Os Enawene-Nawe, juntos com o Greenpeace e a OPAN, estiveram em audiência com o governador Blairo Maggi. Este prometeu que iria fazer uma reunião de conciliação com os fazendeiros de Juína, que escorraçaram as Ongs de lá.
Que será que o governador tem em mente, além de tentar faturar como um conciliador?
E por que a Funai não está presente nessa reunião? Não há representante em Cuiabá?
A reportagem do Diário de Cuiabá fala que o governador tem ganho alguns pontos com o Greenpeace na briga ambiental. Quer mudar sua imagem e a do seu estado. Daí a recepção às vítimas e sua disposição em ajudar.
Esse governador é muito mais esperto do que o do Mato Grosso do Sul, e está bem calçado em assessorias ambientais e políticas. Teve um tempo que ele se arvorou de indigenista, tinha uma equipe formada por um ex-indigenista da Funai, fez relações cordiais e amigáveis com índios do Xingu, inclusive Aritana e Megaron, e parecia que ia resolver as coisas por si mesmo, sem a Funai.
Mas, quando quis retirar os Xavante que estavam na beira da estrada para ocupar sua terra Maraiwatsede, encontrou resistências de minha parte e da parte dos Xavante. Recuou. Agora os Xavante estão lá.
É preciso que a Funai não dê moleza, mantenha-se alerta com essa figura ambiciosa e esperta.
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Índios vão ao governador cobrar medidas contra ameaças
ALINE CHAGAS
Diário de Cuiabá
Uma tentativa de acordo entre os índios enawene nawe e fazendeiros da região de Juína deve ocorrer nos próximos dez dias com o governo do Estado como mediador. A medida de urgência foi anunciada pelo governador Blairo Maggi durante reunião com os representantes da etnia que estão em Cuiabá desde quarta-feira. Maggi recebeu os índios, além dos membros das Ongs Operação Amazônia Nativa (Opan) e Greenpeace ontem pela manhã, no gabinete.
Segundo o superintendente de Políticas Indígenas do governo, Rômulo Vandoni, ficou acordado que uma equipe do Estado verificará a agenda dos vereadores de Juína, do prefeito Hilton Campos e dos fazendeiros da região para marcar uma reunião. A idéia é aproveitar a oportunidade para tentar um acordo e resgatar a paz, em um trabalho de conciliação.
"Aí, depois dessa reunião, o governador vai pessoalmente á aldeia para levar a boa notícia. Maggi vai aproveitar a oportunidade para conversar com os índios", falou Rômulo Vandoni.
Na reunião, os indígenas se disseram preocupados com as ameaças que vêm sofrendo - conforme informou ontem o Diário - e contaram que a área sobre a qual estão reivindicando um novo estudo para integrar à reserva indígena é de grande importância para a etnia.
Vandoni explicou que a Funai tem amparo legal para montar um grupo de estudos e identificar a importância da área. Porém, destacou o superintendente, também disse ser preciso lembrar que as áreas têm outros proprietários estruturados na região há algum tempo. Conforme o superintendente, o governo deverá trabalhar pensando que os dois lados têm direitos na discussão sobre as terras.
"O que está ocorrendo em Juína não é um mal-entendido. Na verdade, toda ação tem uma reação. Os fazendeiros estão estruturados ali há algum tempo. Mas não pode chegar nesse ponto. Vamos tentar buscar a paz", frisou Vandoni.
Na última terça-feira, o diretor do Greenpeace no Brasil, Frank Guggenheim, encaminhou uma carta ao governador Blairo Maggi pedindo medidas efetivas para assegurar a integridade física dos índios e pessoas que trabalham com eles. Anteontem, o Ministério Público Federal encaminhou à Polícia Federal o pedido de abertura de inquérito para apurar o conflito e as denúncias de ameaça.
Há duas semanas, um grupo formado por representantes do Greenpeace, Opan e jornalistas franceses que pretendia fazer uma reportagem na reserva Enawene sobre queda no desmatamento foram expulsos de Juína pelo prefeito Hilton Campos e fazendeiros da regiãom, depois de passarem a noite sob vigília em um hotel.
Durante seis horas, os fazendeiros repetiram que a entrada do grupo na terra Enawene Nawe não seria permitida e que seria "perigoso" insistir na viagem. Esmurrando a mesa, o prefeito de Juína, Hilton Campos, afirmou que não iria permitir a ida do grupo para o Rio Preto, sendo aplaudido fervorosamente pelos colegas fazendeiros.
O Greenpeace reconheceu publicamente a importância das recentes declarações do compromisso de seu governo no combate ao desmatamento e preservação das florestas brasileiras. Entretanto, o episódio em Juína expõe um clima de violência anunciada no Mato Grosso e mostra que a presença do Estado ou é frágil ou ainda está muito longe da região. Consideramos inaceitável que fazendeiros, com o apoio de autoridades locais, cerceiem a liberdade que todo cidadão tem de ir e vir e ajam como verdadeiros donos da floresta e senhores do direito alheio.
Por isso, vimos, por meio desta, solicitar a adoção de medidas efetivas, por parte de seu governo, que assegurem a integridade física dos Enawene Nawe e dos representantes da Opan, ameaçados por tentarem defender seu direito à vida, ao trabalho e à defesa dos interesses dos povos indígenas.
Reiteramos também nosso pedido de investigação das ameaças telefônicas, da apuração dos fatos e providências que levem à punição dos responsáveis por tais atos.
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
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