segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nova ameaça paira sobre Acampamento Indígena Revolucionário

Notícias veiculadas hoje em Brasília dão conta de que o Ministério da justiça e a Funai estão preparando pedido de reintegração de posse contra o Acampamento Indígena Revolucionário que ocupa espaço na Esplanada dos Ministérios há quatro meses e meio. Fala-se que a reintegração de posse será forçada e levada a cabo pela Polícia Militar e Polícia Federal. Perigoso!!!!!

Quatro meses e meio, senhores! Passando necessidades de toda ordem e desconforto inimaginável. Deixaram parentes, filhos e filhas em suas aldeias e assentaram praça na Esplanada. E persistem com a certeza de que vão obter a revogação do malfadado decreto de reestruturação da Funai e com ela a saída da atual direção da Funai.

Quem duvida disso? Até mesmo os membros dessa diretoria e seus acólitos sabem que isso vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Estão aí a marcar presença, fingindo que estavam fazendo grandes modificações na política indígenista brasileira, quando a estão levando ao cadafalso. Em contraste, estão aí para atrasar o processo de ampliação da participação indígena no panorama político-cultural brasileiro. E a fazer sofrer os povos indígenas na indiferença e no abandono das administrações regionais extintas.

O Acampamento Indígena Revolucionário conta com cerca de 200 indígenas. Estão para chegar mais 200!! Como o governo vai se posicionar diante disso!

Já que os protestos pacíficos e esperançosos realizados na Câmara Federal e no Senado Federal não repercutiram positivamente, algo diferente começará a acontecer em breve. É preciso que o Ministério da Justiça tome tento do que está acontecendo e faça chegar ao presidente da República o quadro desolador que tomou conta da Funai.

Eis como circulam as notícias em Brasília (e olhem que a notícia principal vem de um membro qualificado do CIMI, que, ambiguamente, até este momento, ora está a favor do Acampamento Indígena Revolucionário, da revogação do decreto e da renovação positiva da Funai, ora torce pela permanência da atual direção da Funai).

O texto abaixo vem de um membro do Acampamento Indígena Revolucionário

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DESOCUPAÇÃO DE ACAMPAMENTO INDÍGENA SENDO ARTICULADA

Hoje, 17 de maio de 2010, pela manhã, o secretário-adjunto do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), Cléber Buzatto, procurou as lideranças do acampamento indígena instalado diante do  Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para avisar que uma fonte do gabinete da presidência da Funai informou que o governo do DF vai conseguir uma reintegração de posse da área essa semana.

O acampamento, instalado em protesto contra o decreto 7056/09, que extingue 340 postos e 24 administrações regionais da Funai em todo país, além de anular direitos adquiridos, incomoda autoridades da República e os gestores distritais desde janeiro. 



O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, não compareceu – como anunciado - à abertura do XV Congresso Eucarístico Nacional, no último dia 13, por exemplo, temendo os protestos dos cerca de 150 indígenas acampados a menos de 100 metros do palco principal. A chefe de gabinete do Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, recentemente solicitou à polícia do DF que retirasse os manifestantes do local.

O secretário do CIMI, Cléber, não soube informar ao líder Antoe Xukuru se já existe tal documento de reintegração de posse nem qual seria a data de desocupação – apenas que a reintegração de posse se dará essa semana. Em resposta hoje desembarcam mais três ônibus trazendo indígenas do Maranhão e Pernambuco, apoiadores acampam essa  noite na Esplanada para somar forças ao movimento e é aguardada a chegada do advogado indígena, da etnia Guajajara, Arão da Providência.  



Indígenas de outros estados são aguardados para amanhã. 


Hoje, à beira da fogueira, o maracá vai cantar forte.


2 comentários:

Anônimo disse...

Que descaso do Governo com os índios. Eles precisam ser ouvidos e respeitados. Não estão agredindo ninguém, estão apenas fazendo valer a Democracia, os seus direitos e a sua luta.

Anônimo disse...

Caro Mércio,

JK e Lúcio Costa planejaram a Esplanada como espaço público, praça, locus de manifestação e participação popular. Só mesmo esse Márcio Meira para macular ao mesmo tempo a imagem de Rondon, de JK, do Lúcio Costa e do próprio presidente Lula.
Ele somente se movimenta de forma autoritárria e truculenta. Como pode um presidente que não consegue dialogar com os índios....os militares nesse caso foram mais espertos.
Vejam que barbaridade! No acampamento existem mulheres e crianças avidos de diálogo e explicação legal.Além do mais, A MANIFESTAÇÃO É PACIFICA! PELO MENOS TEM SIDO!
E se por acaso houver uma morte ? De quem será a responsabilidade?

 
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