sábado, 29 de maio de 2010

Caciques Kaingang de Bauru fazem protesto e queimam bonecos de Lula e dirigente da FUNAI

Ontem, dia 28 de maio, completou seis meses da publicação do famigerado Decreto de Reestruturação da FUNAI. Seis meses de protesto em muitas partes do Brasil. Seis meses de permanência do Acampamento Indígena Revolucionário em frente ao Ministério da Justiça. Cinco meses da primeira tomada da FUNAI. Seis meses de desmoralização da política indigenista brasileira, como nunca houve desde a ditadura militar.

Bem, quando tudo parecia em paz para os lados de Bauru, interior de São Paulo, onde, durante mais de 30 anos, funcionou uma administração regional da FUNAI, que foi extinta pelo Decreto de Reestruturação, os índios se levantaram de novo em rebelião.

Não adianta enrolações, não adianta a força bruta, não adianta a caneta do poder, os DASs, as viagens de gratificação, as reuniões de CNPI, os mimos. Os índios que perderam suas administrações jamais vão se conformar com isso.

Querem a volta de sua administração regional, protestam contra o ato de sua extinção. O protesto não atinge pessoas, nem prédios, nem propriedades privadas, e sim símbolos de pessoas. Uma delas é o próprio presidente Lula, que assinou o Decreto e tem se mostrado indiferente e sobranceiro aos inúmeros protestos que se espalharam pelo Brasil e que vem provocando a lenta agonia da FUNAI. Alguns desses protestos ele ouviu dos próprios índios, em Brasília, no Congresso do PT, e em Goiânia, na inauguração de alguma coisa. Debalde prometeu rever o Decreto e nada cumpriu. Ao contrário, continua a afirmar que está fazendo o bem para os índios, quando nenhum índio acha isso verdadeiramente. Nem mesmo aqueles que foram privilegiados e viraram índios chapa-branca. Outra figura do protesto indígena é o atual presidente da FUNAI.

Ambos tiveram suas figuras moldadas em forma de bonecos os quais foram queimados em praça pública, em frente ao prédio da FUNAI em Bauru. Sei não, a revolta é grande mesmo e está voltando a se espalhar.

____________________________


Caciques fazem protesto e queimam bonecos de Lula e dirigente da Funai
Aurélio Alonso
Um grupo de caciques e lideranças de seis comunidades indígenas da região de Bauru fizeram ontem um protesto em frente do Núcleo de Apoio Operacional contra o decreto do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, que cortou cargos nas Coordenações Técnicas Locais (CTLs). Para os índios, a medida afeta as comunidades do Sudoeste e Oeste do Estado.

No protesto os indígenas queimaram um boneco de pano com boné com a inscrição PT que representou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o outro o presidente da Funai, Márcio Meira. Antes de ater álcool e fogo eles atiraram uma flecha em cada um dos bonecos. “Isso é para protestar contra o descaso com a comunidade indígena”, declarou Paulo Paikan.

O decreto 7.056/09 extingue as CTLs da região Sudeste do Estado de São Paulo. A reportagem não conseguiu ontem ouvir a direção da Funai. A mudança teria partido de critérios de população indígenas, vulnerabilidade social e identidade étnica.

Representantes e lideranças das comunidades de Araribá, Icatu, Vanuíre, Barão de Antonina, Itaporanga e Braúna discordam da direção da Funai em Brasília.

A medida também transfere coordenadores para regional do Litoral/Sudeste/ Itanhaém. “Houve um abuso de poder nesta medida que fere a busca de autonomia e dignidade dos grupos indígenas envolvidos”, disse o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), cacique Mário Terena. A reportagem apurou que dois dos quatro cargos de coordenadores da região foram transferidos para o litoral. Ele reclama que não houve consulta à comunidade indígena.

O antropólogo Cláudio Eduardo Badaró disse que cada vez mais a Funai está se “burocratizando”. Ele disse que as coordenadorias técnicas são importantes na interlocução entre os indígenas e a comunidade desde elaboração de projetos até o resgate das tradições culturais.

A Núcleo da Funai de Bauru enfrenta esvaziamento nos últimos anos com constantes mudanças e reduções na estrutura administrativa.

Em 23 de julho do ano passado, indígenas de três tribos de Avaí ocuparam o prédio da administração da Funai para protestar contra a portaria que fechou a regional de Bauru e a transformaria em Núcleo. Funcionários foram mantidos dentro do prédio e liberados depois de dois dias, após ser acionada a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF).

A Funai, então, indicou um indígena para dirigir o atual Núcleo de Apoio, cacique Anildo Lulu, mas transferiu parte dos funcionários para Itanhaém, no litoral. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem desconhece a história está condenado a repetir os erros do passado!Este filme nos já vimos na época do SPI, não deu certo e os acontecimentos atuais caminham para demonstar a recorrência dos fatos. Lamentável pra o país, para a Administração Pública, para a manutenção da ordem pública, para a soberania nacional e para o Estado Democrático de Direito.
O custo desse decreto e da manutenção a todo custo dessa gestão cheia de denúncias de irregularidades e violações legais, pode não acabar bem. É uma aposta incerta. Conflitos e manifestações ocorrem em todo o país. Somente quando houver uma morte ou algo mais agravante é que vão despertar para a gravidade da ação.
Logo as prefeituras Muncipais, as Secretarias Estaduais, os Governos de Estado, o DPF, a Câmara dos Deputados Federais, o TCU, a CGU, o MPF vão perceber que quando a Gestão da FUNAI não dá conta de resolver os problemas de sua e única competência transferido para os outros entes da Administração Pública. Neste caso a coisa pode ficar grave!Talvez seja tarde demais. ACORDA BRASIL!

 
Share