sábado, 3 de novembro de 2007

Domingo, dia da sáude indígena ser contestada

A matéria abaixo traz a Funasa, mais uma vez, na defensiva. Desta vez é a Coiab, através de Jecinaldo Barbosa, que põe em dúvida as palavras e os planos do coordenador da atenção à saúde indígena da Funasa.

Quem lê essa matéria sai com a nítida sensação de farsas em ambos os casos, o propugnador e o contestador. Mas também por parte da própria mídia, que ataca por atacar, bota matéria dentro do espírito de destruição do órgão. Em conseqüência há cada vez mais deputados propondo o fim da Funasa.

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SAÚDE: Aumentam os casos de tuberculose entre índios

Correio Braziliense

A saúde da população indígena agoniza. Enquanto trabalhos pontuais de assistência médica tentam brecar o avanço da tuberculose, problemas crônicos como diabetes começam a despontar entre os índios e somam-se às causas de morbidade nas estatísticas desse grupo populacional. Segundo dados do Sistema de Informações de Atenção à Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Siasi/Funasa), a tuberculose sofreu um salto de 76,4 para 101,1 casos em cada grupo de 100 mil índios, de 2005 para 2006. O registro de diabetes entre índios também cresceu. No período de 2003 a 2006, aumentou o número de casos: de 1.646 para 1.864 registros.

A mutação no perfil epidemiológico indígena convive em descompasso com os tímidos recursos destinados para as ações estratégicas do governo federal. Dos R$ 43 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde, o Departamento de Saúde Indígena da Funasa dispõe de R$ 173,3 milhões. O dinheiro é repassado aos 34 distritos sanitários especiais indígenas espalhados pelo país, além de ser utilizado para compra direta de medicamentos e equipamentos. "Temos mais R$ 128,9 milhões destinados a convênios (de saúde indígena). E, associado a isso, R$ 163,7 milhões repassados do Fundo Nacional de Saúde aos municípios que têm população indígena, como incentivo para implementação da atenção básica nas comunidades", pondera o médico Flávio Pereira Nunes, coordenador de Atenção à Saúde Indígena da Funasa.

Para o indígena Jecinaldo Saterê-Mawê, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), os valores são "insignificantes", comparado à população de 482 mil índios que vivem no país. "A Funasa não tem correspondido à nossa necessidade. Os últimos levantamentos de tuberculose e diabetes são a prova do descaso", lamenta.

Nunes admite que o valor destinado à saúde indígena é parco e que a ampliação dos recursos é motivo de uma queda de braço na pasta. Mas considera um avanço o fato de o Ministério da Saúde colocar como uma das metas pactuadas para o Sistema Único de Saúde (SUS) em 2008 a redução da mortalidade infantil indígena. "Tendo como linha de base o ano de 2005, que teve coeficiente de 53,1 mortes para cada grupo de mil nascidos vivos, espera-se uma redução de 5%. É o reconhecimento do SUS que a saúde indígena precisa ser focada", explica.

Modelo

Apesar dos entraves, um trabalho da Funasa de combate à tuberculose em populações indígenas brasileiras é tido como modelo pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O projeto-piloto com 600 índios xavantes, em Mato Grosso, e com 11 mil guaranis-caiouás, no Mato Grosso do Sul, feito entre 2001 e 2007, conseguiu reduzir em 80% o aparecimento de casos da doença na região. Mês passado, a organização recomendou à Funasa a publicação de um guia prático sobre as ações de controle da doença para a implementação da estratégia nos países da América Latina.

Durante os seis anos, a Funasa levou às reservas dos xavantes e guaranis-caiouás uma equipe de saúde com aparelhos de raio-x portátil, microscópios e kits de teste de sensibilidade para saber quem teve contato com o bacilo. "Com esses equipamentos foi possível fazer a confirmação e tratamento dos casos, além da quimioprofilaxia dos índios que tiveram contato com um doente", informa Nunes.

A Coiab diz que o trabalho é pontual. "Seria importante estender a atividade, principalmente para a Região Norte", afirma Jecinaldo. A Funasa destaca que um projeto será desenvolvido em 10 distritos indígenas onde a tuberculose apresenta patamares elevados. "Nove estão na Região Amazônica e um no Mato Grosso do Sul, onde os índios têm de ser transportados de aeronave", destaca Nunes. Ele diz que no Norte o projeto terá um desafio maior porque é complexa a vigilância contínua da doença. "Não tenho condições de colocar geladeira em tribos de difícil acesso e algumas etnias são nômades", explica.

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