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Os índios Ikpeng que fizeram uma equipe de pesquisadores refém continuam firmes no propósito de discutir o assunto diretamente com o presidente da Funai. Porém, este está indo para a Alemanha segunda-feira, deixando o pepino para seu substituto. Os índios sabem disso e a situação fica cada vez mais difícil.
A matéria abaixo fala que os pesquisadores vão passar a pão e água, se as demandas dos Ikpeng não forem atendidas.
Na Funai, a discussão está acalorada, porém só nos bastidores, pois a direção do órgão não sabe conversar, nem confia nos indigenistas. O fato é que:
1. Nenhum funcionário quer ir na aldeia Ikpeng conversar com as lideranças indigenas.
2. Não há clima para conversa da Funai com os Xinguanos.
3. A direção da Funai não sabe o que fazer.
4. Os Ikpeng haviam entrado com uma carta junto ao Ministério Público em 20 de novembro de 2007. Nunca obtiveram resposta.
5. Em 12 de fevereiro de 2008 a 6ª Camara do MP encaminhou a carta para Cuiabá - MT, como se estivesse passando a batata quente.
6. O risco das lagoas xinguanas, sustentadoras da alimentação de peixes, ser detonada é grande.
7. Ninguem, nem mesmo os relatorios etno ambientais, apontaram sobre isso.
8. O descaso em prestar satisfação às lideranças indígenas é grande.
9. A Empresa nunca respeitou as decisões judiciais e continuou a construção.
10. A FUNAI tem sido conivente com isso, sem prestar esclarecimentos necessários às lideranças.
11. As Ongs ACT e o ISA prestam informações errôneas e procuram dominar o processo de protesto dos índios.
12. Isso tudo contribuiu com a indignação dos povos xinguanos.
13. Na avaliação de muitos indigenistas, o pior vai ser as lideranças Ikpeng serem acusadas de "vândalos perturbadores", algo verdadeiramente lastimável para os índios e para o indigenismo brasileiro.
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Índios mantêm 14 reféns no Parque Nacional no Xingu (MT)
Pesquisadores e funcionários da Funai estão detidos desde quinta-feira (21).
Índios são contra o funcionamento de uma usina hidrelétrica no local.
Do G1, em São Paulo, com informações da TV Centro América*
Índios guerreiros da etnia ikpeng, no Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso (MT), mantêm desde quinta-feira (21) 14 pessoas reféns no local, sendo oito pesquisadores da empresa Paranatinga Energia, quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), uma antropóloga e um piloto. Eles não querem o funcionamento de uma usina hidrelétrica que foi construída no local.
Os índios estão irredutíveis e afirmaram que não aceitam negociar com representantes do governo. Eles querem negociar diretamente com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. O chefe do posto indígena do parque, Kumare Txicão, disse que os reféns passam bem, mas são vigiados por "índios guerreiros, prontos para o combate".
Antropóloga da Funai ficou presa
Na noite de sexta-feira (22), a Funai enviou a antropóloga Luzia Lima da Silva ao local para tentar resgatar os 12 pesquisadores e funcionários mantidos reféns na aldeia Moigy, mas a ação fracassou. Os indígenas aprisionaram a antropóloga e o piloto da aeronave que foi até o local.
De acordo com a Funai, os Ikpeng deveriam ter se deslocado de avião em Paranatinga, onde vivem, até o município vizinho de Canarana, em 12 grupos, de onde partiriam para a capital em três ônibus fretados. E depois seguiriam para Brasília, onde aconteceriam as negociações.
Para resolver este impasse, índios devem negociar com índios. De acordo com o superintendente de Assuntos Indígenas de Mato Grosso, Rômulo Vandoni, as negociações evoluíram neste sábado pela manhã.
Os índios do Médio Xingu teriam aceitado que o piloto buscasse outras lideranças indígenas do Parque, do Alto Xingu, para que assim sejam definidos os representantes deles para participar de uma reunião com a Funai, em Brasília.
Situação no local continua tensa
A hipótese do presidente da Funai ir até o local está praticamente descartada. A Funai disse que já negociou com os índios a ida deles para Brasília. Mas os índios informaram que não querem ir até a Capital Federal e afirmam que pretendem negociar em solo mato-grossense.
A situação no local continua tensa. Os reféns estão em uma casa, onde têm direito a usar banheiro, comer, tomar água e remédios, se necessário.
Índios são contra hidrelétrica
Os índios estão revoltados com a presença de pesquisadores no local para estudar sobre o impacto de uma pequena usina hidrelétrica (PCH), construída no rio Culuene, em Paranatinga. A PCH está pronta para funcionar, mas os índios não aceitam o funcionamento da usina.
Eles afirmam que o impacto ambiental gerado vai comprometer a sobrevivência deles. O rio Culuene é um dos afluentes da Bacia do Xingu, região ocupada por cerca de 14 etnias indígenas. Os rios e as matas da região são as principais fontes de alimentação dos índios.
A empresa Paranatinga Energia não revelou os nomes dos pesquisadores feitos reféns nem as áreas em que eles atuam.
Ver também matéria em Só Notícas
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