terça-feira, 12 de agosto de 2008

Índios protestam no Peru

No Peru vêm ocorrendo protestos de várias naturezas. A notícia abaixo trata de um protesto de diversas etnias peruanas contra algumas medidas que o governo daquele país vem tomando em relação à questão indígena.

Em primeiro lugar, o Peru não tem uma política indigenista verdadeira, e o órgão que trata do assunto não tem a menor importância e poder. Sobretudo para os povos indígenas que vivem na Amazônia peruana e que estão sofrendo o assédio de madeireiros.

Em segundo lugar, o governo parece que está disposto a acelerar a assimilação dos índios peruanos da Amazônia, tratando de liberalizar a relação de madeireiros com comunidades indígenas e facilitando a possibilidade dos próprios índios venderem as poucas terras que têm reconhecidas legalmente.

Terceiro lugar, o governo alivia a pressão das companhias petroleiras para explorar petróleo na Amazônia, sem importar se a exploração é feita em terra indígena ou de quem for.

O fato maior é que o Peru não tem um órgão indigenista à altura das suas necessidades. Em comparação com o Brasil, onde a Funai, por mais capenga que esteja, faz o possível para que madeireiros não entrem em terras indígenas.

Não quer dizer que não haja madeireiros em terras indígenas, mas isto só acontece porque há a conivência de índios com esses madeireiros. Isto tem acontecido em terras indígenas de Rondônia, com os índios Suruí, e do Maranhão, com os Guajajara.

De vez em quando, porém, grupos indígenas mais conscientes se aborrecem com os parentes que estão fazendo essas falcatruas e expulsam madeireiros, ou contribuem com a Funai e o Ibama para as retiradas desses madeireiros.

A Terra Indígena Araribóia, uma das últimas reservas de floresta amazônica do Maranhão, tem sofrido bastante com a conivência de algumas famílias indígenas Guajajara com madeireiros. A Funai e o Ibama já fizeram diversas expedições para retirar os madeireiros, sempre com dificuldades.

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Peru: Índios assaltam estação petrolífera e central hidro-eléctrica na selva amazónica

Centenas de índios assaltaram hoje uma estação petrolífera e uma central hidro-eléctrica na selva amazónica do Peru, em protesto contra a aprovação de leis que dizem atentar contra as suas vidas.

O presidente da Associação Inter-Étnica de Desenvolvimento da Selva Peruana, Alberto Pizango, referiu que 800 nativos invadiram, de forma pacífica, a estação petrolífera número 5 da empresa estatal Petroperu, na região amazónica de Loreto.

Com o encerramento de válvulas na estação, os índios bloquearam o transporte de crude através do oleoduto Nor-Peruano, já que a estação recebe a produção de poços petrolíferos de Saramuro e Andoas.
Alberto Pizango adiantou que outros 800 nativos assaltaram o lote 56 da reserva de gás de Camisea, na província de Cuzco, que é explorado pela empresa argentina Pluspetrol.

Hoje, também centenas de índios, armados de lanças e flechas, forçaram a entrada de uma central hidro-eléctrica na província de Bagua, indicou um engenheiro da companhia pública Electro Norte, acrescentando que o abastecimento de energia ficou restrito às localidades da zona.

A comunidade indígena já tinha conseguido bloquear um canal de água que alimenta a central hidro-eléctrica de Muyo, privando de luz várias províncias da Amazónia, segundo um porta-voz da polícia local.

Os protestos, em que já participou mais de meia centena de etnias, começaram no sábado, para contestar dezenas de decretos que os índios consideram que afectam as suas vidas e fomentam a venda indiscriminada de terras na Amazónia.

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