terça-feira, 18 de setembro de 2007

Índios Makuxi usados pela mídia de Roraima

A Folha de Boa Vista está em campanha para criar confusão entre índios Makuxi, sobretudo entre índios da Sodiurr e do CIR.

Visa a celeuma e o desencontro. Há dias vem repercutindo falas diversas de índios sobre se a Carta-Compromisso que assinaram em Brasília fora feita de boa fé, por parte dos índios da Sodiurr.

Nestas duas matérias abaixo o jornal trata de explorar a fala de um novo personagem, José Adalberto, que traz novidades, como fazer uma hidrelétrica na bacia do Cotingo, dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. José Adalberto também põe em dúvida os termos da tal Carta-Compromisso, que, pelo jeito que as coisas vão, não vai dar em nada.

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Indígena defende hidrelétrica para RR

Carvílio Pires

Um dos envolvidos no debate sobre políticas para o desenvolvimento das comunidades, a liderança indígena José Adalberto defende a inclusão de Roraima no PAC (Plano de Aceleração ao Crescimento) do Governo Federal para investimentos em infra-estrutura. Para ele, no atual momento é melhor as comunidades terem energia que discutir a exploração de recursos minerais.

O próprio Governo Federal estimulou a criação do Conselho Nacional dos Povos Indígenas para discutir políticas oficiais nas áreas de educação, saúde, recursos hídricos, demarcação, mineração e a própria aprovação do projeto de lei que cria o conselho. Na sexta-feira, 14, as lideranças se reuniram para debater esses assuntos.

Conforme José Adalberto, a partir do Estatuto do índio a exploração mineral já foi tratada em várias reuniões. A atividade é permitida, desde que as comunidades afetadas sejam ouvidas e concordem. Na reunião da semana passada, o assunto voltou à cena e os presentes concluíram que devem conhecer melhor o que é a exploração mineral.

"No Canadá existe um modelo onde os próprios índios são empresários. Propus que um grupo fosse àquele país saber como eles fazem. Queremos também conhecer como se faz mineração no Brasil. Não podemos sempre dizer não à mineração sem conhecer as experiências. Por exemplo, quanto aos resultados, o impacto ambiental, como resolver isso [impacto]", declarou Adalberto.

Ele disse que no Plano de Aceleração do Crescimento lançado pelo Governo Lula existem terras indígenas onde o Governo Federal pretende implantar hidrelétricas, mas Roraima está fora. Nem o conselho sabe se na próxima reunião o governo vai apresentar este Estado como integrante do projeto.

"Na reunião nós levantamos a questão do Cotingo. Nesse momento é melhor discutir a implantação de uma hidrelétrica que a exploração mineral em terras indígenas. A hidrelétrica do Cotingo é importante porque além de permitir receita através de royalty, viabiliza a implantação de projetos econômicos. Na própria represa nós poderíamos criar peixes, desenvolver turismo", avaliou a liderança.

Ele destacou que essas questões ainda estão em debate e não há consenso. Por isso, buscam opiniões de especialistas. Mesmo assim, acha positivo o índio ter energia limpa, evitando o ocorrido com o Linhão de Guri que passa por diversas comunidades, mas não as atende. "Os índios precisam de energia para produzir e fazer o seu desenvolvimento".

Lideranças não avançaram além do acordo de paz, dia Adalberto

Folha de Boa Vista, da Redação

Mesmo não tendo participado da assinatura do acordo em Brasília no último dia 12, José Adalberto disse que as lideranças não avançaram além do que existia. Lembra que em reunião na Procuradoria da República em Roraima foi definido que CIR, Sodiur e outras organizações iam discutir um projeto de desenvolvimento sustentável e apresentá-lo ao governo.

Ele pensou que a ida das lideranças a Brasília na semana passada fosse para apresentar o projeto. Na reunião, ele criticou o acordo por tratar da não interferência na retirada de não-índios da Raposa Serra do Sol. "Eles deveriam ter avançado apresentando o projeto. Mas não, voltaram a fazer a mesma coisa", declarou José Adalberto.

Outra reunião está marcada para amanhã, 19, na sede da Funai, para nova avaliação do acordo. No entendimento de Adalberto, lideranças da Sodiur e da Alidcir se contradizem.
Quando questionou o acordo, não permitiram que ele falasse porque o documento fora elaborado pelas organizações, com a participação da advogada Joênia Wapixana e de Jonas Marcolino.

"E qual é a responsabilidade do Governo Federal? O documento foi assinado pelo presidente da Funai. Principal representante do governo e onde foi celebrado o acordo, a Casa Civil não assinou.

Ontem li a nota da Sodiur e da Alidcir afirmando o contrário do que eles haviam dito na reunião. Está tudo confuso", destacou José Adalberto. (C.P)

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