quinta-feira, 24 de julho de 2008

JOCUM é desmascarada por Carta Capital

Uma bomba jornalística cai sobre a cabeça da JOCUM, a Ong evangélica de origem norte-americana que fez e publicou no Youtube um filme indecente e criminoso sobre os índios Zuruahá, inclusive com cenas de crianças ameaçadas de sofrerem infanticídio.

A matéria foi feita pelo jornalista Felipe Milanez, que tem se destacado como um dos mais ativos e perspicazes jornalistas a cobrir a questão indígena brasileira. Foi baseada em entrevistas com muitas pessoas e com o vasto material copilado por Antenor Vaz, um experiente e dedicado indigenista da Fundação Nacional do Índio.

Com experiência em campo, pelo tempo que passou na Funai, entre 2005 e 2007, Milanez escreve com a desenvoltura de quem conhece aldeias indígenas e sabe das disputas das facções religiosas pelas almas dos índios.

O artigo, intitulado Contágio nas matas, consultou antropólogos, o presidente em exercício da Funai, a sub-procuradora da 6ª Câmara do Ministério Público, Debora Duprat, e os próprios missionários, tanto evangélicos quanto católicos. O que dá para perceber claramente é uma disputa ferrenha e obnubilada pelo povo indígena Zuruahá, já que a Funai tem poucas condições objetivas, inclusive de pessoal, para dedicar uma atenção especial aos Zuruahá.

A matéria serve de alerta à Funai. Sem o estado brasileiro em ação, os Zuruahá ficarão nas mãos das Ongs religiosas, que farão desse povo indígena o que bem entenderem, até o momento em que se cansarem ou não tiverem mais interesse.

Na verdade, por tudo que sabemos sobre a questão da missionização dos povos indígenas, de Anchieta e Nóbrega aos dias atuais, é que a missionização é o processo mais célere de transformar os índios em não índios, de os assimilar e os incluir no processo civilizatório, já desalmados e com outras características sociais e culturais. De destemidos para humildes.

A maioria do povo brasileiro formado nos séculos XVI, XVII e XVIII veio da passagem de aldeias indígenas para missões religiosas, reduções, vilas de pescadores, vilas agregadas às fazendas e engenhos, e, enfim, para a situação de agregados sem terra nas terras dos fazendeiros.

Hoje em dia a mão de obra indígena (exceto em casos raros, como os Guarani nas usinas de cana-de-açúcar, no Mato Grosso do Sul) não é mais necessária para o capitalismo brasileiro, assim, o que pretendem as missões é inculcar nos índios o sentimento de que só pela religião, seja ela conservadora ou libertária, é que se salvarão do processo social que os envolve. Salvar-se-iam de um processo social para entrar em outro, que já não mais existe.

No fundo, porém, os atuais missionários sabem que não convencem nem convertem ninguém de espírito livre, apenas aqueles que já estão inseridos no processo civilizatório brasileiro ou mundial, que é condição sine qua non. O que eles querem é simplesmente salvar suas almas, às custas das almas dos índios.

A matéria de Felipe Milanez merece uma leitura fina e cuidadosa. Que tenha boa repercussão por aí.

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Contágio nas matas

Amazônia - Há cinco anos, o Brasil tenta tirar uma ONG dos EUA de áreas indígenas

CARTA CAPITAL, edição 505, por Felipe Milanez

Numa área pouco povoada entre os rios Purus e Juruá, dois grandes afluentes da margem direita do Amazonas, próximo à cidade de Lábrea, a aldeia suruwahá vive um drama que ameaça levá-la à extinção. Localizados em meio a um mosaico de 24 terra indígenas, próximo ao gasoduto Urucu-Porto Velho, os suruwahá têm convivido com uma onda de suicídios atribuída ao contato com os brancos. Diante da ausência do Estado, eles dependem exclusivamente de uma missão evangélica norte-americana, a Jocum (Jovens com uma Missão), que há anos mantém contato com os índios, levando a "palavra do Senhor".

Há mais de cinco anos o Ministério Público e a Funai tentam retirar os missionários, a quem atribuem uma série de ilegalidades. Documento interno da Funai, ao qual Carta Capital teve acesso, intitulado Missão: o veneno lento e letal dos suruwahá, reúne graves denúncias contra a Jocum. Assinado pelo indigenista Antenor Vaz, da Coordenação Geral de Índios Isolados da Funai, acusa a missão de proselitismo religioso, evangelização e desestruturação da comunidade suruwahá, hoje às voltas com uma onda de suicídios.

Entre as acusações, a de escravizar indígenas, extração ilegal de sangue dos índios, contrabando de sementes, construção de pistas de pouso clandestinas, uso de radioamador pirata, venda ilegal de madeira, remoção de indígenas de seu território sem autorização da Funai, adoção suspeita de crianças, realização de expedições veladas em busca de aborígenes isolados e o uso indevido de imagens dos suruwahá. Também é acusada de incitar os índios contra os representantes do Estado brasileiro, no caso a Funai e Funasa. Os funcionários das duas fundações têm sido ameaçados de morte.

"É uma atuação muito complicada. Eles fazem o que querem sem prestar contas a ninguém", afirma o presidente em exercício da Funai, Aloysio Guapindaia. Os missionários são os únicos a falar a língua dos suruwahá. E resistem a sair com o argumento de que os índios desejam sua companhia.

A Jocum, junto com outras entidades evangélicas, como a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), e a Sociedade Internacional de Lingüística atuam intensamente na maioria dessas aldeias. Contam com a logística necessária para fazer a mediação cultural com os índios e controlar o fluxo de pessoas. E também com o respeito dos nativos, complicando o trabalho dos funcionários da Funai, que estão longe de deter o controle do território dos suruwahá. Na verdade, até bem pouco tempo atrás, a Funai contava com apenas um funcionário para atender toda a região. Recentemente, contratou-se outro.

Em maio de 2003, o então procurador da República no Amazonas Sérgio Lauria Ferreira determinou a expulsão dos missionários da Jocum e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica. Até hoje a Jocum se nega a sair e impõe condições. A ONG evangélica também está na mira da Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) considera que a Jocum "ameaça identidade étnica e interfere na 'cosmodivisão' dos índios, por introduzir rituais religiosos e entidades místicas estranhas à cultura suruwahá.

Presidente da Jocum, Bráulia Ribeiro nega as acusações, ao justificar por que se recusa a sair da terra indígena. "Somos parte da família dos índios. Nosso papel é promover o bem-estar. Não pregamos religião, mas os índios têm o direito de ouvir e escolher se querem se evangelizar. A pregação é pelo relacionamento, no convívio", afirma a missionária. A Jocum consegue manter uma equipe na aldeia, transportada em hidroaviões e aeronaves. Estas utilizam pistas de pouso construídas em associação com outras missões, em aldeias próximas às do suruwahá, como a dos deni.

Criada pelo pastor fundamentalista norte-americano Loren Cunningham, em 1960, a Jocum chegou ao Brasil em 1975. Entrou em contato com os suruwahá em 1984, com a justificativa de proporcionar assistência médica aos indígenas. A avaliação da Funai é que a assistência é ineficiente e funciona apenas como álibi para a evangelização.

Desde o primeiro contato da Funai com os suruwahá, em 2000, ficou claro que alguma coisa estava errada na aldeia, conta Izac Albuquerque, o primeiro funcionário a alcançar a área. "Assim que cheguei, um grupo me cercou. Apontavam flechas envenenadas, me ameaçavam. Eles falavam que não gostavam da Funai, que a Funai matava e fazia tudo de ruim". Mais tarde se deu conta de que a recepção hostil tinha sido inflada pelos missionários.

Para o Ministério Público Federal, as duas missões, evangélica e católica, são irregulares e devem retirar-se. Rivais, as duas entidades trocam acusações. O Cimi deu início às denúncias contra a atuação da Jocum, há dez anos, acusando-a de espalhar a gripe na região. Para se aproximar dos indígenas, a Jocum contara com um casal de missionários Edson e Márcia Suzuki, que aprenderam a língua. Em seguida, começaram a traduzir para o suruwahá conceitos cristãos e a intensificar o processo de evangelização. Foi nesse ponto que o Cimi denunciou a ação da Jocum.

O que as missões não esperavam enfrentar é um drama ainda maior, no caso dos suruwahá em relação a outros povos, ainda não compreendido: o altíssimo índice de suicídio. Os suruwahá morrem voluntariamente. A taxa de suicídio de 8% ao ano é impressionante. No contrafluxo da tendência nacional, a população suruwahá está caindo nos últimos anos. Hoje são 137, em 2004 eram 145.

Para o antropólogo João Dal Poz, que pesquisou o tema do suicídio entre os suruwahá, esse distúrbio tem origem em uma dinâmica de transformação sociológica, do modo de vida desse povo após a chegada dos brancos na região. Eles cultivavam uma relação belicosa e complexa com seus vizinhos, nutrida por magias e feitiçarias. "Sempre houve suicídio, mas nunca numa taxa tão alta. Parece-me que são reflexos da guerra religiosa entre católicos e evangélicos, instaurada inclusive entre as lideranças locais. Eles tentam se matar e muitas vezes se matam por qualquer bobagem", afirma Dal Poz.

A análise da pirâmide demográfica atualmente é assustadora: não há adultos homens entre 45 e 60 anos. Para o Cimi, a Jocum e o descaso do governo federal são os maiores responsáveis. "É provável que esse aumento dos suicídios tenha a ver com as constantes saídas dos índios para as cidades, promovidas por alguns missionários evangélicos com o apoio da Funai e da Funasa", diz Josefa Alves, do Cimi. Ela defende o contato dos suruwahá com outro indígenas, o que os ajudaria a superar o etnotrauma, como define, decorrente do contato com seringueiros desde os anos 1980.

Para a Jocum, a saída passa necessariamente pela "salvação religiosa". Os índios estão dominados por demônios e precisam "encontrar Jesus", como diz Bráulia Ribeiro. Por esse motivo, missionários da Jocum começaram a fazer rituais de exorcismo dentro da aldeia. O Cimi sustenta que a missão evangélica trouxe da Nova Zelândia dez xamãs da etnia maori, cujos rituais desagradaram aos pajés locais, que se sentiram desprestigiados.

Bráulia revida para afirmar que quando os índios são retirados das aldeias sempre há o consentimento da Funai e da Funasa. Os dois órgão negam. Mas a questão se tornou ainda mais emblemática em 2005, quando os missionários levaram para tratamento em São Paulo as pequenas Iganani e Sumawani, que, segundo eles, conforme costumes locais, seriam assassinadas por apresentarem deficiências físicas. Levaram também os pais da última, Kusiama e Naru. Diante da repercussão, dirigentes da Jocum tiveram de depor em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, para explicar a retirada sem autorização das crianças da aldeia. Conseguiram angaria a simpatia de alguns parlamentares.

Em Rondônia, onde a Jocum também é bastante ativa e mantém sua sede, a Associação do Povo Uru-eu-uau-uau, da região do rio Jupaú, denunciou que os missionários estariam comercializando sementes de mogno para o exterior ilegalmente. Para a Jocum, tratava-se de uma operação ligada a um convênio que seria firmado com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A Embrapa não confirma a informação.

" Nossa expectativa é que se avaliem as práticas do Cimi e a da Jocum e se identifiquem quem faz agressões culturais e comete ilegalidades. Não se trata de duas missão religiosas disputando espaço", afirma Francisco Loebens, coordenador do Cimi Norte, com atuação na região amazônica.

Alguns anos atrás, três jovens missionários da Jocum - Júlio Nova, Nilson Carvalheiro e Nivaldo Carvalho - foram apanhados no meio de uma expedição ilegal. Tentavam estabelecer contato com o povo isolado hi-merimã, próximo aos suruwahá, contrariando a política da Funai de evitar o contato com os povos isolados.

A dinâmica da evangelização surpreende, ao se referir a temas inusitados. Há relato de um jovem suruwahá que ora para Jesus pedindo boas caçadas. "Um rapaz novo fez isso e matou, num só dia, as duas primeiras antas de sua vida."

No documento da Funai, há relatos variados de interferência cultural. Vizinhos dos suruwahá e também falantes da língua arawa, os banawa tinham o costume de abandonar o lugar onde moravam sempre que uma pessoa morresse. Após a morte, enterravam todos os haveres do morto, para que seu espírito não amedrontasse os vivos. Só a morte de uma velha banawa acabaria com a maldição. Certa vez, uma missionária da Jocum, conhecida por Fátima, depois do enterro, convenceu os indígenas de que se todos ficassem rezando a Deus o espírito da falecida não voltaria. Segundo o relato da Funai, os índios ficarm rezando a noite toda. Para a missionária, foi a oportunidade de fazê-los sentir "o poder de Deus e a sua superioridade".

Diante da diversidade de povos indígenas próximos e da presença rarefeita da Funai, o antropólogo Dal Poz sugere analisar em termos genéricos a presença das missões na região. "A atuação dessas missões vincula-se aos objetivos ideológicos dos fundamentalismo evangélico norte-americano, em seus esforços de evangelizar e converter os índios." Débora Duprat, subprocuradora-geral da República, concorda que a gravidade da questão se deve à ausência do Estado na Amazônia. "Várias comunidades são assediadas pelas missões. E neste caso dos suruwahá os missionários têm efetivamente o domínio, inclusive espiritual do grupo", afirma. A procuradora está preocupada com a repercussão que o filme lançado recentemente pela Jocum poderá causar. Hakani: Incinerado Vivo - A história de um sobrevivente chocou antropólogos e indigenistas no Brasil pelo forma como os índios são retratados.

Dirigido por David Cunningham - filho do fundador da Jocum - , o filme conta a história da menina Hakani, sobrevivente a uma tentativa de infanticídio. Seus pais e alguns parentes teriam se suicidado por causa disso. Hakani foi entregue aos missionários e com eles vive até hoje. Trata-se de um libelo contra o que os antropólogos e a própria Funai vêem como um elemento da cultura suruwahá.

Para a procuradora, cabe uma ação de danos morais pela forma como os povos indígenas são tratados. "Denigre a imagem dos índios, acirra os preconceitos e usa-os para uma batalha da Jocum, que é a aprovação de uma lei despropositada que criminaliza a prática de infanticídio."

Em seu blog, o ex-presidente da Funai Mércio Gomes considerou o filme "criminoso". E pediu que se fizesse uma denúncia para a "Polícia Federal, o Ministério da Justiça, a Secretaria de Direitos Humanos, a Funai, o Supremo Tribunal Federal e todas as instâncias judiciais, jurídicas e éticas do Brasil". A Funai diz que investiga o caso e estuda medidas judiciais contra a Jocum.

A expulsão da missão evangélica da terra indígena é dada como certa, mas já se passaram cinco anos desde que o Ministério Público Federal se pronunciou nesse sentido. O MP alega que o grupo indígena vive uma situação de vulnerabilidade, pelo contato recente. " A Jocum manipula os índios, coloca-se como amiga. Mas é um discurso para fora, na verdade os missionários desqualificam os índios, tratam-nos como selvagens, são preconceituosos", afirma Rodrigo Lines, que cobra da Funai a retirada dos missionários e defende a adoção de um programa de proteção.

O temor geral é que ocorram novos suicídios caso a missão saia. "Se for preciso, vamos buscar uma medida mais enérgica entrar com uma ação, cobrando multa e medidas coercitivas. Isso em última instância, para não azedar e dificultar ainda mais a relação de confiança que a Funai e a Funasa devem estabelecer com os indígenas", diz Lines.

Com a saída da Jocum, a Funai retomaria o controle da área para aplicar o modelo de atuação implantado junto ao povo zoe, visto como exemplar pela fundação. Os zoe viveram momentos parecidos, mas sob o domínio de outra missão, a MNTB, já expulsa. Agora, a Funai percebe uma situação mais tranqüila, com recuperação demográfica e bem-estar social, sob a supervisão do indigenista João Lobato, nos mesmos moldes das operações realizadas pelos irmãos Villas-Boas.

De acordo com o presidente em exercício da Funai, Aloysio Guapindaia, enquanto a Funai for fraca, não haverá muito a ser feito, e o Brasil terá de conviver com esse tipo de ameaça à soberania política. " A sociedade tem de ter como objetivo a reestruturação do órgão indigenista", afirma.

Hoje, caso a Petrobrás pretenda discutir os impactos do gasoduto Urucu-Porto Velho com os índios suruwahá, terá como interlocutora uma Funai "surda", incapaz de consultar os índios por sua conta, ou se submeter à tradução dos missionários evangélicos de uma organização norte-americana. Em terras da União, em pleno território amazônico, cuja soberania nos últimos tempos tem inflamado tantos ânimos.

16 comentários:

Anônimo disse...

Para Sr Mércio. A reportagem sobre as ongs é muito interessante! Eu como conhecedor da cultura indígena, me assusta o quanto órgãos federais como a FUNAI tem se preocupado em conservar a cultura do povo. Ao contrário da reportagem, gosto de abranger e conhecer os dois lados. De um lado a FUNAI, e de outro, organizações que lutam pela causa indígena, claro que existem organizações e “organizações”. Não tenho visto um empenho significativo por parte das organizações federais que abrange todas as etnias de nosso país que trate o índio como ele deve ser tratado. Não conheço projetos para inclusão indígena na sociedade, pelo contrário, ele está “invadindo” nosso espaço pra tentar ser como nós e sobreviver em nosso ambiente. Não sei que visão o Senhor possui sobre o “ser” indígena. Há pessoas, a maior parte dos brasileiros não sabe sequer que o índio tem visão, valores e práticas, que ele é um ser social que escolhe, têm desejos e direitos, que foi desonrado culturalmente e socialmente. Não preciso falar sobre isso pois o Sr. já sabe. Na capital de nosso país, se me recordo bem, tivemos uma notícia incrível de um índio ser queimado na rua, é fato Sr Mércio que nossa sociedade considera nossos indígenas como “bichos”. Para isso eles têm organizações super funcionais à disposição deles, como é o caso da FUNAI, para não somente defender os direitos deles, mas também para darem direito de escolha para eles, o que não acontece. Revistas de grande credibilidade têm caído em suspeita quando fazem reportagens integralmente éticas visando apenas um dos lados. Sugestão: a mídia pode ser um pouco mais transparente tanto quanto do ponto de vista do interessado quanto da parte que foi, aqui, no caso, atacada. Gostaria acima de tudo defender o valor moral de nossos indígenas e poder fazer com que eles conquistem oportunidade de valorização de escolha e direitos que não possuem.

Anônimo disse...

Sr. Mércio, sei que falo com um grande conhecedor da causa indígena.
O Senhor bem sabe que é realidade a prática de infanticídio em maior parte das etnias dos índios brasileiros. Não sei que linha antropológica o Senhor é defensor, mas concordo que é bem mais importante conservar o valor da vida para que esta sociedade se perpetue. Isso é óbvio, que a prática infanticida da chamada “cultura” é um dos maiores perigos para a futura extinção de uma tribo minoritária. Quero destacar que é mais que um dever do que um embate antropológico, o empenho de manter e perpetuar esta cultura intacta e crescente. Gostaria que a reportagem abrangesse mais sobre o assunto das práticas culturais do que se prender a suposta “contaminação” das ONGs, afinal, o mais importante é conservar vivo este povo.

Anônimo disse...

INDIOS DO VALE DO JAVARI PEDEM SOCORRO


O Conselho Indígena do Vale do Javari –CIVAJA, organização representativa e legítima dos povos indígenas do Vale do Javari, e suas organizações de bases: Associação Marubo de São Sebastião – AMAS; Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Povos Indígenas Marubo do Alto Rio Curuçá – ASDEC; Associação dos Indígenas Moradores de Atalaia do Norte – AMIATAN; Associação Kanamary do Vale do Javari – AKAVAJA que representam os indígenas das etnias: Mayuruna, Matis, Kulina, Marubo, Kanamary, Kurubo e demais povos isolados existentes da terra indígena sem contato com sociedade envolvente situada naregião de fronteira do Brasil e Peru, no Estado do Amazonas, vêm apresentar a realidade atual em que se encontram as nossas comunidades e o sofrimento por eles enfrentado.

Nossa população é estimada aproximadamente em 3.600 indígenas que habitam a região de uma área de 8.544,444 hectares de área intacta de reserva indígena com diversidade étnica de povos isolados, além de riquezas ambientais e hidrográficas do Mundo, região rm que os nossos povos se encontram sofrendo e as mortes acontecendo silenciosamente sem que as autoridades se preocupem com tal situação que já se torna uma calamidade pública. Nossas crianças e parentes morrem de hepatite A, B, C e D, tuberculose, meningite e tantos outros que não se conhecem, que nos últimos 17 (dezessete) anos já sofremos epidemias de: Cólera, Coqueluche, Malária tipo Falciparum e Vivax, e hoje o maior índice de doenças é Hepatite, Tuberculose bem como surgimento de Meningite que levou dois adolescentes indígenas Matis a óbito em Dezembro de 2007.

As populações indígenas estão se infectandode vírus da hepatite e próprio bacilo de tuberculose. Lembrando que no Vale do Javari, todos os índios já tiveram 10 e 15 casos de malárias, causando aos mesmos problemas hepáticos e o sofrimento de dores abdominais nas crianças e adultos, assim morrem vomitando sangue, por conta das febres, gastrites. Nossos parentes sofrem de cirrose e até úlcera por ingerirem tanto medicamento e não tem mais resistência física para outras enfermidades que se tornam frágeis às doenças.

Nem todo indígenas são tratados da tuberculose e controlados, assim as transmissões não têm controle específico na região. Somente as populações indígenas Marubo do alto rio Itui, em um levantamento feito por um dos enfermeiros que esteve na área em 2007, todas 24 lâminas examinadas foram positivos, sendo que 80% estão contaminadas, isso sem contar outras localidades que não fizeram lâminas, principalmente na região do alto rio Curuçá, podemos dizer que possivelmente haverá maior número de casos. E as pacientes ainda se encontram na aldeia sem expectativa de receber tratamento.

Mencionamos aqui que nunca houve especialista que fizesse levantamento específico e detalhado para diagnóstico, assim, somos negados de saber que tipos de doenças existem em nosso meio. Por falta dessas informações as lideranças tradicionais e pajés, procuraram saber no intuito de fazer medicinas tradicionais de ervas em colaboração aos técnicos e enfermeiros. Quando não são informados os mesmos se revoltam e ameaçam os poucos técnicos de saúde que existem do DSEI na região.

O Distrito Sanitário Especial Indígena do Vale do Javari – DSEI- Javari, não tem autonomia de gestão administrativa, política e financeira o que vem dependendo da Coordenação da FUNASA – Manaus – CORE/AM e as remoções que são solicitadas são encaminhadas a esta coordenação para liberar meio de transporte (aéreo e fluvial), com isso muita vezes tem demorado a liberação, por sua vez a CORE/AM espera autorização do Departamento de Saúde Indígenas da DESAI/Brasília.

A FUNASA na nota de esclarecimento a Radio Nacional de Brasília esclareceu que “atualmente, o atendimento a saúde indígena é realizado por meio das (equipes multidisciplinares de Saúde Indígena – EMSI, a FUNASA mantém equipe regularmente na área do vale do javari e nas unidades de saúde (DSEI, Pólos e CASAIs, no total de 60 profissionais atuando em prol da saúde da população indígena. As equipes são formadas por médicos, enfermeiros, nutricionista, odontólogos, bioquímico, farmacêutico, técnicos de enfermagem, técnico de laboratório e auxiliares de consultório dentário”.

Podemos esclarecer que bioquímica farmacêutica, médico, nutricionista e técnico de laboratório não atuam na área indígena. Somente um odontólogo, fez duas missões na área em 2007, por falta de material que não foram adquiridos por parte do órgão. Dos 60 profissionais alguns técnicos e enfermeiros estão exercendo suas atividades na área, por isso há necessidade de profissionais que se torna insuficiente. E para entrada desses mínimos profissionais de saúde na área o chefe do DSEI/Javari juntamente com CONDISI e o CIVAJA enfrentam resistência por parte dos técnicos e alguns enfermeiros que se negam a ir para área indígena e remetem atestados médicos para continuarem na cidade.

E aquelas enfermeiras ou técnicos que se encontram na área indígena enfrentam dificuldades por não haver condições para trabalhar e passa a sofrer junto às comunidades, por falta de condições como: radiocomunicação, gasolina, medicamento, estrutura (farmácia casa de apoio e Pólos Bases) bem como outros equipamentos necessários, por conta disso, sofrem pressão dos indígenas pela precariedade que se encontram as áreas indígenas e querem soluções dessas necessidades.

A FUNASA através da CORE/AM, vem prometendo às populações indígenas desde 2005, alegando que já havia adquirido: 50 rádios de comunicação, 02 ambulâncias (carros tipo furgão), 07 geladeiras solares e construção de 04 pólos bases na região. Pelo não cumprimento das promessas, as lideranças formaram uma comitiva de índios no 9º Encontro Geral de Lideranças Indígenas do Vale do Javari realizada na aldeia Rio Novo no início do ano de 2007, para viagem a Brasília, que na oportunidade resultou na entrega de vários documentos de reivindicação ao Ministério Público Federal; na oportunidade foi solicitado a Dra.Débora Duprat da 6ª Câmara de Brasília para uma audiência em Atalaia do Norte, o qual aconteceu no dia 15 de Agosto de 2007 onde pela segunda vez, foi assinado um (Termo de Ajustamento de Conduta – TAC) que exigia a construção e estruturação dos pólos bases, aquisição de geladeiras, etc., até Dezembro de 2007, que também ainda está sendo iniciada com apoio da organização e comunidades, mas que não começou ainda as obras até o presente momento.

A FUNASA disse que a ocupação da sede daCORE/AM, em Manaus no mês de Novembro de 2007, não justifica a não início das obras, porque a construção dos pólos bases é uma reivindicação do síndios há muito tempo e assinatura do TAC foram em mês de Agosto, tempo suficiente para iniciar as obra na nossa região. Vale ressaltar que a coordenação do CIVAJA no sentido de acelerar a obra disponibilizou aos serradores, moto-serra da AMAS para serragem de madeira, foi como serraram tábuas para construção do Pólo Base Maronal e da Aldeia São Sebastião, mas que ficou para concluir a serragem e os serradores tiveram que sair da área por motivo da malária. Essa iniciativa do CIVAJA é uma iniciativa para colaborar com opróprio órgão.

Em vista da dificuldade que o DSEI/Javari encontra para realização de vacinação e outras missões de saúde na área o CIVAJA disponibilizou desde 2006 para responsabilidade da FUNASA um barco de 114 HP denominado NIWA-WANY, da propriedade do CIVAJA, também para acelerar as atividades de saúde para as populações indígenas do Vale do Javari.

O CIVAJA recebeu doações de aparelhos de microscópios da entidade Médicos Sem Fronteira, os quais são aparelhos de microscópios usados na área indígena pelos técnicos e AIS, nunca foram feito manutenção dos referidos aparelhos, as mesmas situações se encontra os rádios das comunidades indígenas, que também estão necessitandode manutenção, por isso, os pólos bases e outras referências estão sem radiocomunicação nas áreas. E por falta dessa comunicação e transporte os poucos técnicos de enfermagens e alguns enfermeiros que atuam na área indígena, se sentem abandonados, por não ter como fazer visita domiciliar nas comunidades de abrangência doPólo Bases, muito menos pode se deslocar ou comunicar para orientar aos AIS nas comunidades, finda riscando a sua própria vida por ser uma área de risco.

O órgão denominado Fundação de Vigilância em Saúde – FVS, responsáveis pelo combate amalária, que atua na sede Municipal de Atalaia doNorte em convênio com a prefeitura Municipal, quando vão para área indígena só fazem atividade paliativa e sem qualidade de atendimento. Exemplo disso foi feito nos mês de Dezembro no Rio Curuçá que ficaram apenas três dias na aldeia Maronal, enquanto que a outros grupos de endemias faziam de 45 dias cada ciclo de atendimento em cada sub-região do vale do javari e combatiam a malária.

O Programa Saúde Familiar Indígena – PSFI, recursos repassado fundo a fundo do Ministério da Saúde para a Prefeitura Municipal de Atalaia doNorte, para contratação de profissionais de saúde, não dar para contar com os profissionais, porque permanecem mais na cidade enquanto os problemas são na área indígena. O médico que foi contratado, nunca atendeu índios e que muitas vezes tem se negado a atender índio, foi como a coordenadora técnica do DSEI, e a coordenação do CIVAJA tiveram que assinar termo de responsabilidade e tirar criança matis do hospital de Atalaiado Norte e levar ao hospital de tabatinga onde aconteceu à morte da referida criança no dia 03 de Dezembro de 2007. O chefe do DSEI-JAVARI, junto com Conselho Distrital de Saúde Indígena do Vale do Javari - CONDISI, vem solicitando a substituição desses profissionais de saúde que se negam a entrar na área e permanecem na cidade, mas não vem sendo atendido pela prefeitura municipal de Atalaia do Norte, assim, recebendo seus vencimentos normalmente, sem prestar o serviço como rege os seus contratos de trabalhos.

Lamentamos a grave situação que estamos passando em vista de não está havendo preocupação das autoridades que no ano de 2007 já morreram 39 indígenas e no início desse mês de janeiro de 2008 em menos de uma semana morre 02 indígenas, pelo visto as autoridades responsáveis querem o fim do nosso extermínio definitivo dos nossos povos, por isso permanecem silenciosos, sem se manifestar sobre as mortes dos nossos parentes do Valedo Javari, que milhares de anos os Índios nunca sofreram de Malária, somente após o contato forçado pelos invasores da região, vimos enfrentar esse descasos.

Podemos dizer que essas diversidades de povos indígenas, estão a beira do extermínio e nós nos sentimos ameaçados e sem futuro. Ressaltamos ainda que as autoridades não tomarem as devidas providencias concretas e necessárias. O mundo assistirá a extinção dessa diversidade étnica e ficará na historia e lenda como aconteceu no passado com outros povos durante aos 508 de colonização no Brasil. Na região as populações indígenas que viviam preservando seus costumes e conhecimentos tradicionais, fiscalização territorial como os únicos que asseguram o patrimônio da humanidade, não consegue mais fiscalizar seu território e não praticam mais suas festas por motivo de doenças que matam seus parentes, onde a tristeza e o vazio desses parentes, muitos fogem de mata adentro e outros saem para cidade em busca de soluções resistindo às doenças.

Em vista disso o Conselho Indígena do Vale doJavari – CIVAJA vem articulando com as entidades nacionais e internacionais em busca de apoio no sentido de solucionar e colaborar com os próprios órgãos, comprovando que somente o órgão do Ministério da Saúde em si, não há como desenvolver atividade com resultados por falta até de recursos humanos com quadro de servidores insuficiente e o CIVAJA tendo como experiência de convênio com as entidades de apoio ao movimento indígena: Médicos Sem Fronteiras da Holanda, Terredês Hommes da Suíça e Holanda, Amigos da Terra,União Européia, GTZ, KFW, que tiveram bons resultados, que com isso adquiriu a construção da casa de saúde indígena - CASAI aparelhos de microscopias, capacitação de agentes indígenas de saúde, aquisição de embarcações etc., nos últimos anos, tomou por iniciativa de convidar FUNASA, FUNAI, ASASEVAJA, Oncean Foutures, TDH/Holanda, Diocese do Alto Solimões, Fundação SãoFrancisco, COIAB, CIMI, CTI, Amazon Xpeditions com finalidade de fazer parceria para (Plano de Ação Emergencial de Saúde para as Populações Indígenas do Vale do Javari) nos Períodos de Janeiro, Julho, Outubro e Dezembro de 2008.

Tal proposta já foi levada ao conhecimento dapresidência da FUNASA, DSAI/FUNASA, CORE/AM,DSEI/JAVARI, FUNAI/ATN, COIAB e outras entidades que queira participar da referida missão, onde a entidade Amazon Xpeditions deu por sinal em apoiar aproposta do CIVAJA, com que estamos contando e formar equipe de parcerias para ação de saúde no vale do javari. Vale ressaltar que nós lideranças do movimento indígena temos nossas propostas e planos para atividades sejam lá em que for a área, estamos para colaborar e apoiar as ações dos órgãos, mas precisamos condições e apoio, nesse caso estamos dispostos e convidamos a quem queira participar das nossas parcerias porque somos únicos conhecedores nas nossas situações na região, para dizer o que queremos.

Diante exposto, vimos por meio desta manifestar para sensibilizar as autoridades publicas competentes, entidades e exigir o apoio, o atendimento de saúde ou uma intervenção de emergência de saúde junto aos povos indígenas do Vale do Javari localizado na região no Estado do Amazonas, e ainda sugerimos algumas providencias que deveriam ser tomadas imediatamente para minimizar a tal situação a seguir:

1. Adquirir quatro barcos “ambulância fluvial” para remoção especifica dos pacientes das calhas dos rios com referencias hospitalares nas sedes municipais;

2. Adquirir 50 (cinqüenta) radiocomunicações para as comunidades indígenas, embarcações e ambulâncias fluviais para chamadas emergencial;

3. Iniciar imediatamente tratamento dos pacientesportadores de Hepatite que foram realizadosexames de Biopsia que até o presente momento estãosem receber tratamento. Caso não haja tratamentodos mesmos, os indígenas poderão recusar ounão aceitar mais as ações previstas por parte da FUNASA, com isso podendo prejudicar aos outros povos, até mesmo ações de saúde em todas as comunidades;

4. Reativar a equipe de endêmias do DSEI/Javari, dando aos mesmos, condições estruturais e operacionais para funcionamento de fato no combate a malária na região, visto que a Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, não tem dado conta das atividades de combate à malária na região;

5. Criar uma equipe especifica para levantamento geral de tuberculose na terra indígena do vale do javari e iniciar o tratamento com urgência dos pacientes que já foram notificados, para não acontecer mais, o que acorreu com o indígena Aldinor Dionísio que faleceu por tuberculose;

6. Acelerar a construção dos quatro pólos bases que ainda não foram iniciadas até esta data para funcionamento em breve as novas unidades de saúde no vale do javari, e as instalações de geladeiras solares em todos os 07 Pólos Bases para acondicionamento das vacinas, para beneficiar as populações indígenas;

7. Apoiar a perfuração dos 08 poços iniciada entre ASASEVAJA e AMAS no médio rio Curuçá para abastecimento de água nas comunidades Mayuruna, Marubo e Kulina bem como fazer outros saneamento em todos os pólos bases;

8. Construção de 04 pistas de pousos, nas comunidades de difícil acesso via transporte fluvial, nos períodos de estiagem, principalmente nos pólos bases dos médios rios da terra indígena do vale do javari;

9. Nomeação imediata de um chefe da Casa de Saúde do Índio - CASAI de Atalaia do Norte, sendo o servidor do quadro da FUNASA, tendo em vista há muito tempo, a referida CASAI encontra-se sem chefia;

10. Transformar o DSEI-JAVARI em uma unidade gestora, para agilizar ações de saúde previstas;

11. Aquisição de transportes terrestres (carros) para suprir as necessidades da CASAI e do DSEI-JAVARI, atualmente os profissionais usam motocicletas da FUNASA, para transportar pacientes nos locais de referencias;

12. Apoiar a realização da Assembléia Extraordinária dos Povos Indígenas do Vale do Javari onde será apresentada o Plano de Ação Emergencial de Saúde para as Populações Indígenas do Vale do Javari, proposta das organizações indígenas aos seus parceiros, bem como outras atividades de Saúde do DSEI/Javari/FUNASA.

Desde já agradecemos a sua valiosa atenção e colaboração, no aguardo de uma resposta urgente aos povos indígenas do vale do javari.

FAVOR AJUDE-NOS NOS ESTAMOS MORRENDO E PEDINDOSOCORRO!

Muito atenciosamente

Clovis Rufino Reis - Coordenador do CIVAJA

Manoel Barbosa da Silva - Presidente da ASDEC

Raimundo Nascimento Reis - Presidente da AMAS

Pedro Duarte Comapa - Presidente da AMIATAN

Aldeson da Silva Saldanha - Presidente da AKAVAJA

André Chapiama Wadick - Coordenador Regional do CIVAJA

Walciley Oliveira Duarte - Professor da Aldeia São Sebastião

Baritiká Matis - Coordenador Regional do CIVAJA

E AGORA, CAMBADA ? COMO FICA?

Anônimo disse...

Contra o INFANTICÍDIO

Carta Aberta do
MOVIMENTO CONTRA O INFANTICÍDIO INDÍGENA

Ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à D. Marisa e à Nação Brasileira.

Nós, indígenas do Mato Grosso e do Brasil, pedimos a sua atenção para os casos de infanticídio que ocorrem impunemente nas aldeias indígenas do Brasil. O infanticídio não é um fato novo. Infelizmente sempre esteve presente na história das culturas indígenas. Entretanto, este assunto tem ganhado visibilidade na mídia com a divulgação da história da menina Hakani da etnia Suruahá, que sobreviveu ao infanticídio após o suicídio dos pais e irmãos.

Estamos vivendo um momento de mudanças - de profundas mudanças em nossa cultura e estilo de viver. Hoje vivemos um novo tempo e a realidade dentro das comunidades indígenas e outra. Já não vivemos confinados nas nossas aldeias, condenados ao esquecimento e a ignorância. O mundo já esta dentro das aldeias através da TV e da INTERNET e da escola. O acesso à informação têm colocado o indígena em sintonia com os acontecimentos globais.

Tudo isso tem alterado nossa visão de mundo. Hoje já não somos objetos de estudos, mas sujeitos, protagonistas de nossa própria historia, adquirindo novos saberes e conhecimentos que valorizam a vida e a nossa cultura.

Somos índios, somos cidadãos! Vivendo na cidade ou na aldeia, não abandonamos as riquezas de nossas culturas, mas julgamos que somos capazes de distinguir o que é bom é o que é danoso à vida e a cultura indígena. Assumimos a responsabilidade de nosso destino e de fazer escolhas que contribuem para nosso crescimento. Recusamos-nos a ser meros fantoches nas mãos das organizações científicas e de estudo. Chega de sermos manipulados por organizações governamentais e não-governamentais!

Portanto manifestamos nosso repúdio a pratica do infanticídio e a maneira irresponsável com que essa questão vem sendo tratada pelos Órgãos Governamentais. Não aceitamos o argumento de antropólogos baseados no relativismo cultural. De acordo com a própria Constituição brasileira de 1988 que em seu artigo 227 determina:

“É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à Criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida , à saúde, à alimentação, à educação ao lazer à profissionalização, à cultura e à dignidade, ao respeito, à liberdade é à convivência familiar e comunitária, além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discrimininação, exploração, violência, crueldade e opressão!”

E em nome deste preceito constitucional é que nos dirigimos à nação brasileira, em especial ao Presidente Lula e à esposa D. Marisa, assim como aos congressistas e aos governantes estaduais municipais, para manifestar nossa indignação com a falta de respeito à vida em especial das crianças vítimas do infanticídio.

O recente caso da menina Isabela alcançou tal repercussão na mídia, que de repente nos vimos vivendo a dor e a angústia de sua família. Parecia que Isabela era alguém de nossa própria família. Toda a nação brasileira se comoveu e se encheu de indignação com tamanha violência e passou a acompanhar, a exigir justiça e punição aos suspeitos. A justiça tem feito seu papel e a sociedade está em alerta contra a violência infantil.

Mas nós perguntamos - será que a vida da Isabela tem mais valor do que a daquelas crianças indígenas que são cruelmente enterradas vivas, abandonadas no mato, ou enforcadas por causa de falsos temores e da falta de informação dos pais e da comunidade? NÃO!

Não aceitamos o infanticídio como prática cultural justificável. Não concordamos com a opinião equivocada de antropólogos que têm a pretensão de justificar estes atos e assim decidir pelos povos indígenas, colocando em risco o futuro de etnias inteiras. O direito à vida é um direito fundamental de qualquer ser humano na face da terra, independentemente de sua etnia.

Sr. Presidente, e D. Marisa Senhores, senhores congressistas e governantes estaduais e municipais, cidadãos e cidadãs brasileiras, os direitos humanos estão sendo violados no Brasil!! Quantos milhares de crianças já foram enterradas, enforcadas ou afogadas quantas mais terão que passar por isso? Nosso movimento espera que a lei maior de nosso país seja respeitada isto é independentemente de etnias, cor, cultura, raça, todas as crianças gozem do direito à vida.

Por isso, através desta carta aberta:

· pedimos que a Lei Muwaji seja aprovada e regulamentada;

· pedimos ao presidente Lula e a sua esposa que pessoalmente interfiram nesse processo;

· pedimos que os órgãos competentes não mais se omitam em prestar socorro as mães e as crianças em risco de sofrer infanticídio.

Nós, abaixo assinados, concordamos com os termos desta carta aberta e junto com seus autores, pedimos aos governantes do País em todas as instâncias, providencias no combate e na erradicação do infanticídio para que assim o sangue inocente não seja mais derramado em solo indígena.

Mato Grosso, junho de 2008.

Movimento contra o infanticídio indígena.

Contato: edsonkairi@hotmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo. .



Edson Bakairi é lider indígena em Mato Grosso, professor licenciado em historia com especialização em Antropologia pela UNEMT, presidente da OPRIMT ( Organização de professores Indígenas de Mato Grosso) por 3 anos e é sobrevivente de tentativa de infanticídio, abandonado para morrer na mata, foi resgatado e preservado com vida por suas irmãs.

E agora, cambada?

Anônimo disse...

"Denigre a imagem dos índios, acirra os preconceitos e usa-os para uma batalha da Jocum, que é a aprovação de uma lei despropositada que criminaliza a prática de infanticídio."

shuyahsuyahsyahauauhsy
faremos a associação pró-infanticídio, com comissão parlamentar , e exigimos a legalização imediata de todas as formas de infanticídio shuayhsyuahsyuahasyahs chega de valorizar a vida humana, todos são macaquinhos, bichos animalescos.
É uma forma simples e eficiente de eliminar futuros marginais favelados, evitar superpopulação e ainda por cima é muito mais seguro para a mulher que o aborto
Taí o meu apoio incondicional. Toda honra a essa excelentíssima meretríssima...shuauyhsyayauayshya
Posso começar já? tem uns gurizinhos me incomodando aqui shuayhsyahgauahshuaha

Anônimo disse...

Vc deve ser leitor da Veja, imprensa direitista, só não sei se é do agrado de evangélicos. Vc acha que quem defende os índios é petista? Pobre coitado. Já que vc continua com essa idiotice de shuaysuyahsy, vou dizer o que eu penso a seu respeito na língua dos Enawenê Nawê (MT): "Inxú Akotê Aurê Iunti". Eu não vou traduzir nesse mural pois pode ser que menores de idade leiam. Mas te garanto que não é nada muito edificante.

Anônimo disse...

Seus problemas psicóticos são piores do que eu pensava. Vc tem dúvidas de que o Mainardi e toda a Veja é de direita? Só se vc acha que aquela revista não é tão de direita quanto vc, aí pode ser, pois mais reacionário e preconceituoso que vossa majestade ainda está por ser parido. Seu argumento idiota é de que nós queremos "trancar os índios em reservas, como ratos de laborátório". O seu cérebro de rato é que deveria ser dodado para um laboratório mas o que nós queremos é apenas impedir que os índios continuem a ser submetidos a um processo violento de aculturação, jogados na miséria e no alcoolismo, virando favelados nas cidades ou peões nas fazendas vizinhas. Ou sendo infernizados por evangélicos malucos. As mudanças culturais são inevitáveis e o contato com a nossa sociedade é inexorável mas a imposição religiosa, a negação da diversidade e a desestruturação sociocultural, isso sim dá para evitar, desde que, por exemplo, elementos como vc sejam mantidos bem longe dos índios.

Anônimo disse...

Ainda nas abobrinhas shuaysyuahsyyha
Diz que aculturação é inevitável, desde que seja feita por ninguém(ou funai, dá na mesma)sghuuahauhsha
Integração preso incomunicável na reserva, pra não se "contaminar" com o mundo real e a educação shauyshahashuayshyaha
Para de falar besteira, cavallinho. A Integração ocorre quando os indígenas são expostos 'a alternativas e á educação, coisa que a funérea funai nunca quis nem apoiou.
A besteira é tão grande que insistem em culpar os missionários por algo que voces sempre fizeram, imposição de um conceito (inclusive, impedindo ou atrapalhando os estudos e a educação dos indios). Se o missionário tivesse todo esse poder de forçar a conversão como voce diz, porque a maioria das aldeias onde os missionarios atuam não é majoritariamente cristã? Esse argumento é simplesmente patético. O que um missionário muitas vezes faz é abrir a possibilidade de uma cosmovisão alternativa e a quebra das amarras do pensamento único e dominante, apoiado pelos antropólogos. Funai não quer indio pensante, quer indio submisso e acomodado com sua condição.

Anônimo disse...

Sua tática é a de repetir a mentira várias vezes até que ela se torne realidade. Vc repete que a FUNAI impede os índios de estudar, quando vários deles fizeram curso superior com bolsas pagas pelo órgão. Mesmo quando o MEC assumiu a responsábilidade direta pela educação indígena, a FUNAI manteve ações de apoio aos estudantes indígenas nas cidades e de capacitação de professores. Mas vc prefere ignorar esse fato, pois ele desmonta sua versão falaciosa. Se vc visitar os Wai Wai ou os Tiryó, do norte do Pará, verá os efeitos nefastos da ação proselitista de missionários ("cosmovisão alternativa",KKKKK), que promovem uma verdadeira lavagem cerebral nos índios. No Mato Grosso do Sul os evangélicos colocam fogo nas tradicionais Casas de Reza dos Guarani, dizendo que são as moradas do demônio. A sorte é que os Guarani têm grande resistência cultural e enganam os evangélicos, fingindo que estão convertidos. E pelo menos lá a FUNAI não está sendo omissa e andou colocando alguns missionários pra correr, a pedido dos líderes tradicionais. Mas como eu já disse no outro mural, estou dando muita importância e perdendo meu tempo com um elemento reacionário e covarde que se esconde no anonimato. Vc deveria deixar de ser evangélico e passar a frequentar um bom terreiro de candomblé, KKKKKKKK. Xô, Capiroto!!!!

Anônimo disse...

shuyahsuhyahayhss
Daqui a pouco vai dizer que os misionários levam cachaça também shuayhsyahay abobrinha em cima de abobrinha.
os famigerados "cursos" que a funai dá são de uma indigência total. No MT, a tal universidade indigena é patética no curiculo, feito pra indio não aprender nada mesmo. E eu vi,(que que cite nomes?) chefe de posto e administraor da funai PROIBIR indios de obterem vaga na escola (entre os Tuparis, em Rondonia (aliás, a morte do cacique Brasilino Tupari até hoje não foi bem explicada)).
Se os Nambikwaras quiserem estudar, adivinha o que a regional da funai diz pra eles? Não dá, não tem dinheiro, etc etc etc... E isso eu ouvi de um nambkwara que saiu por conta própria, faz superior sem ajuda nenhuma da funai, até pelo contrário, foi tentado a desistir te todas as formas.

Para de se enrolar em besteiras cavallinho. Pode enganar quem não sabe nada, quem não conhece aldeia, mas pra cima de moi, não...

Anônimo disse...

eu gostaria sim de saber de nomes. por que não fala?
como chama esse funcionario da Funai?
qual o nome deste nambikwara?

Anônimo disse...

Luízio Oliveira - JORNALISTA

De todas as tribos

O evangelho é o nosso ambiente de convívio entre Deus, irmãos, prática da fé e desfruto da graça de Deus.

Os cristãos “convencionais” que costumamos ver nas nossas comunidades, em nosso ambiente de trabalho, nas escolas e em nosso convívio social testemunham do que desfrutamos e conquistamos vivendo nesse ambiente de fé e amor celestial. Como é bom ouvirmos testemunhos que nos edificam, nos fortalecem a fé e nos levam a reflexão. Hoje podemos ver nos meios de comunicação, radio, TV e outros o que o evangelho tem proporcionado as pessoas que convivem nesse contexto social.

O evangelho de fato é bom é saudável, é a saída para quem procura e a resposta onde o racional não consegue responder.

Quando entendermos que as diferenças culturais nos enriquecem exatamente por sermos diferentes de uma outra cultura, e notarmos o valor cultural nesses contextos, iremos perceber e compreender melhor o amor de Deus para a humanidade, independentemente das diferenças culturais. Deus não é preconceituoso nem se limita a uma só cultura, ele se aproxima de todos os povos através do seu evangelho - o evangelho das boas novas, da fraternidade e da universalidade do amor de Deus.

Será que o que desfrutamos, ouvimos, sentimos e pensamos nesse ambiente de esperança e amor é exclusividade nosso? Será que não existem povos ou comunidades tradicionais que desfrutam do que nós testemunhamos do evangelho em uma outra situação cultural ou social? Tribos indígenas ou tribos urbanas que vivem em um outro contexto sócio cultural? Será que não é chegada a hora de ouvirmos essas pessoas e aprendermos um pouco com elas também? Das suas experiências com Deus, das situações que fogem do nosso contexto social, que para esses povos são situações do dia-a-dia que testificam das maravilhas do evangelho.

O orgulho e o preconceito muitas vezes têm cegado os evangélicos, que por isso não têm enxergado as facetas da multiforme graça de Deus, que transcende todas as diferenças e todas as limitações impostas pela sociedade e que se revela sem a intervenção de conceitos dogmáticos ou religiosos. Essas pessoas que interpretam o mundo de uma outra forma, sem vaidade, sem luxo, sem medo da conjuntura econômica, social ou política, enfim, que vivem em um ambiente de liberdade e peculiaridade, que nós não conhecemos e talvez nunca nem iremos conhecer por ser fora do nosso contexto social.

Essas pessoas são desmistificadas de conceitos religiosos, dogmáticos e preconceituosos e quando são impactadas pelo evangelho sabem viver a verdadeira e agradável liberdade que Deus nos deu. Sofonias 3:9 nos diz: “Então darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam de comum acordo”. Vamos quebrar os paradigmas e encurtar as fronteiras que nos impedem de conviver com as nossas diferenças sócio-culturais.

Eu não me canso de repetir a frase do poeta segundo o qual “Narciso acha feio o que não é espelho”. Que possamos achar bonito não somente aquilo que é espelho, mas também aquilo que não é, respeitando as nossas diferenças sociais, culturais e políticas.

Anônimo disse...

Desmascarado fica o sr. Mércio ao tratar a matéria da "Carta Capital" como séria. Aquilo não é jornalismo, mas um apanhado de acusações estapafúrdias contra um elo mais fraco, que costuma ser vítima de preconceitos imensos: missionários BRASILEIROS que atuam para livrar tribos de um processo de extinção certa. Fica claro em seu post que para o sr. Mércio os índios são mera questão ideológica. Ora, na verdade há diferença grande entre quem efetivamente ajuda na sobrevivência dos índios, inclusive culturalmente, e quem, de gabinetes refrigerados, faz política (com "p" minúsculo) com os cidadãos brasileiros (índios) que deveria defender. Chega a ser ridículo citar a Abin e sua conclusão sensacional... Chega de proselitismo ideológico e falsamente humanista, sr. Mércio! No seu caso, e não dos índios, sublinhe-se, o que falta é aculturação.

Anônimo disse...

será que a FUNAI está mesmo preocupada com o bem-estar do índio? ou será que é bonito ter um órgão que tenta manter viva uma identidade de Brasil diversificada em culturas?? e para isso acusa organizações 'religiosas' (que no estrito significado da palavra não o são. quem entende sabe do que estou falando.) de aculturação? o índio não é bobinho; apenas vê o mundo através da sua perspectiva. e isso já é o bastante para que ele próprio se defenda de 'bombardeios' 'religiosos'. uma coisa é entrarem na aldeia para exploração de recursos e visando o lucro próprio. outra coisa é entrar na aldeia levando uma mensagem que cabe ao índio (não como povo, mas como indivíduo) aceitar ou não. é o governo que precisa defender a questão de exploração de recursos visando lucro. mas deixem com o próprio índio a decisão de aceitar ou rejeitar o contato com outros povos com quem a FUNAI insiste em barrar.

Diana disse...

Boa noite,

Gostari apenas de perguntar ao autor da reportagem como podemos defender o isolamento dos índios se estamos cada vez mais avançando para dentro da floresta? E quem serão os beneficiados com a usina de Belo Monte se não educarmos os índios para coompetirem em pé de igualdade com os "brancos"?

Anônimo disse...

RELIGIÃO É FRAUDE, NÃO ADIANTA ELES CHEGAREM COM ESSA FILOSOFIA DE QUE NÃO PREGAM RELIGIÃO, ELES NÃO SE CANSAM EM ENROLAR AS PESSOAS COM ESSAS BOBAGENS DO EVANGELHO, OS AMERICANOS COMO SEMPRE EXPLORANDO, DESTRUINDO OS POVOS INDÍGENAS, ASSIM COMO FIZERAM NA AMÉRICA, QUEREM FAZER NA AMAZÔNIA, AGORA COM UM JEITINHO MAIS ADEQUADO, LÓGICO QUE POR TRÁS DA "MÃO AMIGA" QUEREM DAR ESPAÇO PARA MAIS AMERICANOS SE APOSSARAM NA REGIÃO E EXPLORAR OS RECURSOS NATURAIS , JÁ QUE DIZEM QUE A FLORESTA AMAZÔNICA NÃO É SÓ DO BRASIL. TRISTE REALIDADE, ISTO SÓ TENDE A VIM MAIS PROBLEMAS, ESTOU AGUARDANDO MAIS NOTÍCIAS SOBRE ESSA ORGANIZAÇÃO MENTIROSA .

 
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