Quartiero, que fala em resistir à força à ação da Polícia Federal e do Exército. O governo teme que o rizicultor use, na linha de frente de sua resistência, os índios ligados à Sodiur, um dos oito grupos indígenas de Raposa Serra do Sol.
Muitos dos índios da Sodiur são empregados de Quartiero, ou recebem benefícios dos produtores. Um confronto durante a operação teria repercussão internacional negativa.
O problema é que os índios que reivindicam a desintrusão da área são a grande maioria dos 19 mil indígenas de Raposa Serra do Sol, e têm a seu favor a sentença definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF), expedida há mais de um ano e meio, determinando a retirada de todos os nãoiacute;ndios da reserva. Mais de cem fazendeiros e outros 300 brancos já deixaram a área a caminho de assentamentos do Incra, e receberam parte dos R$ 12 milhões em indenizações já pagos pela Funai. Agora, os índios já não aceitam mais a promessa, muita vezes reiterada e descumprida, de que os sete arrozeiros serão retirados.
- A paciência está acabando, já está demorando demais. Como os índios vão aceitar ser destruídos em sua própria casa? É o último recado que estamos dando. Acredito que já tivemos calma até demais.
Não dá mais para sermos perseguidos e destruídos dentro de nossas próprias terras - diz o macuxi Válter Oliveira, coordenador, na aldeia Surumu, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), uma das oito entidades de índios de Raposa.
Do lado oposto, Paulo César Quartiero tem a seu favor o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o deputado federal Márcio Junqueira (DEM-RR), parte dos deputados estaduais, quase todos os agropecuaristas do estado, e a imprensa de Roraima, que faz intensa campanha contra os índios e contra a operação do governo federal.
Estradas federais foram bloqueadas e agentes da PF, seqüestrados Estradas federais já foram bloqueadas, a sede da superintendência da Polícia Federal foi interditada por manifestantes, dois agentes da PF foram seqüestrados dentro de Raposa Serra do Sol por índios ligados a Quartiero, e a Assembléia Legislativa é palco de manifestações semanais a favor dos produtores de arroz. Quartiero avisa que isso é só o começo.
- Se eles fizerem mesmo a operação, temos condições de enfrentar. Simplesmente vamos paralisar o estado, trancar as estradas, os aeroportos e os rios. O governo Lula está brincando, vai morrer gente aqui. Este estado é um barril de pólvora à beira da comoção social. Basta darmos uma bandeira para o povo e isso aqui vai explodir - ameaça o rizicultor, enquanto continua plantando arroz e soja em suas propriedades como se nada estivesse acontecendo.
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Aliado dos produtores, grupo de índios ameaça enfrentar a polícia
"Este governo vai ver o que arrumou ao se meter com a gente", diz fazendeiro
Paulo César Quartiero e os outros arrozeiros se encarregam de obter a ajuda de grupos de índios para seu propósito de manter terras às margens dos rios Surumu, Cotingo e Tacutu, mais favoráveis à agricultura em Raposa Serra do Sol. Um dos grupos que já se prepara para o confronto é comandado por José Brazão, um índio da etnia baré que integra a Alidcir, outra das facções indígenas.
Pastor evangélico, Brazão será expulso da área na operação, pois os índios o acusam de ser braço-direito de Quartiero. Mas ele também promete briga: - Se de novo os policiais vierem armados até os dentes, pode ter certeza de que o Natal de muita gente aqui vai ser negro - diz Brazão, referindo-se a uma operação de 2006 em que a PF usou 320 agentes para entrar na área e dar proteção para o cadastramento dos não-Indios. Há um mês, o comitê gestor do governo, criado em 2005 para tentar cumprir o decreto de homologação da reserva indígena, depositou em juízo R$ 5 milhões em indenizações para os sete rizicultores, pelas benfeitorias em suas propriedades. Foram oferecidos também sete lotes de 1.500 hectares para cada produtor, em área da União. Quartiero, porém, diz que suas fazendas valem mais de R$ 60 milhões, e que levaria mais de 20 anos para refazer a infra-estrutura de irrigação, montada irregularmente.
- Este governo vai ver o que arrumou ao se meter com a gente. Quem vai nos tirar daqui? Este governo ridículo tira alguém? Fechamos as estradas, acabamos com as pontes, e eles vão se arrepender. Eles são os americanos e nós, os iraquianos - diz o fazendeiro, usando o mesmo tipo de argumento que fez o governo protelar por mais de um ano a operação de desintrusão da reserva. É o mesmo discurso feito por políticos de seu grupo diariamente em emissoras de TV e jornais de Boa Vista.
Quartiero e o deputado Márcio Junqueira são acusados pelos tuxauas (caciques) ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) de invadir a reserva com cinegrafistas. Na mais recente incursão, eles teriam perseguido o tuxaua Anselmo Dionísio Filho, que, revoltado, puxou um facão e cortou os fios da câmera que o filmava. As imagens foram usadas contra os índios em programas que serviram para reforçar na TV o sentimento anti-indígena que agrava as tensões em Roraima. Os índios protestam contra a PF por não proteger a reserva.
- Se voltarem para perseguir os tuxauas, não sabemos o que pode acontecer. Já esperamos demais, e que as coisas aqui não estão boas. Não dá para continuar dessa forma - adverte o tuxaua Tedir Alves, da comunidade Pedreira, num ultimato que o governo federal até agora finge não ouvir.
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Assessor da Casa Civil diz que operação de retirada é irreversível
Estratégia do governo é apreender as máquinas e os tratores de fazendeiro
Rodrigo Taves, de Boa Vista
Chefe do comitê gestor montado pelo governo federal para a desocupação de Raposa Serra do Sol, José Nagib Lima, assessor especial da Casa Civil, diz que a operação de retirada dos não índios é irreversível e que, antes do Natal, o arrozeiro Paulo César Quartiero e seus aliados não estarão mais na reserva.
A estratégia do governo é apreender as máquinas e os tratores de Quartiero, pois o fazendeiro não pagou multas aplicadas pelo Ibama por crime ambiental. Além de ter tomado posse de terras da União, Quartiero bombeia irregularmente a água do Rio Surumu para irrigar as plantações de arroz, e é ainda acusado de derrubar vegetação nativa.
- A operação vai sair, não há mais o que esperar. A personalidade de Quartiero é de conflito, é sanguinária. Ele apostava na divisão dos índios, mas hoje é pouco provável que as entidades indígenas estejam na linha de frente da resistência à operação.
É claro que vai ter índio reagindo, mas não como movimento organizado - diz Nagib.
Outros 20 brancos continuam na reserva. A comerciante Maria Luiza Pereira, que não aceitou o valor da indenização estipulado pelo governo, é acusada de vender cachaça aos índios, inclusive aos adolescentes, apesar de ter recebido uma comissão de mães, que apelaram por seu bom senso. A embriaguez é um dos principais problemas sociais na reserva. Ela diz: - índio é uma peste que parece gente, mas não é.
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Jobim demite general
Santa Rosa era contrário à retirada
Evandro Éboli
BRASÍLIA. Contrário ao apoio das Forças Armadas à operação que a Polícia Federal programou para retirar arrozeiros de Raposa Serra do Sol, o general Maynard Santa Rosa foi demitido do cargo de secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa. A decisão foi do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O afastamento de Santa Rosa gerou mal-estar no Alto Comando do Exército, que também tem restrições ao uso de tropas na ação em Roraima.
A demissão do general ocorreu alguns dias após ele ter declarado ao GLOBO que a ação dos agentes da PF, com apoio dos militares, era inadequada e que haveria resistência armada da população local à operação. Antes, em audiência no Congresso, o general criticou a atuação das ONGs na Amazônia. Santa Rosa foi substituído pelo general Barros Moreira.
O ministério negou que a saída do general tenha relação com suas declarações sobre Raposa Serra do Sol. O novo comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira, no posto há duas semanas, disse que a situação de Raposa o "preocupa bastante", mas que aguarda instruções do governo sobre as medidas que serão tomadas. O general disse que, pela lei, as Forças Armadas são obrigadas a dar apoio logístico à PF. Mas Pereira diz que nem tudo o que foi pedido pela PF poderá ser atendido: - Meus recursos são reduzidíssimos. O comandante comentou a saída de Santa Rosa: - Respeito profundamente a posição dele (sobre Raposa Serra do Sol) porque o conheço muito. Ele estuda este assunto há muito tempo. É um conhecedor da área.
domingo, 30 de setembro de 2007
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