terça-feira, 14 de abril de 2009

A guerra pela preservação da Amazônia é ainda de batalhas perdidas


Não sei se a guerra contra madeireiros e fazendeiros, e em favor da preservação da Amazônia, está perdida ou não. As batalhas que são travadas pelo interiorzão da Amazônia são ganhas apenas quando o campo já está devastado e a lei dos retornos decrescentes começa a tomar pé entre as empresas madeireiras.

Este é o caso da Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada no nordeste do Pará, entre os rios Gurupi, que faz fronteira com o Maranhão e o rio Guamá, na altura da cidade de Capitão Poço.

Demarcada em 1945 pelo governo do estado do Pará em conjunção com o SPI, essa terra serviu para abrigar muitas comunidades do povo Tenetehara, que naquele estado é conhecido como Tembé. Fazem parte da grande migração tenetehara que começou por volta de 1825, iniciada desde o baixo rio Pindaré, no Maranhão, que chegou àquela região por volta de 1870. No século XX, os Tembé foram se acomodando com a presença cada vez maior de nordestinos aportando pela região, formando sítios e fazendolas.

Por volta da década de 1970, já muitas famílias tembé localizadas perto do rio Guamá tinham relacionamento estreito com não indígenas, a ponto de muitas famílias terem deixado de falar a língua tenetehara. Aí sua terra foi redemarcada nos limites originais de 1945, porém já com muitas famílias de não indígenas vivendo em povoadas dentro da terra indígena.

Por outro lado, o comércio de madeira, feito entre indígenas e posseiros e depois comerciantes e pequenos construtores, saiu do processo de simples escambo por bens industriais para a formação de serrarias pelas vilas, que foram se transformando em cidades. Quando os Tembé e a Funai deram fé, a coisa tinha tomado proporções inacreditáveis.

Eis que há uma dezena de anos a Funai, junto com o IBAMA, a Polícia Federal e até a Polícia Militar do Pará, vem tentando desesperadamente expulsar madeireiros, negociar com os índios o fim da venda escondida de madeira, enfim, acabar com esse comércio.

A matéria abaixo mostra a grande dificuldade encontrada e os estragos já feitos. Parece que, dos 280.000 hectares da T.I. Alto Rio Guamá, 30% dela já foram desmatados. A foto da serraria localizada a apenas 1 km do limite da terra indígena fala por si mesmo.


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Fotos aéreas flagram exploração madeireira ilegal em terra indígena no PA

Serrarias estão situadas na borda de reserva, de onde sai a madeira.


Dennis Barbosa, para G1

De Nova Esperança do Piriá - o jornalista viajou o trecho Belém-Nova Esperança a convite do Ibama

A megaoperação de fiscalização liderada pelo Ibama no município Nova Esperança do Piriá (PA) levou à descoberta de três madeireiras clandestinas a leste da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do estado.

A operação chegou pelo lado oeste da reserva, mas, em sobrevoo de helicóptero, a fiscalização flagrou madeireiros em plena atividade dentro da terra indígena e três serrarias a menos de um quilômetro a leste da área protegida.

Segundo o chefe de Fiscalização do Ibama no Pará, Leandro Aranha, a simples existência de serrarias no entorno da terra indígena evidencia o crime ambiental, pois não há mais madeira de valor a ser explorada na região, exceto na reserva. Ou seja, a madeira só pode ter origem ilícita.

Calcula-se que 30% dos 2.800 km² da Terra Indígena Alto Rio Guamá já tenham sido devastados pela exploração madeireira ilegal. A situação crítica na região levou o Ibama a organizar uma operação com mais de cem agentes, incluindo homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Rodoviária Federal, da Secretaria de Meio Ambiente do Pará, da Funai e da Polícia Militar.

Em Nova Esperança do Piriá, 13 madeireiras foram tomadas. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também já esteve no município.

Um comentário:

guilherme disse...

O IBAMA e a FUNAI deveriam experimentar agir no polo contrário, montar fiscalização nos portos de Belém e outros , onde as madeiras se destinam para paizes da Europa e EUA e Canadá. E, contar com o apoio das ONGs internacionais para agirem em seus próprios paizes exploradores e consumidores das madeiras mais nobres. Se políticos do Legislativo ou Executivo interferissem que seus madatos fossem suspensos até se realizar apuração através inquérito disciplinar por suas respectivas casas em conjunto com PF e MPF.
A exploração madeireira deveria ser considerada ato lesivo e nocivo à Nação e ao Povo Brasileiro.
Mas ao contrário o MMA estimulou a aquisição/leilão de terras na Amazônia pelos grupos de capital estrangeiro....no tempo da Ministra, e tudo aprovado no Congresso.

 
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