terça-feira, 4 de setembro de 2007

PF recua de expulsar arrozeiros

Eis uma notícia ruim. Um retrocesso. Parece que a Polícia Federal está considerando abortar a operação que ia fazer em Roraima para retirar os últimos invasores da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Ficamos sabendo agora que a notícia vazou e que o senador Mozarildo Cavalcanti é quem a espalhou para criar os anticorpos contra a operação. Agora parece que o Exército está contra.

Ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, quando ministro da Justiça e sepois do STF, havia sido contra a demarcação contínua da Terra Indígena, deu uma declaração sucinta no sentido de que o que o presidente Lula havia feito homologando a Raposa Serra do Sol estava feito e não era mais matéria em discussão. Foi importante essa declaração. É preciso elogiar nesse aspecto o ministro Nelson Jobim. Ele ajudou muito a deslindar a questão jurídica e aceitou a estratégia criada pelo ministro Márcio Thomaz Bastos para fazermos a homologação dessa terra indígena.

Agora fica suspensa a nossa expectativa de que neste fim de semana teríamos a saída dos arrozeiros da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Até quando?

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Sem apoio, PF pode abortar ação em reserva

Militares são contra retirada de arrozeiros da Raposa do Sol

Evandro Éboli

BRASÍLIA. A Polícia Federal poderá ser forçada a abortar uma operação de retirada de arrozeiros da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Os militares resistem em dar apoio à PF. A ação estava prevista para acontecer este mês, com a participação de 500 agentes federais. O Ministério da Justiça pediu o apoio logístico ao Ministério da Defesa, como aeronaves, carros, barracas e até UTI terrestre.

O general Maynard Marques Santa Rosa, secretário de Política Estratégia e Assuntos Internacional do Ministério da Defesa, confirmou ontem ao GLOBO que há resistência nas três forças e disse que o momento não é apropriado para a ação. Os militares prevêem que haverá resistência armada da população local se a ocupação ocorrer: - Nossa posição não é nem contrária nem a favor. A oportunidade não é adequada. Tem que se aprofundar mais, refletir e discutir mais esse assunto antes de se tomar uma decisão.

A divulgação de um plano secreto da Polícia Federal para desocupar a área de Raposa Serra do Sol também deve retardar ainda mais a solução para a ocupação irregular da terra, de 1,7 milhão de hectares. Aliado dos arrozeiros, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RO) vazou dados da operação num discurso no plenário do Senado, no último dia 12. Ele diz que recebeu o documento de um policial federal "patriota e nacionalista". Mas Mozarildo tem bom trânsito no círculo militar, que concorda com suas posições sobre a ocupação da reserva Raposa.

PF pede equipamento para enfrentar reação civil Segundo o documento, são onze os pontos contidos no plano.
A PF quer apoio do Comando da Aeronáutica para deslocar os agentes até Boa Vista (RR).
Do Exército, a PF pede caminhões de transporte para levar os agentes até o interior da reserva; infra-estrutura de campanha; criação de bases nas sedes da fazenda; e sistema de comunicação, posto de atendimento médico, com apoio de UTIs terrestre e aérea.

A PF se prepara para uma reação da população, tanto que solicitou ao Comando do Exército equipamento de Controle de Distúrbio Civil, que inclui granadas de gás lacrimogêneo, munição de bala de borracha para carabina calibre 12, escudos e capacetes para 250 policiais. Apenas o custo dessa ação está previsto em R$ 975 mil. Foi pedido também o deslocamento de dois helicópteros Bell 412 e um esquilo para Roraima, que irá custar R$ 800 mil.

Encurralada e surpreendida com o vazamento da operação, a Polícia Federal evita o assunto.

A superintendência da PF em Roraima preferiu, por intermédio de sua assessoria de imprensa, negar que esteja em curso qualquer plano de desocupação de Raposa Serra do Sol.

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