segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Índios Guarani insistem em terra com matas e pirambeiras

Os índios Guarani, de Torres, RS, parece que desejam ficar na terra que escolheram no sul de Santa Catarina. A terra é cheia de pirambeiras, mas tem matas e água límpida. São quase 1.000 hectares, nada mal para a região.

Parece que a Funai não quer que eles fiquem por lá. Eles insistem. Até algumas famílias que moram em Morro dos Cavalos, uma terra que uma antropóloga disse que era tradicional, mas que a CGU contesta essa afirmação, querem se mudar para lá. O que será que há de errado?

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Índios querem demarcação

Tribos pretendem ficar em SC e vão enviar documento à FUNAI

ANA PAULA CARDOSO/ Morro Grande, para o Diário Catarinense


A tribo de índios Guarani que deixou Torres (RS) para ocupar um terreno em Três Barras, no município de Morro Grande, Extremo-Sul de Santa Catarina, realizou um encontro de caciques no final de semana. As lideranças indígenas pretendem elaborar um documento a fim de pressionar a FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI) a demarcar as terras ocupadas desde o dia 30 de outubro.

O coordenador da comissão de tribos Guarani do Rio Grande do Sul, Maurício da Silva Gonçalves Guarani, acredita que com o apoio dos caciques do Morro dos Cavalos, em Palhoça, Porto Alegre (RS) e Barra do Ribeiro (RS) o manifesto será reforçado. O documento será entregue à fundação nesta semana.

De acordo com o advogado dos índios, Carlos Gomes, as tribos não aceitam a alegação da FUNAI de que as terras são inóspitas e, por isso, o grupo de 43 pessoas seria transferido para uma área provisória no estado gaúcho até a escolha de outro local.

- Não queremos sair daqui. Já começamos a plantar e a criar gado. É bonito, fértil, tem muita água e muita mata - afirma o cacique Horácio Lopes, da tribo Guarani que está em Morro Grande.

O cacique Marcelo Benike, da aldeia de Morro dos Cavalos, em Palhoça, filmou o local para registrar as condições de sobrevivência.

Satisfeito com o que viu, estuda a possibilidade de se mudar com 11 famílias para Morro Grande.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Mércio,
Mesmo que extemporâneo, apenas agora tive a grata satisfação de conhecer este blog, porém gostaria de comentar o texto acima. A questão indígena Mbyá-Guarani ou Nhandéva em Santa Catarina, em especial relativa ao litoral, tem um início muito bem orquestrado e de igual sorte, bem documentado. Refiro-me ao Projeto Guarani da ONG – CTI. Veja a transcrição, parcial, de um seminário realizado por esta ONG:
“PRÁTICAS DE SUBSISTÊNCIA E CONDIÇÕES DE SUSTENTABILIDADE DAS COMUNIDADES GUARANI NA MATA ATLÂNTICA SEMINÁRIO” (1997).
(...) “o objetivo principal do CTI era a regularização das áreas ocupadas pelos índios”. (...) “Até 1988 apoiamos as atividades agrícolas das aldeias de São Paulo, demarcadas em 1987. A partir de então concentramos nossas ações nos levantamentos e nos encaminhamentos para regularização fundiária das áreas Guarani do Rio de Janeiro, do litoral do Paraná, do litoral de Santa Catarina e outras aldeias no litoral sul de São Paulo”. (...) “Em 1996, o CTI passa a contar com o apoio da KFS - “Kofinanzierungsstelle für Entwicklungszusammenarbeit” ao projeto “Recuperação de Terras e Subsistência do Povo Guarani”, coordenado por Maria Inês Ladeira” (Sócia Fundadora da ONG – CTI).
Apenas a título de curiosidade, bizarra, diga-se de passagem, sob a mesma região inabitável também tramita um projeto de preservação calcado nas condições ambientais determinantes da área, definida como APP (Área de Preservação Permanente), entende-se inadequada à ocupação humana de qualquer ordem. O interessante é que o banco, também alemão, desta vez o KFW, é que financia este projeto. Temos portanto, dois bancos alemães o KFS e o KFW financiando projetos antagônicos, cuja sobreposição obviamente não se coaduna. Está aí mais uma festa irresponsável do capital estrangeiro, em sintonia com as ONGs.
Voltando a questão Guarani Mbyá e Nhandéva em Santa Catarina, não há registros históricos ou orais atinentes a prováveis ocupações indígenas pretéritas ao início da década de 1990, ao longo da costa catarinense, gaúcha ou mesmo paranaense. Há sim, dissertações como: MOBILIDADE GUARANI: HISTÓRIA E SIGNIFICAÇÃO (Ivori José Garlet – Dissertação de Mestrado – PUC – 1997), contestando inclusive os posicionamentos de Maria Inês Ladeira quanto ao conceito territorialidade e tradicionalidade.
Caro Mércio, no momento atual onde os reveses as desapropriações e aos assentamentos casuísticos para povos Mbyá e Nhandéva, arrancados de seus territórios tradicionais, começam a pipocar, e, se aventa atribuir responsabilidades por estes movimentos migratórios pré – estabelecidos, é necessário a imediata ação em favor dos Guarani paraguaios e argentinos que para cá migraram, seduzidos por promessa de terras agricultáveis necessárias a sua sobrevivência. O que acontece, é que na realidade cumprem o papel de títeres da antropologia acadêmica fraudulenta, predominante nos relatórios circunstanciados da FUNAI. Que triste e vergonhosa tem sido o final da saga dos outrora orgulhosos Guarani, essências da nação paraguaia. Em terras catarinenses, vemos sua milenar cultura terminar em conflitos plantados, onde o que está em jogo se resume a interesses financeiros.

Mércio P. Gomes disse...

Prezado Walter, obrigado por seu comentário, muito informativo e elucidativo dos interesses do CTI nessa questão, abraço, Mércio

 
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