sábado, 24 de novembro de 2007

Aperta o cerco da Funasa em Barra do Garças

A Funasa vai ter que fazer algo imediatamente. O movimento dos índios Xavante contra a coordenadora de saúde indígena da Funasa em Barra do Garças continua forte. Desta vez pode ter o apoio dos Xavantes da Terra Indígena Marãiwatsede. Aí a cobra vai fumar.

É preciso que a Funasa tome coragem de mudar seu modelo. De transformar-se. É preciso que o governo faça uma reflexão profunda sobre a saúde indígena. Não haverá outra alternativa senão a sua incorporação à Funai.

Quando eu era presidente da Funai fizemos uma proposta à Funasa. Anular o decreto de 1999 que passou a saúde indígena da Funai para a Funasa e fazer um outro em que a Funai e a Funasa seriam co-responsáveis pela saúde indígena. Trabalhariam juntas, teriam o mesmo espaço físico e as mesmas estratégias de relacionamento. Infelizmente nenhum dos dois presidentes da Funasa aceitaram nossa proposta. Ela está escrita!!!!!

Também conversei muito com o Ministério da Justiça e com a Casa Civil sobre esse assunto. Quando resolvi sair da Funai, fui conversar com o novo ministro da saúde, Dr. José Gomes Temporão, que foi meu colega no governo Brizola, quando ambos éramos subsecretários. Sugeri-lhe que remodelasse aquele decreto e fizesse um novo, nos moldes que propomos, e combinasse com o ministro da Justiça para levarem juntos ao presidente da República.

Até agora nada disso foi feito. Nada será feito até que a coisa se torne inaceitável do ponto de vista do governo. Do ponto de vista dos índios, a coisa já ultrapassou os limites da aceitabilidade.

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Liderança fala em invadir Funasa

DIÁRIO DE CUIABÁ - MT
FRANCIS AMORIM

O cacique Domingos Suimé Abhoodo, líder da aldeia Nossa Auxiliadora, na Reserva São Marcos, informou ontem que "guerreiros" da Reserva Suiá-Missú, na região do Baixo Araguaia, vão se deslocar neste final de semana com destino a Barra do Garças para a invasão do Distrito Sanitário da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Segundo ele, o órgão será ocupado até que a Coordenadoria Regional em Mato Grosso demita a administradora do DS de Barra, Marley Arantes de Oliveira.

Líder do protesto que fechou a sede da Funasa em Barra do Garças, na última quinta-feira, Domingos Suimé afirmou que a manifestação foi apenas um sinal de descontentamento das lideranças xavante com a política de saúde implantada pela administração local. "Não vou esmorecer. Enquanto a chefe do DS não for demitida, não vamos desocupar o órgão", ameaçou. Segundo o cacique, o coordenador regional, Marco Antônio Staugherlin, já foi informado que poderia acontecer.

Domingos Suimé voltou a cobrar medidas para que a comunidade xavante seja assistida com medicamentos, assistência médica, transporte e alimentação. "Estou preocupado com a situação de nosso povo. Se alguém adoecer na aldeia não há como transportá-lo, pois, os veículos são verdadeiras sucatas. É preciso que mude a administração e coloque alguém da área para cuidar da saúde indígena.

Queremos uma saúde mais digna", disse.

O cacique informou que vários guerreiros da aldeia Marãiwatsede, da Reserva Suiá-Missú, liderados pelo cacique Damião Xavante, vão invadir a sede da Funasa na próxima segunda-feira e só vão desocupar o local depois que medidas drásticas sejam tomadas para melhorar o atendimento às comunidades do Vale do Araguaia. Suimé não soube precisar quantos índios vão se deslocar até Barra do Garças.

O índio disse acreditar que várias lideranças xavantes estão sendo "compradas" para evitar que a administração da Funasa em Barra seja substituída. "Cabe aos membros dos Conselhos Distritais tomarem uma atitude, mas o que vemos é que ninguém se manifesta", criticou, relatando que conta com o apoio da maioria das lideranças para "pressionar" a Coordenadoria Regional a promover mudanças.

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