O jornal O Estado de São Paulo repercutiu duas cartas de leitores comentando o artigo do presidente da ABA, Carlos Caroso, publicado neste Blog no domingo passado.
O artigo defendia a intenção da Funai em criar grupos de trabalho para reconhecer terras indígenas no Mato Grosso do Sul, falava em montante de 500.000 a 600.000 hectares de terras a serem delimitadas e confiava na capacidade intelectual, na isenção e na lisura dos antropólogos que lá estavam para reconhecer essas terras.
As duas cartas publicadas refletem a intensidade da campanha contra esses GTs e o nível de discussão que está sendo preparado para rebater as pretensões da atual gestão da Funai. Por isso mesmo merecem ser conhecidas aqui neste Blog.
______________________________________
Demarcação em MS (Cartas dos Leitores)
O Estado de São Paulo
A informação é fundamental para o leitor. Mas o artigo Questão humanitária (6/9, 2),do sr. Carlos Caroso, desinforma, em vez de esclarecer os fatos. Quando afirma que as terras a serem demarcadas correspondem entre 500 mil e 600 mil hectares, isso não corresponde à realidade. As portarias da FUNAI englobam 26 municípios e correspondem, sim, a um terço do território do Estado de Mato Grosso do Sul (MS), e não a1,7%, conforme afirma ele. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) fala em mais de 4 milhões de hectares. O plano operacional dos antropólogos datado de maio de 2007 - antes da contratação pelo PPTAL para esse "trabalho" - e também um de seus autores afirmam categoricamente o interesse em 3,5milhões de hectares do chamado cone sul do Estado.
Em todo caso, vale a publicação no Diário Oficial da União de 14 de julho de 2008, de n.º 133, página 35, que podemos pôr à disposição do ilustre articulista.
ADEMAR SILVA JUNIOR, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul) marceloamaral@famasul.com.br
Campo Grande
●
Discordo veementemente da alegação do sr. Caroso de que os estudos antropológicos que fundamentarão as demarcações de terras indígenas são realizados com cientificidade e isenção. Os laudos são baseados única e exclusivamente em depoimentos dos próprios índios. Não existem outros relatos, como os de moradores da região. Se o índio declarar que seus antepassados moravam em determinado local, só isso já basta para fundamentar o laudo e caracterizar a terra como tradicionalmente ocupada pelos indígenas.
Os laudos são totalmente parciais, pois são desenvolvidos por pessoas contratadas pela FUNAI, indigenistas e claramente a favor das demarcações. Portanto, é obvio que áreas que nunca foram terras indíge-na serão consideradas como tal.
Declarar que os laudos são imparciais é uma aberração.
PATRÍCIA FIGUEIREDO BARROS
paty_fiba@hotmail.com
Dourados (MS)
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário