Finalmente os índios Ikpeng libertaram os 12 reféns, incluindo o chefe da Administração do Parque do Xingu, Tamaluí Mehinacu, a antropóloga Edir Pina de Barros, os demais membros de sua equipe de trabalho e os funcionários da Funai. Ao que tudo indica, o antropólogo Cláudio Romero nem chegou a ir à aldeia. A negociação foi feita entre outras pessoas.
Aos índios ficou garantida a ida de 50 deles a Brasília para tratar do seu objetivo, que é o fechamento da usina que está sendo construida no rio Culuene, a 90 km do Parque do Xingu. É possível que essa usina provoque alguma interferência no fluxo de peixes do rio Xingu, o que prejudicaria enormemente a vida dos Xinguanos, já que eles dependem de peixe como fonte quase absoluta de proteína animal.
Como será que serão recebidos em Brasília? O ministério da Justiça, o do Meio Ambiente, a Funai terão vontade de ir contra essa pequena central hidrelétrica? Os índios voltarão com a vitória na mão? Se não, o que receberão de volta?
A única coisa que resta desse episódio é o desgaste da relação dos Ikpeng com a Funai. E, acho, com outros índios xinguanos. Sem serem persuadidos de que a Hidrelétrica Paranatinga II não vai afetar suas vidas, vão continuar a protestar contra essa empresa. Ao seu lado estão pessoas que querem ver o circo pegar fogo. Inclusive que estão relacionadas com as Ongs que hoje dominam a Funai.
Por outro lado, a matéria abaixo mostra o quanto de desgaste sobrou para as famílias dos seqüestrados. A filha da antropóloga Edir de Pina Barros, a jornalista Maíra Barros Sardinha, divulgou um carta comovente em que retrata o pouco caso dado pelo presidente da Funai a esse seqüestro. Sobretudo em comparação com o caso semelhante dos Cintas-Largas que seqüestraram um enviado da ONU e um procurador da República, para o qual ele se prontificou a resolver com presteza e foi à aldeia regastar os reféns. É que, no caso cinta-larga, as coisas estavam combinadas com a direção da Coiab. No caso Ikpeng a coisa era de verdade.
Ver também Folha Online
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Filha de refém repudia atitude da Funai em carta
Diário de Cuiabá
Sem muitas notícias sobre as condições das pessoas que estavam presas na aldeia Moygu, sentimentos como apreensão e nervosismo tomaram os dias dos seus familiares. A jornalista Maíra de Barros Sardinha, filha da antropóloga Edir Pina de Barros, divulgou ontem uma carta de protesto contra as atitudes da Funai, que segundo ela, não se manifestava em mandar um representante para resolver o impasse na aldeia.
Maíra explicou na carta que recebeu informações de que a mãe havia passado muito mal por causa da pressão arterial, mas que ainda não foi liberada. Edir, conforme a filha, é hipertensa e não pode ficar sem medicamentos. Maíra contou que vinha sendo mal informada e atendida pelo órgão responsável (Funai).
A jornalista questionou a postura “irredutível” do presidente da Funai, Márcio Meira, em não se deslocar à aldeia para conversar com os índios. Maíra colocou que vinha se questionando se o pedido não deveria ser atendido, já que esta é a função de Meira e ele está lá para cumpri-la.
“Agora, o que tenho a dizer é que estou revoltada. Nenhuma autoridade toma atitude porque é fácil ficar esperando usufruindo o conforto que a energia elétrica que uma Usina proporciona, como: ar-condicionado, água gelada, comida requinta, etc.”, consta na carta, enviada antes da notícia da liberação dos reféns.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
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