segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Crédito de carbono parece que começa a funcionar

Uma empresa norte-americana, com representação no Brasil, de tanto insistir conseguiu com que a atual direção da Funai assinasse um termo de compromisso pelo qual os índios Tembé, que vivem na Terra Indígena Alto Guamá, no noroeste do estado do Pará, passariam a receber uma determinada quantia em dinheiro em troca dessa empresa dizer que os TEmbé estariam compensando pelo abuso que a empresa faz de emitir CO2 ao não derrubar o que resta em floresta de sua terra indígena.

Mais não se sabe.

O fato é que circula entre os índios brasileiros promessas de várias Ongs para que eles assinem papéis com os quais essas Ongs buscariam o patrocínio de empresas européias e norte-americanas que emitem muito CO2 de suas fábricas e que querem compensar essas emissões por quem possa não somente não emitir como ter árvores suficientes para absorver o excesso emitido. Isto é o que se chama em inglês "carbon swap", ou troca de carbono. Uma empresa solta CO2, uma floresta absorve esse CO2.

Acontece que o Brasil, em reunião recente em Pozdam, Polônia, declarou que não aceitaria participar dessa tal troca de carbono.

E aí, quem está com a razão? Será que dá para concordar com a proposta de receber uns trocados dos gringos para deixar que eles continuem a emitir CO2, ou mesmo aumentem a sua quantia, em troca de que aqui não se emita??

E as nossas emissões de dióxido de carbono pela queima da Floresta Amazônica? Quem vai compensá-las?

O que eu sei é que muitos índios estão alvoraçados com a perspectiva de assinar esses acordos e ganhar algum recurso do estrangeiro. As Ongs intermediárias estão a mil, tentando convencer os Kayapó, os Xinguanos e outros mais. O estado brasileiro está inerme nessa situação. O Congresso Nacional nem ousa discutir essa questão. Daqui a pouco serão os militares que irão dar sua opinião, antes que os civis tomem a iniciativa. Os ambientalistas estão calados. Por que?

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Tembés serão pagos para conservar a floresta

Diário do Pará, em Belém

Os índios Tembé e uma empresa norte-americana estão prestes a fechar um acordo que garantirá o pagamento de recursos, dentro do mercado internacional de créditos de carbono, para que a floresta seja mantida em pé dentro da área da reserva Alto Rio Guamá, no Pará. Esse foi o resultado de um encontro realizado na sede do Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, Poema, na Universidade Federal do Pará, durante a realização do Fórum Social Mundial em Belém.

Desde o ano passado, os índios Tembé vêm negociando um projeto de créditos de carbono com a empresa privada C-Trade, especializada em projetos de créditos de carbono florestais e energias renováveis.

Durante o FSM, os Tembé reuniram com representantes da empresa para avançar nas negociações do projeto, que já tem uma carta de intenções assinada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em outubro do ano passado, e uma audiência pública realizada em novembro, com a presença de representantes dos Tembé

O valor total a ser investido na negociação entre os Tembé e a empresa C-Trade ainda não foi estipulado. Ele depende de um cálculo ainda a ser realizado sobre a área preservada, obedecendo a um índice chamado de Potencial de Geração de Créditos de Carbono.

MERCADO - O mercado de créditos de carbono é uma maneira de converter a preservação da floresta em dinheiro. É por isso que essa idéia interessou aos índios Tembé, cuja área de reserva está instalada em Paragominas. Segundo o presidente da C-Trade, Ronald Shiflett, esse mercado voluntário gera hoje muito interesse, principalmente das companhias de geração de energia elétrica dos Estados Unidos.

A grosso modo, o mercado de créditos de carbono serve como uma alternativa de práticas sustentáveis a países que já devastaram grande parte de seus recursos naturais. Com os créditos, em tese, se criaria uma maneira para compensar, em escala global, os efeitos de algumas atividades econômicas. No caso dos créditos de carbono florestais, empresas pagam para que comunidades tradicionais mantenham a floresta de pé como forma de compensar as atividades realizadas em seus países de origem. (Belém/PA - Diário do Pará)

6 comentários:

Unknown disse...

Olá Mercio - "ex-presidente da FUNAI"
Por dever de oficio as vezes visito o seu blog e hoje encontrei a materia sobre créditos de carbono e os Tembé, a qual faço alguns esclarecimentos a bem da verdade:1) A C-Trade não é uma empresa norte-americana, mas sim brasileira que atua no chamado mercado "voluntario" de creditos de carbono;2)A atual direção da Funai não assinou nenhum termo de compromisso, o que temos é uma proposta da empresa que esta sendo analisada pela AER Belém e Funai/BSB, além de uma Carta de intenções assinada pela AER Belém e seus parceiros:POEMA/NUMA/UFPA e Bolsa Amazonia, demosntrando nossa intenção de levarmos adiante tal proposta como uma alternativa concreta aos problemas vivenciados pelos Tembé 3)Se for de seu interesse, passarei uma cópia de tal proposta, além de nossa carta de intenções, basta solicitar para o e-mail: aer.bel@funai.gov.br ou jusbessa@gmail.com quem sabe vc não poderia colaborar conosco?. Apesar de eu particulamente duvidar e muito do seu indigenismo academico e agora também blogueiro, afinal uma coisa é ser presidente da Funai outra é ser um academico defensor dos índios! como já lhe disse pessoalmente.

Juscelino Bessa

Mércio P. Gomes disse...

Caro Juscelino, seus esclarecimentos engrandecem esse Blog. Gostaria de receber sua carta de intenções e, se você permitir, publicá-la no Blog. Abraço, Mércio

Anônimo disse...

Juscelino,
Também gostaria de ter conhecimento dessa carta e a proposta, pois o que temos percebido são os interesses de "consultores" articuladores da proposta em promover esses contratos, pois eles
ganham com certeza e muito.
Como a Universidade do Pará está envolvida, provavelmente seja boa a articulação, espero que não seja igual a UnB com a saúde indígena.
De qualquer maneira temos que nos preocupar, juntamente com as Comunidades, em responsabilizar os que se aventuram com "idéias boas" para os povos indígenas.
Pois muitos, tenho visto, experimentam, não dá certo e depois viram as costas e se mandam.

Unknown disse...

Senhores,

Mandem seus e-mail, não sei como mandar os documentos em questão via blog, tentei e não consegui!

Juscelino Bessa

FERNANDO FERNANDES disse...

Proprietários podem lucrar com a proteção de suas florestas tendo rendimentos com PROJETOS DE CRÉDITO DE CARBONO - REDD – DESMATAMENTO EVITADO

O sistema de Emissões Reduzidas do Desmatamento e da Degradação (Redd, na sigla em inglês). O desmatamento responde por cerca de 20% das emissões humanas de gases do efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano, derivados da derrubada e queima de florestas.

As florestas tropicais são essenciais também como mananciais hídricos, e funcionam como "pulmões" do planeta ao promover a troca de dióxido de carbono por oxigênio no ar. Além disso, esses espaços contêm riquíssimos ecossistemas, dos quais muitas comunidades indígenas dependem. Pagar pela preservação ajudaria a combater o aquecimento global e a proteger a biodiversidade do planeta.

Objetivos: O objetivo do Redd é pagar para manter as florestas de pé. O pagamento, por meio da venda de créditos de carbono, refletiria o valor do carbono armazenado nas florestas, ou os custos ambientais advindos da extração de madeira e da ocupação agropecuária.

Como funciona? Essencialmente trata-se em usar os créditos como "moeda" com a qual os países em desenvolvimento teriam estímulo para conter o desmatamento, enquanto os países ricos, ao investir nesses mecanismos, ajudariam a cumprir suas quotas obrigatórias de redução de emissões.

Seqüestro de carbono: Os créditos emitidos pela área são a diferença entre o estoque de carbono menos o desmatamento evitado. Para os casos em que existam áreas a serem recuperadas e reflorestadas é feito o projeto a partir do conceito de REDD Plus (conservação, manejo sustentável e enriquecimento de estoques).

Para saber mais:
WWW.GREENCO2.NET
11- 4082-3282
FERNANDO FERNANDES

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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