Esta semana a questão indígena brasileira vai ser marcada pelo vozerio dos políticos de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional sobre a celeuma de reconhecimento de terras indígenas guarani naquele estado.
No final de semana, quatro cidades de Mato Grosso do Sul se abriram para passeatas dos produtores rurais contra os grupos de trabalho criados pela Funai. No sábado e no Dia da Pátria houve manifestações contrárias nas cidades de Dourados, Amambai, Tacuru e Iguatemi. A classe empresarial de Mato Grosso do Sul está realmente muito alvoroçada.
O governador do Estado, André Pulcinelli, que vinha dando declarações muito veementes, amenizou o tom de seu discurso ao dizer que tem ajudado muito aos índios Guarani e Terena, e que os tem consultado a respeito dessas demarcações projetadas. Mas também não diz o resultado dessas consultas. Será que os índios não querem ter novas terras para si?
Parece que ele ficou mais calmo depois que reclamou na Casa Civil do fato de o presidente da Funai não ter comparecido à reunião marcada para o dia 4 de setembro p.p., e do seu substituto ter assinado uma portaria criando um grupo de estudos da questão fundiária na proposta de ampliação da Terra Indígena Cachoeirinha, no oeste do estado. Mais fervura para o caldeirão indígena. A estratégia da gestão atual da Funai é forçar a barra de qualquer jeito para ver até onde vai dar. Por outro lado, a Casa Civil deve ter demonstrado ao governador que as coisas iriam mudar e isto o acalmou. De fato, a Funai declarou que suspendeu os efeitos das portarias que criaram os seis GTs por tempo indeterminado, ou até o dia 15 de setembro p.v.
Na região de Miranda e Aquidauana, no oeste do estado, cerca de 150 a 200 índios Terena permanecem acampados desde o dia 25 de agosto na fazenda Petrópolis, do ex-governador do estado, Pedro Pedrossian, e parece que não pretendem arredar pé. O juiz Odilon de Oliveira, o sempiterno protetor dos fazendeiros, deu liminar de desocupação daquela fazenda, mas a Funai contestou no Tribunal Regional Federal de São Paulo. Essa questão vai esquentar nesta semana.
O governador do estado está aguardando para o próximo dia 15 a vinda do presidente da Funai e de um emissário da Casa Civil para discutirem alternativas à idéia de demarcar terras para os Guarani, conforme planejado. O governador já vocalizou a idéia de que sejam doadas as terras que pertenciam ao Reverendo Moon, um coreano evangélico que comprou terras naquele estado para estabelecer uma espécie de utopia evangélica. Seriam cerca de 100.000 hectares e lá poderiam ser abrigados muitas famílias guarani.
Esta não é uma idéia de todo estapafúrdia. Vamos ver o que os índios dizem dessa proposta. Ela tem que ser feita primeiro aos índios e não à Funai!
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário