segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Marina Silva se filia ao PV para ser candidata a presidente do Brasil


A ex-ministra Marina Silva vem que vem! Desfiliou-se do PT após quase 30 anos de militância e botou seu time em campo para se candidatar a presidente do Brasil. Marina tem demonstrado uma coragem e determinação ímpares com vista posta no futuro. Não quer saber de nhem-nhem-nhem, jogadinhas políticas, comprometimentos em nome de partidos. Aposta para cima e para a frente.

A senadora Marina Silva fez por merecer o respeito de todos os brasileiros pela sua postura política demonstrada recentemente. Ontem, em São Paulo, filiou-se ao PV, partido que surgiu em 1980 e que vinha procurando uma razão de ser, além de sua bandeira desfraldada de defesa do meio ambiente. Porém, como muitos críticos vêm falando, o PV tem funcionado em muitos estados como quinta-coluna de outros partidos, especialmente do PSDB, mas até do DEM, como no caso do Rio de Janeiro. A entrada de Marina Silva agora exige uma nova postura desse partido. Ou ele se apruma com um nível de dignidade e coerência, ou a Marina entrou no lugar errado e vai logo se incompatibilizar.

Meu depoimento sobre Marina Silva é dos mais afetuosos e respeitosos possíveis. Quando presidente da Funai estive muitas vezes com ela. A primeira vez foi no Parque da Cidade, em Brasília, em outubro de 2003, quando o IBAMA estava fazendo uma doação de madeira apreendida que tinha saído de área indígena para ser leiloada em benefício dos índios. (O leilão demorou, demorou, nem sei se saiu...) Estava com minha mulher e meu filho mais novo, então com 3 anos de idade. Quando apresentei minha família a Marina, meu filho, como se fosse um cavalheiro, beijou-lhe a mão. Achamos que tenha sido pela aura de calor humano que exala de Marina Silva. O certo é que foi comovente e meio engraçado também. Nas outras tantas vezes que vi e conversei com Marina sobre algum assunto relacionado com povos indígenas ela sempre foi muito cortês e respeitosa comigo, sempre querendo ajudar os interesses indígenas, mesmo sabendo que eu tinha divergências com sua equipe a respeito de terras indígenas que estavam sendo objeto de desejo do IBAMA. Por exemplo, nos casos do Parque da Neblina, no Parque do Monte Pascoal e na Ilha do Bananal, onde terras indígenas são sobrepostas por terras reservadas a parques. Sempre achei que elas deveriam ser regidas pela Funai pela simples razão de que, sendo consideradas indígenas, as invasões são muito menos frequentes. O IBAMA não acha isso, e, em alguns casos, a AGU tampouco. Marina participou da abertura da grande Conferência Nacional dos Povos Indígenas e deu muito apoio para que ela fosse o sucesso que foi, de fato.

Desejo boa sorte à senadora Marina Silva. Sua bandeira é poderosa, sua postura é irrepreensível, sua determinação é inquebrantável. VIVA MARINA

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Marina põe ambiente à frente da crise e contesta discurso do PAC


Agora no PV, com sonho da Presidência, ela diz que não queria mais convencer PT do que o mundo inteiro já sabe

Roldão Arruda para O Estado de São Paulo






A senadora e ex-ministra Marina Silva (AC) filiou-se ontem ao Partido Verde. Foi o primeiro passo para o lançamento de sua candidatura à Presidência, prevista para o início do ano que vem. Em seu discurso e na entrevista coletiva, após assinar a ficha de filiação, ela não atacou diretamente o PT - partido do qual fez parte por quase 30 anos, até anunciar a sua desfiliação, dez dias atrás - nem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Destacou, porém, as divergências políticas que a levaram a se afastar tanto do governo quanto do petismo. Marina disse que, enquanto esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, teve divergências e discussões sérias com a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e virtual candidata petista à Presidência, quanto aos rumos e às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - a menina dos olhos do governo. Em vários momentos não conseguiram chegar a um acordo, cabendo a Lula a palavra de desempate. Mais tarde, já afastada do governo, ela não viu com bons olhos a forma como Lula resolveu atacar os efeitos da crise econômica mundial, estimulando a indústria automobilística sem exigir contrapartidas. Citou nesse momento o presidente americano Barack Obama, que pediu retribuições. Para Marina, o combate à crise não poderia ter sido definido sem levar em conta a questão de sustentabilidade ambiental. "Existem hoje duas crises, uma é a econômica e a outra, uma crise ambiental sem precedentes. A segunda é mais grave. Se não resolvermos a crise ambiental, qualquer saída para a crise será uma falsa saída. Chegamos à era dos limites", afirmou. Por fim, Marina lastimou o fato de o PT ter posto em segundo plano a bandeira ecológica, do desenvolvimento sustentável. Contou que vários companheiros tentaram demovê-la da decisão de deixar o partido. "Muitas pessoas me perguntavam: ?Por que não permanece, para o debate interno?? Aí eu vi que meu trabalho não era de convencimento, mas de atuar ao lado de quem está convencido daquilo que o mundo inteiro também já está convencido", relatou. A senadora procurou cuidadosamente evitar que a cerimônia de filiação fosse confundida com um lançamento de sua candidatura. O vice-presidente do PV, o vereador carioca e ex-guerrilheiro Alfredo Sirkis, chegou a criticar Lula, que teria antecipado o debate eleitoral em um ano, com a apresentação do nome de Dilma como virtual sucessora. "Ele precipitou a discussão. Isso foi extremamente prejudicial para o País." Apesar desses cuidados, o encontro de ontem, num bufê localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, tinha o cenário e a animação de campanha eleitoral. Não faltou o grito de guerra "Marina, urgente! Marina, presidente!" nem a presença de atores globais, simpatizantes do PV e de Marina. Vitor Fasano estava na primeira fila da plateia. Cristiane Torloni ficou um pouco mais atrás. ALIANÇAS De acordo com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, o partido já articula alianças partidárias para as próximas eleições. Ele chegou a calcular em cinco minutos o prazo que a ex-ministra poderá ter no horário gratuito da TV, após a conclusão dessas articulações. O partido está desenhando, segundo o deputado Zequinha Sarney (MA), líder do PV na Câmara, o roteiro de uma série de viagens que Marina fará por todo o Brasil a partir dos próximos dias. O programa do PV será rediscutido. A proposta deverá ficar pronta no início de 2010. Paralelamente, começam a ser discutidas as candidaturas nos Estados. Marina deixou claro ontem que gostaria que o deputado Fernando Gabeira (RJ) concorresse a governador. O presidente do partido, porém, acha que seria preferível e mais seguro lançá-lo ao Senado. No Rio, o titular do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT), disse que Marina "vai qualificar o debate ambiental e exigir que todos os candidatos aprofundem a temática do desenvolvimento sustentável". Fez questão, porém, de elogiar a candidata de Lula: "Dilma foi fundamental para garantir o Fundo Amazônia."

Um comentário:

Edson disse...

Espero que ela seja candidata ao governo de São Paulo.

Seria muito interessante ela propor a recuperação das margens dos rios e da reserva legal ora "desmarcada" no Estado de São Paulo.

 
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