TRF determina retomada de estudos para identificação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul
Cleide Carvalho, Wagner Gomes, O GloboSÃO PAULO - O Tribunal Regional Federal cassou a tutela antecipada que suspendia os estudos no Mato Grosso do Sul para identificação e demarcação de terras indígenas. Os estudos, que estão sendo realizados a pedido da Fundação Nacional do Índio, tinham sido suspensos por decisão do desembargador federal Luiz Stefanini, que havia aceitado recurso da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul (Famasul).
Com a nova decisão, os estudos podem voltar a ser feitos. A decisão foi do juiz federal convocado Ricardo China, novo relator do processo, e foi seguida pelos desembargador federal Johonsom di Salvo e pelo juiz convocado Márcio Mesquita. O desembargador Stefanini está agora na 5ª Turma.
- A Funai e o Ministério Público Federal vivem sendo acusados de não levar adiante os processos em favor dos índios. Quando há uma vontade firme de avançar na demarcação das terras vem o Judiciário e suspende os estudos. A decisão foi tomada por um único desembargador, que não consultou o Ministério Público Federal - disse o procurador Paulo Thadeu Gomes da Silva.
Segundo ele, por lei, o MPF tem a obrigação de ser ouvido, já que é o representante legal dos índios. De acordo com Thadeu, os estudos para demarcação das terras estão parados há dois anos por conta dessa briga jurídica entre a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul e a Funai.
- Agora, com essa nova decisão, que libera os estudos, esperamos que a demarcação seja feita o quanto antes. Os índios têm um processo histórico de expulsão no Mato Grosso do Sul e estão confinados na beira de estradas. Em desvantagem, eles não conseguem se reproduzir - afirmou o procurador, acrescentando que os índios se sentiram traídos pelos fazendeiros, que entraram com a ação ao mesmo tempo que negociavam uma saída para a divisão das terras.
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