A situação extremamente tensa e melindrosa da Bolívia reclama um posicionamento dos brasileiros. É uma nação vizinha, amiga, que, aliás, já perdeu parte de seu território para o Brasil, o hoje estado do Acre. Ademais, é uma nação que está fazendo um experimento inédito de democracia na América Latina, com a participação de sua maioria populacional indígena.
O presidente Lula tomou a frente e se dispõe a ajudar o companheiro Evo Morales a negociar com os rebelados governadores dos estados ou departamentos que compõem a chamada "meia lua", isto é, a parte oriental da Bolívia.
Os conflitos abertos já resultaram nas mortes de mais de 30 pessoas. O governador do departamento do Pando, que faz fronteira com o Acre, foi acusado e preso pelas mortes dessas pessoas. Estão falando que essas mortes foram um massacre covarde, um verdadeiro genocídio.
Os Estados Unidos estão ajudando a parte rebelada, sem dúvida. Os jornais norte-americanos divulgam um quadro ainda mais distorcido do que aquele que lemos em nossos jornais.
Só a negociação entre Evo Morales e os governadores rebelados poderá devolver alguma paz à Bolívia. Os departamentos rebelados reclamam de falta de autonomia, de muito centralismo do governo federal, isto é, do Altiplano, onde está a maioria da população boliviana. Reclamam da proclamação de uma Constituição que mantém o poder centralizador e pune os departamentos da Meia Lua. É uma Constituição repleta de conselhos e de participação da população. Dizem que Morales taxa demasiadamente o petróleo e o gás que vêm dos departamentos rebelados para financiar programas de assistência social e parece que também de aposentadoria.
A notícia abaixo, repercutida pela Agência Brasil, fala de uma marcha de indígenas do Altiplano até a Meia Lua, precisamente até a cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde pretendem pressionar o governador daquele departamento, o mais rico da Bolívia, a se demitir. Querem também a neutralização do principal líder empresarial da região, Branko Marinkovic. É pedir o impossível. Ou a intenção é partir para o confronto.
Essa marcha tem um certo ar romântico e de auto-imolação. Pode dar muita confusão e resultar em mortes. Ou pode simplesmente parar no meio do caminho a pedido de Evo.
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Índios que apóiam Evo Morales marcham para Santa Cruz de la Sierra
Vladimir Platonow, Agência Brasil
Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) - Pelo menos três mil índios ligados aos movimentos sociais que apóiam o presidente da Bolívia, Evo Morales, partiram na tarde de hoje (16) da cidade de Yapacani em direção a Santa Cruz de la Sierra, segundo fontes ouvidas pela Agência Brasil. Os indígenas vão fazer um protesto pedindo a renúncia do governador de Santa Cruz de la Sierra, Rúben Costas, e do presidente do comitê cívico do departamento (estado), Branko Marinkovic. Também exigirão a desocupação das repartições públicas invadidas pelo opositores de Morales.
Um integrante de uma organização não-governamental, que não quis se identificar, disse que não viu qualquer tipo de armamento em poder dos índios. Jornalistas bolivianos confirmaram que a caminhada reúne entre três e quatro mil pessoas.
O presidente do comitê cívico de Portashuelo (distante cerca de 60 quilômetros de Yapacani), Jorge Mendes, também confirmou que a marcha reúne entre três e quatro mil índios. De acordo com ele, os indígenas que se dirigem a Santa Cruz de la Sierra estariam armados.
Mendes informou ainda que o grupo marcha a pé pela rodovia Santa Cruz-Cochabamba, bloqueada por cerca de 400 caminhões há mais de dez dias. Os índios fechara uma ponte sobre o Rio Yapacani. No momento, a marcha se aproxima da cidade de San Carlos.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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