quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Tragédia Guarani: Pai e filho se suicidam

Mais uma tragédia humana entre os Guarani. Desta vez ocorreu com uma família dos Guarani-Ñandeva, que, ao contrário dos Guarani-Kaiowá, raramente cometiam suicídio. Um filho se mata porque o pai não tem dinheiro para lhe comprar um caderno. Depois o pai se mata porque não suporta a morte do filho.

Há anos os Guarani vêm se suicidando por motivos aparentemente simples como este. O que está por trás dessa prática cultural tem sido objeto de investigação por parte de antropólogos, psicólogos, sociólogos e religiosos de todos os matizes, e ninguém. até agora, apresentou explicação convincentes. As explicações mais propaladas são três: 1. o suicídio é uma tradição guarani resultado de sua visão escatológica do mundo, e é conhecida desde os tempos das missões jesuíticas (tendo sido testemunhado pelo famoso jesuíta Montoya, circa 1630). 2. o suicídio se deve a uma inadaptação ao mundo que os cerca e a falta de perspectivas de vida. 3. o suicídio se deve aos índios viverem em pequenas terras e, como suas populações estão crescendo, não vivem mais o seu modo tradicional de ser, seu tekó.

Bem, essas três explicações poderiam fazer um conjunto coeso, mas todas elas pedem mais explicações. O que fica é o sentimento de todos de que nada se pode fazer para que eles revejam esse seus aspecto cultural de protestar contra sua existência ou contra as suas circunstâncias. Alguns antropólogos se tornaram especialistas profissionais dos Guarani, ganham dinheiro explorando o governo e as entidades internacionais com seu suposto expertise. Mas não conseguem trazer nenhum programa de ajuda real. A Funasa e o Ministério do Desenvolvimento Social tentam compreender o fenômeno, mandam fazer estudos, mas os consultores são esses mesmos antropólogos avulsos ou ligados a Ongs neoliberais e ao CIMI, que sempre dizem as mesmas coisas e nada produzem de efetivo.

O governo tem que dar uma virada nessa tragédia!

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Pai e filho cometem suicídio em aldeia de Paranhos
Ângela Kempfer

As tragédias parecem cada vez mais tristes nas aldeias de Mato Grosso do Sul. Hoje uma família guarani-ñandeva sofreu a dor de perder de uma só vez filho e pai, ambos por suicídio.

Na aldeia Potrero Guassú, em Paranhos, a 575 quilômetros de Campo Grande, o adolescente Ronei Benite, de 14 anos, chegou em casa, após a escola, determinado a ganhar um caderno. O pai, Cecílio Benite, tentou explicar ao filho que no momento não tinha dinheiro para a compra, mas que estava disposto a vender um porco para atender a vontade do rapaz. Cecílio não teve tempo.

Revoltado com a pobreza, Ronei pegou uma espingarda pressionou contra a barriga e, com o dedo do pé, atirou. A tragédia começava ali, mas ainda teria um desfecho pior. O pai, ao ver o corpo do filho caído no quintal, pegou a arma, seguiu para o quarto e também se suicidou, aos 34 anos.

A esposa, Plácida Benite, acompanhou tudo, ao lado de outros seis filhos, o menor de um ano de idade. “Ela não consegue falar nada, só chora, ninguém acredita. Hoje eu vim com ele da escola, a gente estava feliz, combinando de jogar bola”, conta o primo de Ronei, Robson Pires, de 15 anos.

O adolescente estudava na cidade, em uma escola municipal de Paranhos. Era um dos orgulhos da aldeia, diz o primo. “O melhor aluno da sala”, conta Robson.As duas mortes são agora o 8º e o 9º suicídio de índios guarani neste ano em Mato Grosso do Sul.
Matéria completa em Campo Grande News

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